Especialistas da Fundação São Francisco Xavier desvendam mitos e dão dicas sobre o assunto
A escolha pela amamentação deve ser incentivada e é o grande foco da campanha Agosto Dourado. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de seis milhões de vidas são salvas por ano por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de idade. Além de proteger o bebê de doenças, a amamentação é responsável por estabelecer um vínculo afetivo entre a mãe e o filho. Especialistas da Fundação São Francisco Xavier, braço social da Usiminas nas áreas da saúde e educação, reforçam o incentivo e cuidados nesta fase.
A engenheira civil, Marilene Fátima Neves Silva Villela, é um exemplo de que com amor e paciência é possível amamentar mesmo diante de possíveis dificuldades. O desejo de ser mãe e alimentar a filha com o próprio leite era mais forte. Em sua primeira gravidez, ela teve muitas dúvidas, principalmente se a criança iria “pegar” o peito. Quando sua filha, Júlia, nasceu, a engenheira civil travou uma luta para amamentá-la e foi guerreira. “Minha filha não tinha forças para sugar o peito. Meu leite empedrou e ainda tive rachaduras no bico do seio. Eu sentia dores, sangrava, mas a minha vontade de amamentar era muito maior. Eu sabia que aquele leite era indispensável para ela crescer saudável”.
“Marilene e a filha Júlia 23 anos depois”
Determinada, Marilene contou com a ajuda de profissionais para passar pelo primeiro desafio na amamentação. Ela chegou a receber uma especialista na sua casa que lhe ensinou a fazer a extração manual do leite. “Em momento algum pensei em desistir. Quando olho para trás vejo que foi a melhor coisa que fiz. Depois dessas primeiras dores, foi tudo normal e mágico. A minha filha mamou durante dois anos e quatro meses. Ela sempre foi saudável, nunca ficou doente”, conta.
Assim como Marilene, algumas mães encontram dificuldades, mas não significa que não seja possível. “Cada mulher é única e não deve haver comparação. Tem mulheres que têm mamilos pequenos e mais planos que requerem mais estímulo e outras já conseguem que a criança faça a pega mais facilmente”, explica a técnica de enfermagem da Fundação São Francisco Xavier, Kely Cristina Rosa de Souza.
A técnica ressalta que para algumas mães os primeiros dias são de paciência. “É um passo de cada vez, respeitando o momento, a anatomia do corpo. Não se preocupe com a quantidade, a qualidade é o mais importante. Cada gotinha de leite vale ouro para prevenir infecções e salvar vidas”, completa.
Rede de apoio familiar
Para Maiara Fagundes de Almeida, psicóloga da Fundação São Francisco Xavier, existe uma maternidade idealizada. “O mais importante nesse momento é a mãe desejar amamentar e, principalmente, contar com o apoio de toda a família. A rotina vai mudar. O bebê tem os horários das mamadas. Ele tem a necessidade do vínculo. Então é aproveitar esse tempo para estar junto do seu filho”, explica.
A psicóloga ressalta também que o apoio familiar é muito importante para manter a saúde da mãe. “O papel do pai neste momento é essencial. A chegada de uma criança muda a dinâmica da família. Alguns papéis acabam sendo alterados. A mãe fica um pouco mais cansada, sobrecarregada. A amamentação é exclusiva da mãe, mas outros cuidados podem ser compartilhados, seja na hora de dar um banho, trocar a fralda ou mesmo colocar a criança para arrotar. A gente entende que muitos pais voltam rapidamente ao trabalho, mas quando estão em casa, é preciso ajudar o máximo que puder”.
Volta ao trabalho
O retorno ao trabalho também é um assunto que preocupa as mulheres que amamentam seus filhos. Segundo a psicóloga, a amamentação não precisa ser interrompida pelo retorno ao trabalho. “O processo de separação quando a mãe volta ao trabalho pode desencadear algumas questões emocionais. Existem maneiras de armazenar o leite materno para que a criança continue se alimentando dele. Chegou em casa, tire esse momento para estar com seu filho. O retorno ao trabalho não distancia a amamentação e nenhum vínculo. Ele é apenas uma mudança na rotina da mãe”, conclui.