MOSTRA REÚNE OBRAS CRIADAS PELO ESCULTOR, SENDO TRÊS DELAS INÉDITAS, E FICA EM CARTAZ DE até 13/02

Até que ponto um mobiliário é útil? E de que forma o ser humano encara a utilidade e a inutilidade de si mesmo?  Esses são alguns dos questionamentos provocados pelas esculturas de Francisco Nuk, artista belo-horizontino que apresenta a exposição “A Forma Não Cumpre a Função” no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte – CCBB BH, que fica em cartaz até dia 13 de fevereiro de 2023, com entrada gratuita. A mostra, que já passou por Brasília, chega à capital mineira com seis obras e duas instalações, e ocupa as primeiras três galerias do térreo. As obras foram as maiores realizadas pelo artista até então e duas delas, assim como uma das instalações, são inéditas.

As esculturas são todas feitas em madeira e desafiam as formas convencionais com curvas inusitadas. Móveis supostamente comuns ganham ares de surrealismo e surpreendem o público.  A instalação inédita consiste em um dominó de cristaleiras em tamanho real, que se despejam em um espelho, criando uma ilusão de ótica onde tudo parece desabar. A segunda instalação que compõe a mostra traz 150 gavetas. Penduradas em colunas no teto da galeria, elas criam a sensação de arquivos suspensos. Guarda-roupas, cômodas e gaveteiros gigantes também foram recriados pelo artista e causam admiração pelos detalhes.

O trabalho realizado pelo artista anda na linha tênue do utilitário e da peça escultural. Francisco Nuk explica que as primeiras ideias tinham como objetivo transformar um armário em uma escultura. Nesse sentido, entortá-lo significava quebrar sua utilidade convencional, uma vez que sua engenharia primária seria completamente abalada. Uma gaveta precisa estar no esquadro para funcionar.

“Mas durante esse processo surgiu a solução de uma nova estrutura que possibilitaria abrir e fechar essa gaveta que até então estava destinada a ficar trancada para sempre. Esse novo cenário causou uma certa confusão interna já que, embora a gaveta fosse torta, ainda assim poderia utilizá-la, mas a via como uma peça escultural. Desta forma, encontrei o ponto de partida de minha pesquisa: explorar os limites da utilidade, invocando o surrealismo até chegar ao inútil, e observar como são essas mutações da utilidade. Durante esse processo, deparei-me com o fato de que me enxergava na obra, minha pessoa, meu cosmo. A peça criava uma personalidade própria, deixava de ser inanimado a animado, tornava-se viva. Assim a pesquisa se voltou à busca do lugar que a utilidade exerce dentro de nossa sociedade”, afirma Nuk.

A mostra instiga o público a pensar sobre utilidade junto ao escultor. Afinal, o que é utilidade e inutilidade para esse sistema? Somos úteis para quê? Para quem? Por quê? Quão importante é a ideia de utilidade na construção de um indivíduo? Quanto nos aproximamos de ser um armário, um objeto? O que guardamos dentro dele? Dentro de nós? “Esses questionamentos têm sido exercícios constantes desde o início da produção dessas obras e que, até hoje, não possuem respostas concretas”, ressalta o artista.

Sobre a chegada da mostra em Belo Horizonte, o artista, que nasceu na capital mineira, diz ser a realização de um sonho. “Eu vejo o Centro Cultural Banco do Brasil como o principal local expositor das artes plásticas em Belo Horizonte. Há bons anos vemos consistentemente exposições incríveis sendo oferecidas ao público e várias delas me marcaram e inspiraram muito. Portanto, pensar que estou em um espaço onde muitas obras e artistas que tanto admiro estiveram traz uma felicidade tremenda. Fora também pelo fato de poder enfim apresentar meu trabalho pessoalmente a meus conterrâneos, minha família e meus amigos próximos”, acrescenta.

A exposição “A Forma Não Cumpre a Função” é realizada pelo CCBB BH, com apoio da Casa Rosa do Bonfim, Fundação Bauminas e Stella Artois.

 

SERVIÇO

Mostra “A Forma Não Cumpre A Função”

De 14 de dezembro de 2022 a 13 de fevereiro de 2023

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários).

Horários de visitação: de quarta a segunda, das 10h às 22h.

Ingressos gratuitos, retirados pelo site bb.com.br/cultura ou na bilheteria física do CCBB. Classificação Indicativa: Livre