Maristela Bretas
Gostaria de poder elogiar “Círculo de Fogo – A Revolta” (“Pacific Rim Uprinsing”), segundo filme após cinco anos da estreia do ótimo “Círculo de Fogo” (2013), dirigido pelo premiado Guillermo del Toro (“A Forma da Água“). Mas a nova produção apresenta falhas que somente quem está muito disposto a ver um filme que mais parece uma cópia piorada dos “Transformers” vai se sentir a vontade no cinema. Uma pena, poderia ser uma sequência mais bem aproveitada. O diretor Steven S. DeKnight até tentou isso ao mostrar as cidades depois da batalha com os alienígenas, mas deixou que a história se perdesse por falta de criatividade.
O filme não é de todo ruim. Tem pancadaria entre velhos e novos robôs com tamanhos e armamentos variados, monstros gigantes (alguns do primeiro filme), vilões e diálogos clichês e ótimos efeitos de computação gráfica que sustentam toda a ação. Mas também mostra cenas de lutas que ficam confusas, provocando tontura por serem muito rápidas. E as atuações são medianas, mesmo de atores conhecidos como o protagonista John Boyega (“Star Wars – O Despertar da Força” – 2015 e “Star Wars – Os Últimos Jedi“- 2017), que faz o papel de Jake Pentecost, e Scott Eastwood (“Velozes e Furiosos 8” – 2017), como Nate Lambert.
Uma novidade no elenco que se destaca é Cailee Spaeny, que interpreta Amara, a jovem nerd fodona do pedaço que luta muito, constrói robôs e ainda acha um tempo para salvar o mundo dos temíveis kaiju. Os atores Rinko Kikuchi (Mako), Burn Gorman e Charlie Day (os cientistas Hermann Gottlieb e Newton Geiszler) que participaram do primeiro filme também estão de volta. Já o novo grupo de pilotos Jaeger só está lá para fazer quórum e levantar a bola para Caille aparecer.
A história avança no tempo – dez anos depois do ataque alienígena – mas regride em enredo. Ele é fraco, cheio de furos e mensagens patrióticas e ainda tenta copiar, para pior, o estilo Michael Bay de fazer cinema que, apesar de não agradar a muitos, atingiu sucesso de bilheteria com a franquia “Transformers” de 2007 a 2017.
Criatividade não foi o forte do diretor Steven S. DeKnight (responsável por boas produções para a TV, como “O Demolidor”), mas errou a mão em “Círculo de Fogo – A Revolta”, ficando muito aquém de seu antecessor. Acho que faltou uma orientação maior de Guillermo del Toro. Tudo começa com Jake (John Boyega), filho de Stacker Pentecost (Idris Elba), responsável pelo comando do programa Jaeger (supermáquina gigantes pilotadas por humanos) e herói morto na batalha. Promissor talento do programa de defesa, Jake abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime, vasculhando ferros-velhos em busca de peças de robôs abandonados.
Perseguido após não encontrar uma peça valiosa, ele encontra o esconderijo de Amara (Cailee Spaeny), que clandestinamente está construindo um Jaeger de porte pequeno. Ambos tentam fugir usando o robô, mas acabam sendo capturados. Para escapar da prisão, eles são enviados ao treinamento de pilotos Jaeger, onde Jake reencontra sua irmã de criação Mako (Rinko Kikuchi).
Apesar da tranquilidade aparente, o governo e a empresa responsável pelos Jaeger continuam construindo Jaegers mais poderosos ma expectativa de um possível novo ataque. O que eles não imaginam é que o perigo pode estar dentro do próprio grupo.
Precisa assistir o primeiro para entender o segundo filme? Seria bom, até porque ele é bem melhor. E quer queira ou não, “Círculo de Fogo – A Revolta” deixa a sensação de ser uma mistura de “Transformers” com “Power Rangers“. E quem perde no final, sem dó nem piedade, é novamente a cidade de Tóquio, que vê seus prédios caírem como dominós durante a batalha entre Jaegers e os aliens, chamados agora de Precursores. E se após ler sobre todos estes pontos ainda estiver a fim de ver este filme, não tenha mais dúvidas: vá ao cinema e aproveite mais este blockbuster.
Ficha técnica:
Direção: Steven S. DeKnight
Produção: Universal Pictures / Legendary
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h51
Gêneros: Ação / Ficção científica / Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)