Com regência do maestro Fabio Mechetti, concerto conta com a participação da mezzo-soprano Denise de Freitas, do coro feminino do Concentus Musicum de Belo Horizonte, com regência de Iara Fricke Matte, e do coro infantil do Infantus, com regência de Ilcenara Klem

“Uma sinfonia deve ser como o mundo; precisa conter tudo.” Assim, Mahler expressou sua filosofia como sinfonista e realizou esse pensamento ao criar a Terceira. Na mais longa sinfonia, o compositor expressa em detalhes sua percepção sobre o mundo e o ser humano. E é com a Terceira Sinfonia de Mahler, um dos mais belos adágios da história da música, que a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais encerra sua Temporada 2018, nos dias 13 e 14 de dezembro, às 20h30. Com regência do maestro Fabio Mechetti, a Orquestra se apresenta junto à mezzo-soprano Denise de Freitas, ao coro feminino do Concentus Musicum de Belo Horizonte, com regência de Iara Fricke Matte, e com o coro infantil Infantus, que tem regência de Ilcenara Klem.

Na série de palestras sobre obras, compositores e solistas, promovidas pela Filarmônica antes das apresentações, entre 19h30 e 20h, o público poderá assistir aos comentários do percussionista da Filarmônica de Minas Gerais e curador dos Concertos Comentados, Werner Silveira. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.

Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais e contam com o patrocínio da Cemig por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Repertório

Sobre o Terceira Sinfonia de Mahler

Gustav Mahler (Boêmia, atual República Tcheca, 1860 – Viena, Áustria, 1911) e a Terceira Sinfonia (1893/1896)

As sinfonias de Mahler, de cunho fortemente autobiográfico, não falam apenas de seu criador. Elas representam, sobretudo, o mergulho em um terreno de comunhão, acima das idiossincrasias do compositor, e nos trazem à memória nossas próprias angústias, aflições, mas também nossas alegrias e deslumbramentos diante da Vida e da Natureza. Na Terceira Sinfonia, de modo particular, Mahler transcende as vicissitudes do destino humano e busca além. Parece mesmo, qual Prometeu, desafiador, perscrutar os mistérios da Criação. Seu primeiro movimento refere-se às forças telúricas e é atipicamente longo, tanto que sua dimensão fez com que o compositor dividisse a sinfonia em duas grandes partes, ficando a segunda para os cinco movimentos restantes, baseados em uma sucessão de indagações: o que me dizem as flores do campo; o que me dizem os animais da floresta; o que me dizem os homens; o que me dizem os anjos; e o que me diz o amor. Para o encerramento, Mahler nos reserva uma meditação à altura do movimento lento da Nona Sinfonia de Beethoven. Serenidade, ascese mais que meditação, esse é o momento que parece dar sentido e resumir a longa busca desta Terceira Sinfonia – através dos mistérios da Criação, saciar sua sede de Eternidade.

Maestro Fabio Mechetti

Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argentina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane, da qual hoje é seu Regente Emérito. Regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inúmeras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.

Denise de Freitas, mezzo-soprano

Ganhadora do Prêmio APCA 2017, Denise de Freitas possui uma das mais importantes e sólidas carreiras líricas do Brasil na atualidade. Além de extenso repertório sinfônico, Denise tem grandes personagens para a voz de mezzo-soprano, destacando-se Carmem, Dalila de Sansão e Dalila, Laura de La Gioconda, Fenena de Nabucco, O Compositor em Ariadne auf Naxos, Fricka de A Valquíria e Siebel em Faust. Em 2017 interpretou grandes obras. Com a Filarmônica de Minas Gerais, cantou Il Tramonto de Respighi e El amor brujo de Falla, sob regência de Fabio Mechetti. Interpretou Carmem com a Filarmônica de Goiás e Neil Thomson. Na Sala São Paulo cantou a Nona de Beethoven com Marin Alsop, Herodíades em Salomé com Thomas Dausgaard e Sheherazade de Ravel com Markus Stenz. Em Berlim, Paris e Lisboa cantou Yerma de Villa-Lobos. Apresentou o Stabat Mater de Dvorák com Helmut Hilling em turnê europeia. Na Ópera de Bogotá, esteve em As bodas de Fígaro, Os Contos de Hoffmann e O barbeiro de Sevilha. Ao longo de sua carreira, recebeu três vezes o Prêmio Carlos Gomes, além dos prêmios Bidu Sayão, Talentos da Rádio MEC e o Concurso de Interpretação da Canção Brasileira. Com o CD Lembrança de Amor foi premiada pela APCA.

Concentus Musicum de Belo Horizonte, coral feminino

O Concentus Musicum de Belo Horizonte é um grupo misto, com formação vocal e instrumental variável, dedicado à interpretação e difusão de obras dos períodos Barroco, Clássico e Renascentista, bem como de um seleto repertório contemporâneo. Foi idealizado pela maestrina Iara Fricke Matte e fez sua estreia em dezembro de 2016, junto à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, com quem mantém uma frutífera parceria. Entre seus projetos futuros, incluem-se a montagem de obras vocais e orquestrais de J. S. Bach, de seu contemporâneo Jan Dismas Zelenka e de compositores brasileiros coloniais, além de obras instrumentais do século XVIII e início do século XIX.

Iara Fricke Matte, regente do coral

Regente coral e orquestral, Iara Fricke Matte vem se dedicando intensamente ao estudo e à apresentação de obras dos períodos Barroco, Renascentista e Contemporâneo, com ênfase na performance historicamente embasada. Seu repertório é formado de peças corais a cappela, sinfônico-corais e sinfônicas, destacando sua grande afinidade com o repertório de J. S. Bach. Iara é Doutora e Mestre em Regência Coral pela Universidade de Indiana e pela Universidade de Minnesota (EUA), onde se especializou em Música Antiga e História da Música. Professora de regência da Escola de Música da UFMG, foi regente titular e diretora artística do coral Ars Nova, da mesma universidade, com o qual conquistou o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento e o terceiro lugar na competição coro misto do 34º Festival de Música de Cantonigròs (Espanha). Em 2016, formou o grupo coral e orquestral Concentus Musicum de Belo Horizonte.

Infantus, coral infantil

O Coral Infantus de Pedro Leopoldo é um grupo formado por 24 cantores com idade entre nove e quatorze anos. Seu propósito é desenvolver o repertório sacro, erudito e popular para coros infantojuvenis. O Infantus foi idealizado pela maestrina Ilcenara Klem e vem participando ativamente da vida cultural da sua cidade, em concertos e festivais.

Ilcenara Klem, regente do coral

Ilcenara Klem é bacharel em Regência pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Educação Musical pela mesma universidade. Possui o curso técnico de piano pelo Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandes de Montes Claros. Trabalhou como regente dos corais do Centro de Musicalização Infantil da UFMG e dos coros infantil e juvenil do Palácio das Artes, onde participou da produção da ópera Tosca de Giacomo Puccini, do oratório O Messias de Georg Friedrich Haendel e da cantata Carmina Burana de Carl Orff. Regeu também o grupo Meninos Cantores Amadeus e o coral do Jubileu do Sistema de Ensino Arquidiocesano, em Belo Horizonte, entre outros. Ilcenara atuou como professora do Curso de Especialização em Regência da UFMG por dois anos, na disciplina Coral Infantil. Atualmente, é regente do Coral Anos Dourados da Terceira Idade, do Coral Infantus e do Coro Feminino Fraterna, todos em Pedro Leopoldo.

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fez seu primeiro concerto em 2008, há dez anos. Diante de seu compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal, a Filarmônica chega a 2018 como um dos mais bem-sucedidos programas continuados no campo da música erudita, tanto em Minas Gerais como no Brasil. Reconhecida com prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, a nossa Orquestra, como é carinhosamente chamada pelo público, inicia sua segunda década com a mesma capacidade inaugural de sonhar, de projetar e executar programas valiosos para a comunidade e sua conexão com o mundo.