Neste sábado, 30 de março, às 18h, na Sala Minas Gerais, os atores Léo Quintão, Juliana Martins e Arildo de Barros, a figurinista Camila Morena da Luz, sob direção de cena de Chico Pelúcio, se juntam à Filarmônica de Minas Gerais, com regência do maestro Fabio Mechetti, para mostrar Música e Teatro lado a lado, em mais uma concerto da série Fora de Série. Integram o repertório Tamos, Rei do Egito, K. 345/336a, de Mozart; Sonho de uma noite de verão, op. 61: Suíte, de Mendelssohn; Peer Gynt: Suíte nº 1, op. 46, de Grieg; e a mais famosa tragédia shakespeariana Romeu e Julieta: Abertura-Fantasia, de Tchaikovsky.

Em 2019, a série Fora de Série, com nove concertos ao longo do ano, irá explorar a conexão da música com outras manifestações humanas, como dança, teatro, cinema, fauna e flora, guerra e paz, mitologia, pintura, religiosidade e a literatura.

Este concerto é apresentado pelo Ministério da Cidadania e Governo de Minas Gerais e conta com o Patrocínio da Aliança Energia e do Banco Votorantim por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O Teatro Universitário apoia a realização deste concerto.

Repertório

“Música e Teatro”

Wolfgang Amadeus Mozart (Áustria, 1756 – 1791): Tamos, Rei do Egito, K. 345/336a

Felix Mendelssohn (Alemanha, 1809 – 1847): Sonho de uma noite de verão, op. 61: Suíte

Edvard Grieg (Noruega, 1843 – 1907): Peer Gynt: Suíte nº 1, op. 46

Piotr Ilitch Tchaikovsky (Rússia 1840 – 1893): Romeu e Julieta: Abertura-Fantasia

Ao contrário de sua intensa e constante dedicação à ópera, Mozart escreveu apenas uma música para teatro: Tamos, Rei do Egito. Os coros e números instrumentais para o drama de Tobias von Gebler, compostos no final de 1773, foram retrabalhados em 1779 por ocasião da reapresentação em Salzburgo. O exame comparativo das duas versões permite avaliar o imenso progresso realizado entre elas. Ciente da superioridade de sua música sobre o texto, Mozart procurou libertá-la da tendência estritamente programática. Assim, à parte os três magníficos coros, os quatro números puramente instrumentais soam, em sequência, como movimentos de uma pequena sinfonia.

Em julho de 1826, a compositora Fanny Mendelssohn recebeu uma carta em que seu irmão, o jovem Felix Mendelssohn, contava que em breve começaria a “sonhar o Sonho de uma noite de verão”. Sua primeira performance ocorreu em casa, num dueto para piano com a irmã. Com 17 anos à época, Mendelssohn preparou a orquestração da Abertura para sua primeira execução pública, já em fevereiro do ano seguinte. No entanto, o restante da obra só foi composto em 1843. Sonho de uma noite de verão, harmoniosamente construído a partir da peça homônima escrita por William Shakespeare em 1595 e 1596, revela seu próprio ideal da composição romântica. Os acordes foram descritos por Liszt como “pálpebras que se inclinam levemente e levantam, entre as quais a imagem que se apresenta é a do encantador mundo dos sonhos”.

Sem dúvida, o trabalho mais conhecido do norueguês Edvard Grieg é Peer Gynt. O convite para escrever a música incidental para a peça homônima veio em janeiro de 1874, pelo próprio autor da obra, o dramaturgo Henrik Ibsen, com quem Grieg já havia colaborado. Mesmo lisonjeado pelo convite, Grieg tinha muitas reservas com o processo devido à dificuldade de transformar em partitura “o mais não-musical dos assuntos”. A composição ocupou mais tempo do que o esperado, e sua primeira execução pública só ocorreu em 24 de fevereiro de 1876, com encenação e música. Grieg era defensor de uma arte nacional norueguesa, e tentava combater a influência alemã na cultura nórdica. A fundação da Academia Norueguesa de Música foi uma de suas ações nesse sentido. O enorme sucesso obtido na composição de Peer Gynt também reforça a missão: a história mistura tragédia grega e contos de fadas com o folclore norueguês, trazendo para os olhos e ouvidos do espectador o imaginário fantástico dos trolls, estranhas criaturas da montanha.

Entre os muitos textos literários que lhe serviram de inspiração, Tchaikovsky se comovia particularmente com a estória de Romeu e Julieta, a obra mais popular de Shakespeare. Para escrevê-la, em versos de um lirismo inigualável, o grande escritor seguiu fielmente o enredo de uma peça de Artur Brooke, publicada em 1562. Mas enquanto a versão moralista desse autor atribui o trágico desenlace da história ao fato dos jovens amantes desobedecerem à vontade de seus pais, Shakespeare desloca o foco narrativo para o ódio entre as famílias rivais, transformando os namorados em vítimas de um destino cruel. Já nas palavras do Prólogo, com a afirmativa de que as estrelas fizeram nascer “um par de amantes desditosos”, o Destino torna-se protagonista da tragédia. Em sua Abertura-Fantasia, Tchaikovsky não se propõe a ilustrar ou seguir a narrativa de toda a peça de Shakespeare. Preferiu evocar a tragédia, fundamentando sua composição em três temas que retratam: o frade Lourenço; a guerra entre os Montéquio e os Capuleto; e o amor dos jovens amantes. O uso desses três temas permite uma ampliação da forma sonata, com uma prodigiosa riqueza de ideias.