O Boticário – maior rede de cosméticos do mundo – acaba de apresentar, em um evento em Nova York, as primeiras fragrâncias do mundo desenvolvidas com a ajuda da Inteligência Artificial. Em duas versões, a novidade começa a ser comercializada nos canais da marca em meados de 2019 e foi criada junto com dois gigantes globais – a Symrise, uma das mais renomadas casas de fragrância do mundo, e a IBM Research. Especialista em perfumaria, O Boticário adicionou à sua alquimia a mais avançada tecnologia para essa nova criação. Pela primeira vez na história, uma fragrância combina emoção e automatização – o nariz do homem e o cérebro do sistema.
“Queríamos criar um produto direcionado para quem quer aproveitar a vida ao máximo. Algo bem característico da geração Millennial – que gosta de se jogar, sem medo de errar, e quer ser livre para fazer suas escolhas – das mais previsíveis às mais inusitadas. E que tivesse tudo a ver com o gosto do consumidor brasileiro, que fosse a melhor combinação para quem é curioso e adora viver novas experiências”, explica o gerente de Perfumaria do Boticário, Jean Bueno.
Esses insumos foram dados à Symrise que, dessa vez, usou a Phylira – a solução de Inteligência Artificial desenvolvida pela IBM Research que usa novos e avançados algoritmos de aprendizado automático para examinar milhões de fórmulas e milhares de ingredientes de forma a identificar padrões e novas combinações. O resultado foi duas combinações inusitadas de fragrâncias – com um pouco de cheiro de frutas, flores, doces, especiarias, madeiras e até pepino.
“O que parecia uma combinação totalmente improvável resultou em fragrâncias que surpreenderam até mesmo a nossa equipe e que só precisaram do nosso toque final no Boticário para ficarem totalmente prontas. É a alquimia perfeita entre homem e máquina, traduzida em perfumaria”, lembra Jean. Com as essências em mãos, o time de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Boticário refinou a combinação e chegou às duas primeiras fragrâncias no mundo criadas com a ajuda da Inteligência Artificial.
“O conhecimento sobre as preferências do consumidor e a sensibilidade dos perfumistas foram essenciais para a assertividade de Philyra e isso nos abre um novo caminho para a inovação na perfumaria. A inteligência artificial certamente vai otimizar muito o nosso tempo de desenvolvimento – que inclui centenas de submissões em um intervalo de até três anos – e permitir que o time de Marketing e de Pesquisa e Desenvolvimento na indústria se dediquem muito mais às combinações finais, concluindo a fragrância que chegará para o consumidor”, afirma o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Boticário, Tiago Martinello. “Acreditamos na tecnologia que ajuda a trazer a melhor entrega para nossos consumidores e temos certeza de que essa novidade irá agradar até mesmo os mais ávidos por inovação. É a combinação perfeita entre algoritmos e sensorialidade”, conclui.
Nome, embalagem e outras características das fragrâncias serão reveladas em meados de 2019, mas já foram testadas e aprovadas por especialistas no segmento. “Um assistente de inteligência artificial não consegue cheirar uma fragrância. Mas, ao contrário de um humano, consegue aprender rapidamente o desempenho de milhões de fórmulas e criar fórmulas de fragrâncias únicas, alinhadas às preferências das pessoas. O perfumista é quem vai cheirar essas fórmulas e, se necessário, fazer seus ajustes para criar uma nova e linda fragrância,” diz Richard Goodwin, Principal Research Scientist da IBM.
Segundo o presidente da Symrise Scent & Care, Achim Daub, desenvolver fragrâncias vencedoras por meio da arte e da ciência é uma paixão que move a empresa a mais de 200 anos. “Agora, nossos perfumistas podem trabalhar com um aprendiz de Inteligência Artificial que pode analisar milhares de fórmulas e dados históricos para identificar padrões e gerar novas combinações, ajudando a ultrapassar os limites da perfumaria e acelerar este processo de desenvolvimento com fórmulas jamais vistas”, comemora.
“A perfumaria é uma arte antiga. Ela se move lentamente através da história e pode parecer inalterada por séculos. Mas há momentos de significado histórico que são inegáveis. A última grande explosão de inovação começou no final do século 19 com a introdução de matérias-primas sintéticas de fragrâncias na paleta do perfumista”, lembra o perfumista da Symrise, David Apel. “Essa revolução ainda é a força motriz por trás da maioria dos grandes perfumes de hoje. A Inteligência Artificial é a próxima fronteira de inovação e descoberta da perfumaria. Observar isso e ajudar a direcioná-la é um privilégio e o marco mais significativo da minha carreira”.