Professora do Curso de Nutrição da Faseh aponta a importância das nossas escolhas alimentares
 

Em 31 de março, celebramos o Dia Mundial da Saúde e da Nutrição. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a sociedade sobre a importância de uma alimentação adequada. É uma oportunidade para irmos além do prato, discutirmos nossas práticas nutricionais e refletimos sobre a relação entre saúde e nutrição.
 

Mas afinal, o que é uma alimentação saudávelAna Luiza Pellegrinelli, professora de Nutrição da Faseh – Faculdade da Saúde e Ecologia Humana explica que “muito mais que ter frutas, verduras e legumes frescos, coloridos e variados em nossas refeições, o conceito está vinculado também à cultura alimentar – nossos costumes, tradições e hábitos e ao bem-estar social – promovendo uma experiência positiva e socialmente enriquecedora”.
 

De acordo com a nutricionista, é necessário considerar também “aspectos financeiros de acessibilidade e disponibilidade do alimento, já que nem todos os brasileiros têm fácil acesso a produtos nutritivos. Por isso, políticas públicas devem garantir que a população possa fazer escolhas saudáveis, independentemente de sua condição econômica. E ainda a condição higiênico-sanitária adequada – a higiene na manipulação dos alimentos e como eles são preparados e armazenados”.
 

Alimentos Ultraprocessados

De acordo com dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs) realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2008 e 2018, os ultraprocessados representaram 19,7% das calorias consumidas no país. Além disso, foram quase 1/3 da dieta dos adolescentes brasileiros, conforme apontou estudo feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2022.
 

Como o próprio nome indica, os ultraprocessados são produtos criados pela indústria e que possuem em sua composição conservantes, aromatizantes entre outras substâncias. Segundo Ana Luiza Pellegrinelli, “tais aditivos tornam esses alimentos pouco saudáveis. Por isso, o consumo em excesso desses itens pode, a longo prazo, desencadear ou facilitar vários processos de adoecimento e problemas como obesidade, risco metabólico, doenças cardiovasculares, perda cognitiva e até alguns tipos de tumores”.
 

A nova cesta básica

O Governo Federal publicou, no dia 6 de março, um decreto que criou a “nova cesta básica”, para orientar políticas públicas para garantir o direito à alimentação. De acordo com a nova regra, a cesta básica deve ser composta apenas por alimentos in natura ou minimamente processados, além de ingredientes culinários. O objetivo da mudança é tornar a cesta básica mais saudável e mais próxima das orientações contidas no Guia Alimentar para a População Brasileira.
 

“A nova cesta básica é composta por feijões (leguminosas), cereais, raízes e tubérculos, legumes e verduras, frutas, castanhas e nozes (oleaginosas), carnes e ovos, leites e queijos, açúcares, sal, óleo e gorduras, café, chá, mate e especiarias”, destaca a docente.
 

O Guia Alimentar para a População Brasileira

Criado pelo Ministério da Saúde, o Guia Alimentar para a População Brasileira é um documento oficial com princípios e recomendações para uma alimentação saudável. “É um manual para que toda a sociedade tenha acesso a orientação nutricional adequada de forma simples, rápida e prática”, enfatiza Ana Luiza.
 

“O Guia possui duas edições. A de 2006 estabelece os grupos alimentares e explica a alimentação adequada a partir da Pirâmide dos Alimentos. Já a segunda edição, de 2014, trata a alimentação de forma mais ampla, não apenas considerando nutrientes e grupos alimentares. Além disso, cria as definições de alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados e estabelece o vínculo da alimentação e da comensalidade – o ato de comer como parte da vida social”, ressalta a nutricionista.