O grupo se apresenta no dia 26 de julho, às 18:00

Na última quinta-feira do mês, o Ars Nova – Coral da UFMG se apresenta no Auditório da Reitoria da UFMG como uma das atrações do 50o Festival de Inverno da UFMG. O foco do grupo neste ano é a música composta no século XX, divulgando não apenas os compositores brasileiros, mas também novos repertórios de compositores internacionais, com ênfase em obras ainda consideradas inéditas no Brasil. Esta é uma maneira de incentivar a produção de novas obras para coral, além de garantir que cantores e público pratiquem e escutem a música de nosso tempo, com suas idiossincrasias, seus contrastes, suas coerências e incoerências.

O repertório tem início com os Three Madrigals, da compositora norte americana Emma Lou Diemer (1927), para coro e piano, trazendo 3 poemas de William Shakespeare, cada um deles explorado de maneira diferente: harmonias transparentes em “O Mistress Mine, Where Are You Roaming?”, harmonias pesadas em “Take, O Take Those Lips Away” e rápidas provocações ao piano em “Sigh No More Ladies, Sigh No More!”.

Em seguida, o Ars Nova interpreta uma série de músicas inéditas em seu repertório e preparadas especialmente para a ocasião:

– Remembrances of Love, do compositor James McCray, com 3 textos musicados de Christina Rossetti e Percy Bysshe Shelley (I.Come to me, II.Music when Soft voices Die, III.Remember me), trazendo os temas esperança, saudade e amor;

– Hymne au Soleil, que homenageia os 100 anos de morte da compositora Lili Boulanger – a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome -, composta em 1912, descreve um cenário evocativo de um despertar do sol, baseado no poema de Casimir Delavigne.

– Trois Chansons de Charles D’Orlean, as três únicas canções escritas por Claude Debussy para esta formação – música coral a cappella, sem acompanhamento – vêm, também, para relembrar os 100 anos de morte do compositor. Com textos de Charles D’Orleans, a primeira é fluente e flexível, a segunda apresenta influências espanholas e a terceira encerra o ciclo com uma explosão irada contra o Inverno, o “vilão” de D’Orleans.

A partir daí o repertório valoriza os compositores nacionais, abrindo o terceiro momento com o Cancioneiro de Lampião, composição do pernambucano Marlos Nobre, que

escreveu um trio de canções – Muié Rendêra, É Lamp, é Lamp, é Lampa e Cantigas de Lampião – em homenagem ao cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião. Nos concertos de 2018 o Ars Nova – Coral da UFMG vem relembrar os 120 anos do nascimento de Lampião e os 80 de sua morte.

As três músicas que encerram o concerto são de autoria do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca que, em 1964, fundou o Ars Nova – Coral da UFMG. O coral homenageia os 85 anos de nascimento de seu fundador com as seguintes composições:

– Ponto de Oxum Iemanjá, uma obra escrita em 1965, rica pelo aspecto rítmico e inovadora: as vozes masculinas imitam o som de tambores, acompanhando uma melodia tradicional da Umbanda. O texto lembra o sincretismo religioso e no início saúda Iemanjá como a Rainha do Mar.

– Ponto de São Jorge Ogum Guerreiro, mais uma das obras do maestro Carlos Alberto dedicada a preservar e divulgar o universo da música de Umbanda. Como a canção anterior, ela exibe precisão rítmica aliada a uma melodia que torna-se fácil de cantar por seu desenrolar progressivo.

– Dona Nobis Pacem. O compositor Carlos Alberto Pinto Fonseca compôs um vasto acervo de peças para coro, instrumentos solistas, canto e piano, e escreveu inúmeros arranjos de peças do folclore popular brasileiro. Sua obra prima, a Missa Afro-Brasileira de Batuque e Acalanto, foi composta em 1971 e dela extraiu-se o belíssimo Dona nobis Pacem.