Sofia Santos de Oliveira, 18 anos, foi aprovada para fazer graduação nas universidades de Harvard, Stanford e Yale

Estudante de escola pública e bolsista em escolas particulares, a trajetória da mineira Sofia Santos de Oliveira está sendo construída com muita batalha e resultados expressivos. Residente no Barreiro (Novo Santa Cecília), em Belo Horizonte – de origem humilde, a mãe do lar e o pai vigilante – ela é filha única e faz parte da primeira geração da família que chega à universidade. E a dedicação da Sofia não deixou por menos, foi selecionada em três das universidades mais prestigiadas do mundo, Harvard, Stanford e Yale.

Acompanhe nesta breve entrevista a determinação de uma jovem que gosta de ler, aproveitar o tempo com a família e amigos, ver séries e filmes, jogar jogos de cartas, ir à academia, ouvir música, tirar fotos e torcer para o Atlético. 

Como surgiu a oportunidade de fazer o processo seletivo, de onde veio a motivação?

O processo seletivo é totalmente diferente dos vestibulares do Brasil, o qual envolveu escrita de redações sobre minha história de vida, envio de currículo e histórico escolar, entrevistas, envio de cartas de recomendação e testes padronizados de inglês e matemática. Ao longo do ensino médio, conheci o processo através de palestras, histórias de outros jovens que foram estudar fora e pesquisas próprias, e fiquei interessada em fazer o processo seletivo também. Do 1º ao 3º ano, me preparei e me engajei com a minha escola e minha comunidade, e enviei minha candidatura em 2021.

Sua rotina de estudos precisou mudar para fazer as provas?

A minha rotina durante o ensino médio envolvia acordar às 5 da manhã, pegar dois ônibus até a escola e, durante muitos dias, voltar para casa às 20h. Quando não estava na escola, estava revisando os conteúdos vistos no dia, fazendo exercícios e participando em projetos pessoais. Nos finais de semana, continuava estudando, mas tentava encontrar momentos com a família e os amigos. A rotina sempre foi muito pesada, mas com organização e dedicação, foi possível conciliar todas as tarefas. 

E a reação de familiares, amigos e professores com o resultado, já que foi um dos processos seletivos mais concorridos?

Muita felicidade e emoção, além de um pouco de incredulidade por ter sido aprovada no ciclo de admissões mais competitivo da história. De 61.220 concorrentes em Harvard, apenas 1.954 pessoas (cerca de 3,19%) foram aceitas esse ano. Foi único poder estar vendo a concretização de anos de esforço em um resultado que irá transformar toda a minha vida daqui para frente. Foi uma jornada longa e trabalhosa, mas também de muito crescimento e vitórias e fico extremamente feliz de não ter desistido nos momentos de dificuldade. Sei que essa conquista representa muito não só para mim, mas também para todas as dezenas de pessoas ao meu redor que me apoiaram e sempre acreditaram em mim. 

A bolsa integral vai cobrir despesas com moradia?

Sim, a minha bolsa é integral para os quatro anos e cobre gastos com mensalidade, alimentação, moradia, transporte, plano de saúde e despesas pessoais, uma despesa de cerca de R$ 2 milhões de reais.

Qual o seu sonho depois de formada?

Meu sonho é ajudar a reduzir a desigualdade social que assola nosso país por meio da educação. Para mim, é urgente uma reforma estrutural do currículo escolar concomitantemente com políticas públicas que tornem a educação de qualidade mais acessível para todo mundo, desde os jovens em comunidades carentes, até os adultos que não tiveram oportunidades de concluírem os seus estudos anteriormente.

Acredito que esse é o primeiro passo para termos uma sociedade mais igualitária e menos meritocrática, onde muito mais jovens vão ter condições de quebrar o ciclo vicioso da pobreza e melhorarem suas condições de vida e, consequentemente, ajudar as suas comunidades a prosperar. Meu sonho é estar envolvida nessa mudança da educação brasileira e, consequentemente, da estrutura social do país.

Boa sorte, Sofia!