Capital sediará, em 7 de outubro, evento para tratar de doença benigna que afeta 10% de mulheres em idade reprodutiva

Belo Horizonte receberá pela segunda vez, em 7 de outubro, o Endotrip – evento itinerante organizado pela Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE, https://sbendometriose.com.br/).

O Endotrip contará com cirurgia ao vivo e a participação de palestrantes renomados para discutir temas relevantes para quem atende a mulher com endometriose, doença benigna que afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva e se manifesta principalmente por dor pélvica e infertilidade.

Na capital mineira, o evento será coordenado pela médica ginecologista Márcia Mendonça Carneiro, professora titular do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFMG, diretora Científica da clínica Origen BH e membro do Conselho Científico da SBE.

As inscrições são gratuitas para sócios da SBE.

São sintomas comuns da endometriose: cólicas menstruais, dor durante as relações sexuais, dor ao urinar ou defecar relacionada ao ciclo menstrual, cansaço, inchaço abdominal, alterações intestinais durante o período menstrual, sangramento menstrual aumentado ou irregular.

A maior dificuldade no seu diagnóstico é a presença de sintomas muitas vezes desvalorizados e “normalizados”, como as cólicas menstruais e o sentir dor durante as relações sexuais. “Infelizmente a queixa de cólicas menstruais é minimizada ou ignorada por profissionais de saúde, família e amigos, segundo o relato de várias mulheres, em vários países. A infertilidade também é uma condição associada à endometriose, embora nem toda mulher com endometriose seja infértil. Entre as inférteis, entretanto, até 50% têm endometriose”, enumera a médica.

Segundo Márcia Mendonça, nesses casos, a avaliação do casal é fundamental e as opções de tratamento incluem o uso de técnicas como a fertilização in vitro (FIV) conhecida como “bebê de proveta”.

Filme sobre o tema – A necessidade de falar sobre o tema motivou a produção de um filme lançado recentemente “Below the belt” (ainda sem título em português, mas que se traduz literalmente como abaixo da cintura, mas pode também significar algo injusto ou “golpe baixo”). O documentário aborda a jornada de quatro mulheres em busca de respostas e tratamentos para sintomas aparentemente inexplicáveis.

Temas como preconceito, normalização da dor e falta de informação inclusive de profissionais de saúde são discutidos. O objetivo é mostrar como milhões de mulheres em todo o mundo são silenciadas e têm dificuldade em conseguir diagnóstico e tratamento adequados.

“O fato é que a endometriose, apesar de benigna, afeta profundamente a vida das mulheres acometidas, comprometendo a qualidade de vida, a participação nas atividades cotidianas, o desempenho físico e sexual, os relacionamentos, o desempenho escolar e no trabalho, afetando negativamente a saúde mental e bem-estar dessas mulheres”, alerta a ginecologista.

Ao longo da vida, a endometriose pode comprometer o enfrentamento a esses desafios diários, resultando em limitações para alcançar objetivos, como concluir os estudos; avançar na vida profissional; interferir no desenvolvimento de relacionamentos estáveis e gratificantes ou afetar as chances de gravidez e formação de uma família, o que em suma acaba alterando profundamente a trajetória de vida de uma pessoa.

Infelizmente o caminho das mulheres com endometriose é longo e estima-se que a maioria passe por cerca de cinco médicos e leve de cinco a 12 anos desde o início dos sintomas até que seja feito o diagnóstico definitivo.

“Dessa forma, o filme assim como a realização de eventos de educação médica como o Endotrip, são inciativas que visam trazer o assunto ao conhecimento de um maior número de pessoas, conscientizar e educar sobre endometriose e melhorar os cuidados de saúde para todos”, complementa Márcia.