Em um ano que também se encerra com custos da construção superiores à inflação oficial do país, os lançamentos imobiliários alcançaram patamar recorde em Belo Horizonte e Nova Lima. Nos 10 primeiros meses de 2022, foram lançadas 4.887 unidades, o que corresponde ao maior número para o período desde o início da série histórica (2016) do Censo do Mercado Imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima, realizado pela Brain Consultoria para o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
As vendas também evidenciam o bom momento de negócios do mercado imobiliário na capital mineira e em Nova Lima. Entre janeiro e outubro foram vendidos nas duas cidades 4.284 apartamentos novos, o que, assim como os lançamentos, corresponde a um dos maiores patamares para o período desde o início da série histórica. O indicador fica atrás apenas do ano passado, quando foram comercializadas 4.638 unidades, uma queda de 7,63% no comparativo entre os períodos. A velocidade de vendas alcançou a média de 12,3% no ano (a maior registrada para o período). “Isso mostra que as vendas estão mais dinâmicas”, analisa o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel.
O maior número de vendas foi observado no padrão Standard (de R$ 236 mil a R$ 500 mil): 1.986 unidades, ou seja, 46,4% do total comercializado nos primeiros 10 meses de 2022. Na sequência, aparece o padrão Econômico (até R$ 236 mil): 1.160 unidades (27,1%). Do total de 4.887 apartamentos novos lançados em BH e Nova Lima, os segmentos Standard e Econômico também tiveram resultados expressivos, com 40,1% (1.960 unidades) e 27% (1.319 unidades), respectivamente.
As vendas de padrão Luxo e Superluxo desaceleraram neste ano, depois de recordes de vendas no período de pandemia. Entre janeiro e outubro, foram comercializadas 166 unidades padrão Luxo (de R$ 1,5 milhão até R$ 3 milhões) e 172 unidades Superluxo (acima de R$ 3 milhões). “A combinação da Selic no mais baixo patamar da história com a procura por espaços maiores de moradia, decorrente da pandemia, impulsionou o boom desse mercado. Agora, com a Selic em patamar elevado, alguns investimentos são direcionados para o mercado financeiro “, comenta Renato Michel.
A região Oeste, com 1.237 unidades (28,9% do total), e a região Centro-Sul, com 860 unidades (20,1% do total), registraram o maior número de vendas no acumulado de janeiro a outubro de 2022. O resultado pode ser justificado pelo maior número de lançamentos observado nessas regiões. No período, foram lançadas 1.365 (27,9% do total) unidades na região Oeste e 1.000 (20,5%) na região Centro-Sul.
Somente em outubro de 2022, as vendas de apartamentos novos nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima totalizaram 651 unidades, maior número registrado, para o mês, desde o início da série histórica (2016) do Sinduscon-MG. Os lançamentos totalizaram 381 unidades, muito inferiores às vendas. O bom dinamismo da comercialização de imóveis também pode ser observado no indicador de velocidade de vendas, que alcançou 17,2% no mês. “Com base na média histórica mensal, a velocidade de vendas costuma ser inferior a 10%. Outubro teve um patamar recorde, que, sem dúvidas, contribuiu para o resultado positivo do ano”, analisa a economista do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos.
Estoque baixo
Mesmo com lançamentos superiores às vendas em 2022, o número de imóveis novos disponíveis para comercialização em Belo Horizonte e Nova Lima é de 3.131 unidades. “O cenário se agrava porque, no momento em que a oferta cai, a procura está em alta. O estoque atual de imóveis disponíveis não é suficiente para atender à procura crescente”, aponta Ieda.
Os dados mostram que o número de imóveis residenciais ofertados diminuiu 45,89% na comparação de outubro/22 com igual mês do ano 2016. Em outubro de 2022, somente 3,70%, ou seja, 116 unidades, do total de 3.131 disponíveis, estão prontas. O restante está na planta (1.782 unidades) e em construção (1.233 unidades).
Geração de emprego
A construção civil manteve uma trajetória positiva no mercado de trabalho. Minas Gerais foi o quarto estado com maior saldo nos dez primeiros meses do ano (24 mil), atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Belo Horizonte é a cidade com maior saldo de novas vagas geradas no setor (2.894), seguida por Nova Lima (1.327), Brumadinho (1.316), Ouro Preto (1.191) e Matozinhos (1.129). “A Construção Civil tem sido um dos motores de recuperação da economia nesse período pós-pandemia”, ressalta Renato Michel.
Para o próximo ano, a Construção Civil projeta um crescimento de 2,5%. “Nós teremos o terceiro ano de expansão da Construção Civil acima da economia nacional”, destaca Ieda. A perspectiva de ampliação do investimento em programas de habitação popular deve aquecer o setor no próximo ano. No entanto, a economista do Sinduscon-MG alerta para o cenário de endividamento das famílias e alta da taxa de juros.
Interior de Minas
Apenas no 3° trimestre deste ano, 3.923 apartamentos novos foram vendidos nas 18 cidades do interior do estado, que incluem, entre outras, Uberlândia, Montes Claros, Divinópolis, Governador Valadares e Poços de Caldas. O total de vendas, lançamentos e estoque disponível para comercialização na cidade de Uberlândia, por exemplo, ultrapassou as cidades de BH e Nova Lima. Foram 1.908 móveis vendidos na cidade do Triângulo Mineiro. Na capital mineira e em Nova Lima, o total foi de 1.499 unidades comercializadas.