Com doações de cestas básicas da organização social TETO, um grupo de moradores da comunidade Terra Nossa se uniu para alimentar os vizinhos em situação de vulnerabilidade.

Com a despensa vazia, ficar em casa se tornou um desafio para cerca de 400 famílias — a maioria formada por trabalhadores da economia informal — que vivem na comunidade Terra Nossa, em Belo Horizonte. Para garantir refeições diárias aos mais vulneráveis, os moradores montaram uma cozinha comunitária na sede e se uniram para preparar os alimentos fornecidos pela organização social TETO e outras instituições.

 “Não temos cestas básicas para todos, mas com a cozinha comunitária estamos conseguindo dividir e alimentar quem precisa”, disse o morador Ighor de Souza, que coordena a iniciativa. Antes da pandemia, essas famílias viviam com R$ 210 mensais por pessoa (Censo TETO Brasil, 2019). Com o isolamento social e as restrições impostas pelo Ministério da Saúde, essas famílias viram a renda diminuir e enfrentam dificuldades para comprar itens básicos nesse período.

As doações de cestas básicas e produtos de limpeza têm sido fundamentais para os moradores conseguirem enfrentar a pandemia de Covid-19 em segurança. Em Terra Nossa, a TETO entregou mais de 2,3 toneladas de alimentos, 150 galões de água, 1.660 produtos de limpeza, 200 máscaras de pano e 100 pares de luvas descartáveis. No estado, a organização também entregou donativos nas comunidades Guarani Kaiowá, em Contagem, Dom Tomás Balduíno, em Betim, Pátria Livre e Aldeia Naô Xohã, ambas em São Joaquim de Bicas. 

“O pilar da atuação da TETO é o desenvolvimento comunitário. Desde 2017, a organizacão tem fomentado as capacidades dos moradores de Terra Nossa para que eles atinjam um processo de autogestão e sejam os protagonistas das mudanças na comunidade. O resultado pode ser observado na cozinha comunitária e na escada que eles construíram para melhorar o acesso”, explica Valter Gomes, gestor da TETO em Minas Gerais.

Enquanto voltar a rotina não é uma opção, a cozinha comunitária seguirá cumprindo sua missão de alimentar todos os moradores e, assim, oferecer condições para que eles permaneçam em casa seguindo as orientações dos órgãos de saúde. Mas tudo isso é um desafio, “lutamos para ter uma vida melhor e tenho fé que vai dar certo porque é uma iniciativa que fazemos com amor para a toda comunidade”, diz Ighor de Souza.

 A organização também tem apoiado as comunidades de Minas Gerais com informações de enfrentamento ao novo coronavírus a partir da realidade dos moradores de favelas e aglomerados. Os conteúdos temáticos do “Xô, Coronavírus” são em formato de imagens e áudios curtos para serem disseminados pelos aplicativos de mensagem. Todo o material está disponível para acesso.