Musical de Nelson Motta e Patrícia Andrade, com direção de Deborah Colker, resgata a época da boate mais famosa do Rio de Janeiro, a Frenetic Dancing´Days Discotheque. Clássicos da discoteca como ‘I love the nightlife’, ‘You make me feel might real’, ‘We are Family’, ‘Y.M.C.A’, ‘Stayin´alive’, além das Frenéticas e de grandes sucessos nacionais da época, como ‘Marrom Glacê, são apresentados em uma super produção sob a atuação e vozes de 17 atores e sete bailarinos.
Espetáculo fará curta temporada em BH, com apresentações nos dias 12 e 13 de julho, no Grande Teatro do Sesc Palladium.
Asas abertas, feras soltas, o Rio de Janeiro era uma festa na década de 70. E não havia lugar mais adequado para celebrar do que o Frenetic Dancing´Days Discotheque, boate idealizada, em 1976, pelos amigos Nelson Motta, Scarlet Moon, Leonardo Netto, Dom Pepe e Djalma Limongi, ponto de encontro de todos os seres livres. Quatro décadas depois, a felicidade bate novamente à porta com o espetáculo “O Frenético Dancin´Days”, que transporta para o palco a aura mítica em torno do lugar. Depois de ser assistido por mais de 100 mil pessoas no Rio de Janeiro e São Paulo, agora, a montagem saí em turnê pelo Brasil para percorrer seis cidades: Natal, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e Novo Hamburgo. A realização é das Irmãs Motta e Opus, produção geral de Joana Motta.
Nelson Motta (ao lado de Patrícia Andrade) assina o texto com a absoluta propriedade de quem foi um dos fundadores da boate e viveu toda a agitação que marcou o Rio naquela época. Autor de musicais consagrados como ‘Elis, a musical’, ‘Tim Maia- Vale Tudo, o musical’ e ‘S´imbora, o musical – a história de Wilson Simonal’, Motta afirma que nunca foi tão feliz com um espetáculo. “Esse musical é uma festa, as pessoas ficam enlouquecidas na plateia, parece que estamos mesmo voltando aos tempos da boate. É uma alegria imensa”, festeja.
Deborah Colker aceitou o desafio e fez sua estreia na direção teatral, além de assinar as coreografias, ao lado de Jacqueline Motta. “Eu sabia da potência, da força do Dancin´Days, de como ele mudou a cidade. A boate chegou com esse caráter libertário, lá as pessoas eram livres, podiam ser como elas são. Isso tem uma grande força política, social, filosófica, artística. Não há nada como o livre arbítrio, estar em um lugar onde você vai ser quem você é”, afirma Deborah.
Passarão pelo palco os principais personagens que marcaram não apenas a história da boate, mas da cultura nacional. O musical é uma superprodução, com 17 atores e seis bailarinos. Além da direção teatral, Deborah Colker (premiada na Rússia com o Prix Benois de la Danse, considerado o Oscar da Dança) tem ao seu lado uma ficha técnica de peso: Gringo Cardia (cenografia e direção de arte), Maneco Quinderé (desenho de luz), Alexandre Elias (direção musical), Fernando Cozendey (figurinos) e Max Weber (visagismo).
Os cenários e figurinos recriam a atmosfera disco, mas com uma identidade própria. “A minha inspiração foi a estética de como as pessoas se comportavam na época e o quão ousadas eram no vestir”, explica Fernando Cozendey. “O desafio foi trazer o shape 70 atualizado, criar algo que ainda provocasse espanto, alegria e libertação para um público em 2018 e 2019. O espetáculo para mim é sobre transgressão de ser, vestir, dançar, existir”, acrescenta.
A direção musical de Alexandre Elias também acompanha o espírito da época e inova ao trazer um DJ pilotando a música ao vivo. “Quando a Joana Motta me convidou para esse projeto, ela veio com essa “sacada” que iríamos contar a história de uma discoteca e que devíamos ter um DJ. E, no caso do Dancing´Days, o DJ Dom Pepe era uma das figuras centrais”. Para construir os arranjos, Alexandre Elias passou meses pesquisando e optou pela técnica dos samples. “Estamos usando tecnologia de ponta nessa área, misturei elementos dos arranjos originais, que são clássicos presentes na nossa memória afetiva, com ideias minhas e da direção, para chegarmos ao resultado, explica Alexandre.
O espetáculo, que tem realização do Ministério da Cidadania e Governo Federal, compõe a Temporada Pólobh 2019 que assegura a circulação, em Belo Horizonte, de grandes nomes das artes do Brasil e do Mundo, com produção executiva local da Pólobh, patrocínios locais do Instituto Unimed-BH e Pottencial Seguradora, apoio BS2 Banco e MIP Engenharia e Localiza Hertz como locadora oficial, viabilizados por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, parceria estratégica com o Jornal O Tempo e Rádio Super FM, promoção exclusiva da Rádio Alvorada e apoio da Fredizak, HBA, SouBH além do apoio cultural do Sesc MG.
Dance sem parar
A noite carioca fervia nos anos 70, quando a casa foi criada para inaugurar também o Shopping da Gávea. A cena disco estava explodindo em Nova York, mas ainda não tinha acontecido no Brasil. O Dancin´Days foi inaugurado em 05 de agosto de 1976 e marcou a chegada da discoteca no país. Lady Zu, Banda Black in Rio, Tim Maia, a pista da boate fervia. Na casa, se apresentaram nomes como Rita Lee (ainda com o Tutti-Frutti), Raul Seixas, Gilberto Gil. “Eu adoro dançar, eu adoro dança, tudo que se movimenta. E para dançar você precisa de música. E música boa é a junção perfeita. E não tem como o Dancin´Days não ter isso, é uma música muito boa, é a melhor. É um iluminismo!”, celebra Deborah.
Nada causou tanta sensação quanto o surgimento das Frenéticas. Contratadas inicialmente como garçonetes, elas também faziam uma breve apresentação durante a madrugada. O sucesso foi imediato: Leiloca, Sandra Pera, Lidoca, Edyr, Dhu Moraes e Regina Chaves logo abandonaram as bandejas e assumiram os holofotes. Elas foram o primeiro grupo contratado da multinacional Warner, que estava aportando no Brasil. O país inteiro cantou ‘Dancin´Days’, ‘Perigosa’, ‘O Preto que satisfaz’ (abertura da novela ‘Feijão Maravilha’, da TV Globo), entre tantas outras. “As Frenéticas foram obra do acaso e, claro, do talento de seis garotas que eram atrizes desempregadas, começaram como garçonetes do Dancin´Days e, no fim da noite, cantavam quatro músicas. Foi um estouro! o Dancin lotava só para ver as Frenéticas, que se tornaram as rainhas da discoteca no Brasil”, aponta Nelson.
A boate funcionou por apenas quatro meses, pois o contrato era limitado ao período que antecedia a abertura do Teatro dos Quatro. Ela celebrava um Rio e um país que conseguiam ser livres, apesar da ditadura militar. A casa reunia famosos e anônimos, hippies e comunistas, todas as tribos com o único objetivo de celebrar a vida. O sucesso foi tamanho que a casa foi reaberta no Morro da Urca e inspirou a novela ‘Dancin´Days’, de Gilberto Braga, que tinha a música homônima das Frenéticas como tema de abertura. O país inteirou caiu na gandaia e entrou na festa.