Mirtes Helena Scalioni
Há dois tipos de filmes que fazem chorar. O primeiro carrega na trilha sonora, exagera nas canções melosas, escancara dramas e tragédias, explora desencontros. O segundo guarda sutilezas, deixa pistas, traz metáforas, tem poesia, valoriza silêncios. No primeiro caso, o espectador se esquece do que viu dois quarteirões depois que sai do cinema. No segundo, o público leva a história para casa, guarda, reflete e continua se emocionando com ela. “Sol da Meia-Noite” (“Midnight Sun”), dirigido por Scott Speer, se encaixa com perfeição na lista do primeiro grupo.
Histórias que envolvem doenças graves costumam não ter erro quando a ideia é fazer chorar. Se a doença for rara e acometer um personagem jovem e bonito, aí é tiro certeiro. Melhor ainda se a vítima da tal doença se apaixonar por alguém que promete amá-la para sempre. É o caso de “Sol da Meia-Noite”. Devia ser praxe a gentileza de entregar lencinhos ao espectador junto com os ingressos, mesmo sendo classificado como filme adolescente, praticamente uma sessão da tarde.
Katie Price (Bella Thorne) tem 17 anos e, desde que se entende por gente, tem consciência de que não pode se expor minimamente à luz do sol sob pena de ter um grave e mortal câncer de pele. Portadora de Xerodermia Pigmentosa, ela vive em sua casa praticamente na penumbra e só raramente sai à noite. Mora com seu pai, Jack Price (Rob Riggle), um fofo que faz tudo para que a filha não se entristeça nem se sinta muito diferente. Sua única amiga é a também fofa Morgan (Quinn Shephard), que não se incomoda de brincar com ela só à noitinha.
Enquanto passa seus dias no quarto, a jovem assiste à vida pela janela, de onde se acostuma a ver Charlie Reed (Patrick Schwarzenegger, cópia fiel no sorriso e na voz do pai, Arnold Schwarzenegger) – primeiro criança, depois já adulto – e, claro, se apaixona por ele. Mas ela só vai se encontrar com seu amado numa das raras noites em que sai de casa para tocar e cantar suas canções na estação de trem.
Para enternecer ainda mais o público e tentar amolecer os corações, “Sol da Meia-Noite” mostra paisagens belíssimas, sempre contrastando visões noturnas e diurnas. Não há como não chorar. Ainda bem que o final não é óbvio, o que confere certo mérito ao filme.
Duração: 1h33
Classificação: 12 anos
Distribuição: Diamond Filmes
https://www.youtube.com/watch?v=CMKqC64v7ic