Para alegrar a semana do Dia das Crianças, o Centro Cultural Banco do Brasil (Belo Horizonte) preparou uma programação especial com uma série de atividades gratuitas para pais e filhos. Serão oferecidos algodão doce, pipoca, oficinas para as crianças e painel para desenho. Na sexta-feira, dia 12 de outubro, haverá ainda duas sessões gratuitas, às 16 e 19 horas, do espetáculo “Contos Partidos de Amor”, musical infantojuvenil inspirado na obra de Machado de Assis. Os ingressos (sujeito a lotação do teatro) deverão ser retirados presencialmente na bilheteria do CCBB, uma hora antes da peça.

Com direção de Duda Maia, dramaturgia de Eduardo Rios e trilha sonora original de Ricco Viana, o musical aborda os temas de amor e ciúme de forma poética e bem-humorada, com uma linguagem cheia de metáforas e ricas construções machadianas. O intuito é criar um jogo de cena que se aproxime de afetos presentes tanto no dia a dia das crianças como no dos adultos.

“Nos apropriamos de alguns termos e contos de Machado de Assis, mas nos sentimos totalmente livres para modificar a história e contá-la do nosso jeito e voltada para os dias de hoje. É uma temática densa, mas tratada de uma maneira brincada e leve. A Duda usa como ponto de partida a corporeidade do ator sem se preocupar em criar figuras e personagens. Isso deixa a gente muito à vontade para construir uma linguagem escrita que também se baseia em perguntas e respostas e, principalmente, na brincadeira entre as palavras. Trabalhamos com um texto simples, mas com muita dinamicidade”, explica Eduardo.

Para a diretora Duda Maia, tratar de temas que façam parte do dia a dia das pessoas é uma forma de fazer com que o público se reconheça e o espetáculo não acabe na cadeira do teatro. “Na maioria das vezes o ciúme não traz boas lembranças, portanto explorá-lo num contexto mais lúdico me pareceu um bom caminho para levantar discussões necessárias”, acrescenta.

Sobre trabalhar com o público infantil, Duda afirma: “quando uma peça captura a criança, ela se entrega inteiramente e, consequentemente, os atores se jogam mais. Ver essa troca é maravilhoso. É bom ouvir os comentários das crianças e entender quando elas se distanciam. Eu percebo muito o ritmo do espetáculo pelo olhar delas, que me ensinam diariamente a dirigir. Junto com meu sócio e diretor de produção do espetáculo, Bruno Mariozz, tenho muitos projetos em mente destinados aos pequenos”.

“Contos partidos de amor” fica em cartaz até 29 de outubro com sessões às segundas e sextas-feiras, às 19 horas e aos sábados e domingos, às 16 e 19 horas. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e estão à venda no site: www.eventim.com.br. Mais informações: www.bb.com.br/cultura.

Concepção

A ideia de montar um espetáculo infantojuvenil baseado na obra machadiana surgiu como uma continuidade à trilogia “Três histórias de amor para crianças”, iniciada em 2016, com a premiada montagem de “A Gaiola”, adaptação do livro homônimo de Adriana Falcão. “Queria levar adiante a discussão sobre a questão do afeto. Comecei a pesquisar e esbarrei na livraria com “Contos de amor e ciúme”. Gostei do título e só depois vi que eram contos de Machado de Assis. Fiquei muito entusiasmada e achei interessante criar uma peça para crianças sobre a temática, a partir do universo do escritor.

Machado de Assis era um meticuloso observador dos sentimentos humanos. Apesar de terem sido escritos no século XIX, os temas abordados na peça são atemporais. A dramaturgia de Eduardo Rios (autor da adaptação de “A Gaiola”) foi construída tendo como principais inspirações o poema “Círculo Vicioso” e os contos “A história de uma fita azul” e “To be or not be”. Este último faz parte da coletânea “Contos de amor e ciúme” (Editora Rocco, organização de Gustavo Bernardo). “Preferi trabalhar com uma narrativa fragmentada, contar duas histórias, separadamente, e ligá-las com pequenas cenas e músicas, fazendo com que a continuidade seja o corpo e a música. Não é algo comum no teatro infantil, mas acredito que a criança tem capacidade de alinhavar e criatividade suficiente para fazer suas próprias costuras”, revela.

Elenco

O elenco é formado por quatro atores, cantores e músicos: Diego de Abreu, Isadora Medella, Luciana Balby e Tiago Herz. Durante o processo de criação da montagem, os atores participaram levando colaborações para as histórias de amor e ciúme que compõem a peça.

Trilha sonora

Assinada por Ricco Viana, a trilha sonora original permeia todo o espetáculo, ora com trilha instrumental, ora com músicas cantadas e tocadas ao vivo pelos próprios atores. Entre as canções, uma inspirada no poema “O Verme”, no qual Machado de Assis descreve o ciúme como “um verme asqueroso e feio”, publicado em 1870, no livro de poesias “Falenas”.

Figurino

Criado por Kika Lopes (responsável pelos figurinos de “AUÊ”, musical premiado e dirigido também por Duda Maia), o figurino apresenta peças inspiradas na roupa íntima do século XIX, mas confeccionadas com tecidos modernos, como a malha, permitindo uma movimentação mais fluída do elenco durante o espetáculo.

Cenário

O cenário-instalação do ator e escultor Diogo Monteiro evoca, ao mesmo tempo a leveza do amor e a sensação retorcida e amassada do ciúme, trazendo para a cena um clima onírico. A instalação é formada por cerca de 16 balões infláveis revestidos de tule e com fuxicos em tons de vermelho e vinho aplicados por cima.

Sobre a diretora

Duda Maia é formada pela Escola de Dança Angel Vianna, onde lecionou dança contemporânea por 13 anos. Foi professora de corpo do Curso Profissionalizante de Atores da CAL (1998-2008). De 1996 a 2006, foi diretora e coreógrafa da Trupe do Passo. Trabalhou como diretora de movimento com os diretores: André Paes Leme, João Falcão, Daniel Herz, Karen Acioly, Mauro Mendonça Filho, Aderbal Freire-Filho, Dudu Sandroni, Bruno Garcia, Michel Bercovitch, Fábio Ferreira, Guel Arraes, Miguel Vellinho, Marcelo Morato, João das Neves, Paulo José, Vera Fajardo, Paulo de Moraes e Ivan Sugahara.

Entre 2012 e 2014, recebeu o prêmio Zilka Sallaberry de Melhor Direção, ao lado de Lucio Mauro Filho, com o infantil “Uma peça como eu gosto”. Dirigiu “Clementina, cadê você?”, musical inspirado na vida de Clementina de Jesus; e “A dona da história”, de João Falcão. Fez a direção de movimento de “Fala comigo como a chuva e me deixa ouvir” e “Beija-me como nos livros”, de Ivan Sugahara.

Dirigiu o musical “AUÊ”, do grupo Barca dos Corações Partidos. Sucesso de público e de crítica, “AUÊ” recebeu importantes prêmios de artes cênicas: Shell (Melhor Direção), Cesgranrio (Melhor Direção, Melhor Direção Musical e o Melhor Espetáculo), Botequim Cultural (cinco categorias, incluindo Melhor Direção e Melhor Espetáculo) e APTR (Direção Musical, Melhor Espetáculo e Produção).  A peça foi indicada ao Prêmio APCA de Melhor Direção. Duda Maia foi indicada aos prêmios Bibi Ferreira e Prêmio Reverência de Teatro Musical, na categoria Melhor Direção. É diretora do show “Farra dos Brinquedos”, banda com músicas originais e ritmos brasileiros para crianças.

Em 2016, dirigiu o musical “A Gaiola”, vencedor dos principais prêmios de teatro infantojuvenil, incluindo Melhor Espetáculo e Melhor Direção: sete categorias no Prêmio CBTIJ; cinco categorias no Prêmio Botequim Cultural e três categorias no Prêmio Zilka Sallaberry. Duda dirigiu neste ano, “O tempo não dá tempo”, espetáculo itinerante em homenagem aos 90 anos de Angel Vianna, no OI Futuro Flamengo e Itaú Cultural; e atualmente está à frente do musical ELZA, em homenagem à cantora Elza Soares.

Ficha técnica

Texto: Eduardo Rios
Direção e roteiro: Duda Maia
Diretora assistente: Leticia Medella
Intérpretes-criadores: Diego de Abreu, Isadora Medella, Luciana Balby e Tiago Herz
Trilha sonora original: Ricco Viana
Preparação vocal: Agnes Moço
Figurino: Kika Lopes
Cenário: Diogo Monteiro
Iluminação: Renato Machado
Identidade visual: Anna Cunha
Fotografia: Rai Junior
Direção de produção: Bruno Mariozz
Produção: Palavra Z produções culturais

SERVIÇO

Temporada:
 de 5 a 29 de outubro
Local: CCBB BH | Praça da Liberdade, 450
Dias e horários: segundas e sextas-feiras, às 19 horas e aos sábados e domingos às 16 e 19 horas

(*) No dia 12 de outubro (dia das crianças) haverá duas sessões gratuitas, uma às 16 e a outra às 19 horas .

Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia para clientes e funcionários do BB, estudantes e maiores de 60 anos).

Bilheteria: de quarta a segunda das 9 às 21 horas

Vendas online: www.eventim.com.br

Duração: 60min

Classificação indicativa: livre

Recomendação etária: 6 anos

Mais informações: (31)3431-9400 | www.bb.com.br/cultura