Esta edição traz, em sua programação, filmes nacionais e internacionais que abordam temáticas variadas como indígenas, quilombolas e ambientais; a partir de 19 de julho, a sessão participará de uma mostra itinerante que começa no Centro Cultural Zilah Spósito e termina em outubro,  após ser exibida em outros centros culturais de BH

De 20 a 24 de julho acontece, no Cine Santa Tereza, o II Festival de Cinema Infantil de Belo Horizonte – Cinema de Brinquedo.  As sessões começam às 16h30 e às 17h30 durante a semana e às 16h30 no final de semana. Serão exibidos 28 curtas e dois longas-metragens originários de 12 estados brasileiros e de países como França, Inglaterra, Argentina, Espanha, Holanda, México, Estados Unidos e Qatar. A curadoria desta edição, composta por Diego Souza e Iakima Delamare, selecionou filmes de ficção, documentários e animações que propiciem o acesso das crianças a temas contemporâneos relevantes. Os ingressos, gratuitos, serão retirados antecipadamente pelo site https://www.diskingressos.com.br/ e na bilheteria do cinema 1 hora antes de cada sessão.

             Em busca de pluralidade e diversidade, a programação do festival conta com filmes que abordam temáticas diversificadas, num universo lúdico e divertido, como indígenas, quilombolas e ambientais. Entre as produções, destacam-se a animação “Tudo Verdim”, de Patrícia, Dias, uma coleção de memórias inventadas de crianças do Território Indígena Pankararé, no Sertão da Bahia, narrado entre pausas, cantos sagrados, palavras e desenhos; o documentário “Disque-quilombola”, de  David Reeks, sobre crianças do Espírito Santo que vivem em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória; o curta “Mitos indígenas em travessia”, de Julia Vellutini, composto por seishistórias indígenas dos tempos antigos das etnias Kuikuro (Aldeia Afukuri, Terra Índígena Parque do Xingu, Mato Grosso), Javaé (Aldeia São João, Terra Indígena Parque do Araguaia, Ilha do Bananal, Tocantins) e Kadiwéu (Aldeia São João, Terra Indígena Kadiwéu, Mato Grosso do Sul). Entre as histórias estão A Ema, O Menino-Peixe, As Mulheres Sem Rosto, A Via Láctea, A Menina Cobra, e O Urubu-Rei.

             Também chamam a atenção os filmes “No tempo do verão”, documentário de Wewito Piyãko, que retrata a vida das crianças Ashaninka; “Osiba Kangamuke – Vamos lá, criançada”, deHaya Kalapalo, Tawana Kalapalo, Thomaz Pedro e Veronica Monachini de Carvalho, uma produçãocoletiva entre cineastas indígenas, não-indígenas e antropólogos, resultado de uma oficina realizada com as crianças Kalapalo que participaram não só na frente das câmeras como de todo o processo de gravação;“Girlsboysmix”, de Lara Aerts, documentário perspicaz e divertido que revela quão absurda é a divisão binária de gênero imposta pela sociedade ao retratar uma criança de nove anos que nasceu intersexo; e o longa “Alice dos Anjos”, deDaniel Leite Almeida, uma livre e divertida adaptação de “Alice no País das Maravilhas” que combina diferentes figuras e temas do imaginário brasileiro à clássica história de Lewis Carroll.

           O cinema e suas imagens em movimento se relacionam diretamente com a alteridade e propiciam à criança maior abundância da matéria da pluralidade na construção de seu ser. E também aos adultos, uma vez que assistir filmes juntos faz parte da dinâmica familiar. De acordo com Cardes Monção Amancio, produtor do evento, “esta edição do festival se alicerça na crença de que o comum (no sentido de comunidade) se constrói a partir de uma multiplicidade de singularidades e, quanto mais cedo, na infância, os sujeitos tiverem oportunidades de encontros dos mais variados possíveis com ‘o outro’, mais aptos tais sujeitos estarão a dar a sua contribuição para um futuro melhor”, ressalta.

            O II Festival de Cinema Infantil de Belo Horizonte – Cinema de Brinquedo conta, ainda, com uma programação estendida ao longo do ano. O Centro Cultural Zilah Spósito receberá a sessão no dia 19 de julho, às 15h; o Venda Nova exibirá os filmes no dia 20 de julho, às 14h; o São Bernardo no dia 6 de outubro, às 13h30; e o Pampulha, no dia 14 de outubro, às 16h. O projeto contempla também a atividade “Cinema o ano inteiro”, que vai disponibilizar um pacote de filmes para serem exibidos gratuitamente nas escolas interessadas. As sessões itinerantes já passaram pelos Centros Culturais Jardim Guanabara e Pampulha, além do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado.

       No final de 2021, durante a primeira edição do festival, foi realizada a oficina “Cinema de Grupo – uma introdução à pedagogia do dispositivo”, na qual o Lab.Kumã orientou práticas de experimentação com imagem, som, palavra e montagem através do uso da pedagogia do dispositivo para professores da rede pública e privada. O II Festival de Cinema Infantil de Belo Horizonte – Cinema de Brinquedo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

             Mini-bios dos curadores e do produtor do festival

          Diego Silva Souza é nascido e criado em Timóteo, no interior de Minas Gerais, e atua escrevendo sobre audiovisual em artigos e textos críticos. Mestrando em Comunicação na UFMG, fez parte do Júri Jovem da 23ª Mostra de Tiradentes, integrou a comissão julgadora da 2ª Mostra de Curtas Cinecubo e a curadoria do 9° Cinecipó – Festival do Filme Insurgente. Possui colaborações com a Zagaia em Revista, Cinética e Cine Festivais, além de comentar filmes na Mostra Cinema Permanente do Cine Humberto Mauro.

             Iakima Delamare é formada em Comunicação pela UFMG, onde atuou como bolsista na Formação Transversal em Saberes Tradicionais e frequenta o Grupo “Poéticas da Experiência”, tendo produzido como TCC a publicação “Nós, Por Nós, Para Nós – Manifestos Para Um Cinema Popular”.  Em 2018 integrou a equipe de formação e produção do curta-metragem “Nove Águas”, dirigido por Gabriel Martins ao lado do Quilombo dos Marques. Participou do Júri Jovem da 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2019, e integrou a equipe de curadoria do 9º Cinecipó – Festival do Filme Insurgente, em 2020. Produziu o 9º e 10º Cinecipó, a 2ª Mostra Lona – Cinemas e Territórios e a 1ª Mostra UFMG de Cinema Universitário, mostra concebida pelo Coletivo Zanza da qual é membro e cofundadora.

         Cardes Monção Amancio é doutor em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG com a tese “Biopolítica, cinema e a construção do devir-afropindorâmico”. Coordenador do Cinecipó – Festival do Filme Insurgente, que em 2021 completa 10 edições, realizado em Belo Horizonte e na Serra do Cipó. Colaborador do projeto Cinema dos Quilombos, que ministra oficinas audiovisuais nos territórios e promove a Mostra Cinema dos Quilombos (www.cinemadosquilombos.com.br), em parceria com a Associação Quilombola Marques. Integrante do Espaço Comum Luiz Estrela, ocupação cultural de um casarão público que estava abandonado, organizado por autogestão em núcleos, entre eles o Núcleo Audiovisual que organiza sessões de filmes e cuida do acervo imagético da ocupação.

SERVIÇO

II Festival de Cinema Infantil de BH – Cinema de Brinquedo

Data: 20 a 24 de julho

Horário: às 16h30 e às 17h30 durante a semana e às 16h30 no final de semana

Local: Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza

*Os ingressos, gratuitos, serão retirados antecipadamente pelo site https://www.diskingressos.com.br/ e na bilheteria do cinema 1 hora antes de cada sessão

*Classificação livre

*Mais informações no site https://cinemadebrinquedo.com.br/