Especialistas do Hospital 9 de Julho falam sobre riscos do excesso de peso para a saúde feminina
No mês de outubro, escolhido para aumentar a conscientização sobre a saúde feminina e em especial o câncer de mama, um fator de risco chama a atenção entre a população brasileira: a obesidade. Segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, realizado em 2018, metade dos brasileiros está acima do peso e 20% dos adultos do país é obeso.
Dr. Denis Pajecki, cirurgião especializado em cirurgia bariátrica do Centro de Controle do Peso do Hospital 9 de Julho, afirma que estudos internacionais apontam que a obesidade é fator de risco para diferentes tipos de câncer, como de fígado, esôfago e pâncreas. Nas mulheres, além desses órgãos, o excesso de peso acende um alerta para o perigo de aparecimento de tumores nas mamas e em partes do sistema reprodutor.

A ginecologista da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, Dra. Maria Carolina Madi, explica que no tecido gorduroso são produzidas proteínas inflamatórias e também algumas enzimas metabolizadoras de hormônios. Isso faz com que, de maneira geral, pessoas obesas apresentem níveis alterados dessas substâncias circulando em seu organismo, como é o caso da enzima aromatase.

“Nas mulheres, ocorre um aumento na produção do hormônio sexual estrogênio no tecido gorduroso através da conversão do hormônio testosterona pela enzima aromatase. Essa carga extra de estrogênio no corpo feminino se torna um importante fator de risco para surgimento de câncer nos órgãos que têm mais receptores para o hormônio estrogênio, com destaque para aumento de risco de câncer de mama e de endométrio.”

Câncer não é a única possível consequência dessa produção de estrogênio em excesso. Outro impacto se dá na desregulação do ciclo menstrual, podendo causar aumento no fluxo ou amenorreia (ausência de menstruação). Nas mulheres que estão acima do peso, a ovulação também sofre alterações e isso, junto a outros fatores, pode levar a infertilidade ou uma dificuldade maior para engravidar.

Nas mulheres, a obesidade é também fator de risco para a incontinência urinária. “O excesso de peso provoca uma sobrecarga sobre o assoalho pélvico, levando ao enfraquecimento dos músculos. A médio e longo prazo, isso pode acarretar ou agravar um quadro de incontinência urinária, que vai causar transtornos e impactar sua qualidade de vida”, diz Denis Pajecki.