De 18 de agosto a 18 de setembro, o público tem acesso a série “Flores para Guignard”, composta por 41 pinturas, produzidas de 2016 aos dias atuais, e que remetem a cenografia do mundo de Guignard. Com curadoria de Errol Flynn Júnior, a mostra fica em cartaz na Errol Flynn Galeria de Arte, com visitação presencial.

Fotos e vídeo:

https://drive.google.com/drive/folders/1RvCrEqSRMZ64Go26LSeGKbIipTZB_MCh?usp=sharing

Aos 66 anos, 44 de carreira, um dos maiores nomes das artes plásticas mineiras, Fernando Lucchesi, lança uma exposição de pinturas da série “Flores para Guignard”, com obras inéditas em homenagem a Alberto da Veiga Guignard. Nos quadros, o artista mineiro e autodidata, retrata o universo de Guignard, ao pincelar as flores fantásticas e cenários do saudoso mestre. A mostra fica em cartaz na Errol Flynn Galeria de Arte, de 18 de agosto a 18 de setembro, com visitação presencial, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e sábado, das 9h às 14h. Em virtude da pandemia, haverá limitação de público e obrigatoriedade da aferição de temperatura, uso de máscaras e disponibilização de recipientes com álcool em gel durante o percurso da mostra.

“Guignard sempre esteve presente na minha vida. Fui apresentado (presenteado) a ele pelo meu avô, aos 10 anos de idade. Na época, eu pintava em cima dos desenhos que o meu avô me mostrava, e foi ali que percebi o meu dom para a pintura. Esta série é mais do que uma homenagem, é uma pequena mostra da representatividade que Guignard teve e sempre terá na minha arte”, diz Fernando Lucchesi, que teve forte influência do seu avô materno, com quem convivia na infância durante as idas na oficina de marcenaria e artesania, e do pai, que era mestre de obras e o levava para ajudar na pintura das casas que construía.

“Flores para Guignard” traz 41 quadros em pintura acrílica sobre tela e pintados pelo artista ao longo dos últimos 6 anos, no seu ateliê, em Nova Lima. Fernando Lucchesiconta que os quadros foram inspirados nas flores de Guignard, mas não as retratam literalmente. “As telas revelam a minha imaginação sobre o universo de Guignard, a partir da observação pessoal sobre as suas obras, em especial as flores. Em cada quadro eu exponho as minhas sensações e impressões, que se fundem com as flores e as paisagens presentes na vida de Guignard”, explica.

Errol Flynn, que assina a curadoria da exposição, “diz que as obras fazem um passeio pela vida de Guignard, a partir do imaginário de Fernando Lucchesi, desconhecido pelo público. “O título da série nos lembra que Guignard foi um grande pintor de flores, talvez o maior na arte moderna brasileira. Mas a sua obra reside com mais força nas paisagens de Minas. Este trabalho do Lucchesi traz um olhar muito sensível e diferenciado, que consegue unir as duas facetas de Guignard: as flores e a riqueza histórica das cidades mineiras, em especial, Ouro Preto”, define o curador. 

Para o escritor José Roberto Melo, mais que dissertar sobre a obra de Guignard, a série mostra o desejo de Lucchesi de evidenciar os fenômenos que cercam a história do seu mestre. “Lucchesi nos convida para um passeio e uma incursão, não às paisagens que Guignard pintou de Ouro Preto, mas ao interior mesmo do ambiente onírico da cidade envolta em brumas que ele criou como pouquíssimos. O que é apenas névoa e fogo passa a ser um emaranhado de flores e desenhos, num cenário onírico e inédito como na obra homenageada, com a ressalva de que, agora, a paisagem esboçada é vista por dentro. Tudo como se o artista nos convidasse a penetrar naquele que foi um dos mais profícuos, fecundos e criativos universos dentre os muitos que Guignard, com a sua genialidade, explorou”, diz.

Olívio Tavares de Araújo, um dos mais premiados e importantes críticos de arte do Brasil, define o novo trabalho de Lucchesi como uma bela surpresa, um fenômeno notável de pintura. “Mesmo que uma ou outra tela possa vir da realidade observada, a maioria são puras invenções, sempre sobre uma cenografia mágica que remete ao mundo de Guignard. Este conjunto me foi uma revelação, não só de pintura como também de uma riquíssima, surpreendente imaginação. Observem os quadros, detenham-se nos muitos detalhes ampliados. Tenho certeza de que haverá aí, para todos, uma verdadeira revelação. Eu posso assegurar que Guignard também, onde quer que se encontre, está felicíssimo com a qualidade da homenagem que recebeu.”

FERNANDO LUCCHESI

Fernando Luiz Lucchesi Cunha nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 18 de setembro de 1955. Embora não tenha frequentado nenhuma escola de Belas Artes, desde jovem mostrou-se interessado pela pintura e por objetos, observando a produção de artesãos mineiros em viagens pelo interior. A experiência de desenhista durante o período de serviço militar no Exército foi também marcante. O irmão Eduardo representou um apoio fundamental em sua formação. Financiou lhe um curso técnico de desenho arquitetônico e de cálculo estrutural, compartilhando seus interesses e estimulando-lhe a vocação.

Sua vida profissional inicia-se em 1977, quando ingressa no setor de artes plásticas do Palácio das Artes da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, sob a supervisão de Márcio Sampaio. Neste mesmo ano, participa de sua primeira exposição coletiva, A Paisagem Mineira. Em 1979, realiza sua primeira exposição individual na Fundação de Arte de Ouro Preto e participa das coletivas Desenho Mineiro, no Palácio das Artes, e Artistas Mineiros na Funarte, no Rio de Janeiro. Em 1980, participa com pinturas, desenhos e objetos da exposição Figuração Selvagem, no Palácio das Artes, e no mesmo de coletivas no Museus de Arte de Belo Horizonte e na Galeria do Grupo Corpo. Desde os primeiros anos de carreira, Fernando realiza inúmeras exposições individuais e coletivas, colocando sua marca no cenário das artes do país. Uma cronologia detalhada encontra-se no catálogo de sua exposição de 2015 na Galeria Errol Flynn, de Belo Horizonte.

Suas atividades didáticas têm início em 1981, no Festival de Inverno de Diamantina/MG, onde ministra uma oficina de objetos. Em 1983, passa a integrar a Escola de Artes e Ofícios de Contagem, Minas Gerais, idealizada por Amílcar de Castro (1920-2002), onde dá aulas de desenho, pintura e objeto para crianças carentes da cidade. Ao longo da década de 1980, além de pinturas, dedica-se a objetos e instalações de origem devocional, que trazem a influência da cultura popular e erudita mineira e revelam o passado barroco. Em 1989 muda-se para Ouro Preto, onde, no ano seguinte, durante a Semana Santa, realiza uma exposição a céu aberto, cobrindo com banners as fachadas das casas. Volta a residir em Belo Horizonte em 1995, e passa a realizar pinturas constituídas sobretudo por toques circulares do pincel. Produz com igual brilho obras de pequeno formato e de grandes dimensões. Muda-se de novo, transitoriamente, para Ouro Preto em 1997. Retorna em 1999, fixando residência e montando ateliê em Nova Lima, na região de Belo Horizonte.

Nas décadas de 1990, 2000 e 2010 mantém intensa atividade, mostrada em exposições individuais e coletivas no cenário nacional e internacional. A obra de Fernando Lucchesi foi registrada e estudada em livros por Aracy Amaral e Walter Sebastião e sempre mereceu de toda a crítica as mais positivas referências. Este ano, o artista realizou uma exposição individual na Galeria Caribé, em São Paulo/SP.