O pianista russo Vladimir Feltsman volta a se apresentar com a Filarmônica de Minas Gerais nos dias 11 e 12 de abril, às 20h30, na Sala Minas Gerais, e interpreta o Concerto para piano em lá menor, op. 16, de Grieg,obra essencial do repertório para piano. O maestro Marcos Arakaki faz uma releitura da Sinfonia em ré menor, de Franck. Completa o programa a vibrante Suíte Festiva do compositor carioca Ronaldo Miranda, composta para a visita do Papa João Paulo II ao Brasil.
Antes das apresentações, entre 19h30 e 20h, o público poderá assistir aos Concertos Comentados. O palestrante desta semana é o próprio maestro Marcos Arakaki. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.
Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cidadania e Governo de Minas Gerais e contam com o patrocínio da ArcelorMittal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Repertório
Sobre a Suíte Festiva
Ronaldo Miranda (Rio de Janeiro, Brasil, 1948) e a Suíte Festiva (1997)
Ronaldo Miranda nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Estudou Composição com Henrique Morelenbaum e Piano com Dulce de Saules, na Escola de Música da UFRJ. Começou sua carreira como crítico de música do Jornal do Brasil e intensificou seu trabalho como compositor a partir de 1977, quando obteve o 1º Prêmio no Concurso de Composição da II Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Sala Cecília Meireles, na categoria de música de câmara. Recebeu vários prêmios em concursos brasileiros de composição, bem como o Troféu Golfinho de Ouro (1981), o Prêmio APCA (1982, 2006 e 2013) e o Troféu Carlos Gomes (2001). Suíte Festiva estreou em novembro de 1997 no Concerto de Louvação, realizado na Sala Cecília Meireles, com a Orquestra Sinfônica Brasileira e sob a regência de Roberto Tibiriçá. Ao lado de composições de Korenchendler, Almeida Prado, Tacuchian e Krieger, Suíte Festiva homenageou a vinda ao Brasil do Papa João Paulo II. Comissionada pela Prefeitura do Rio de Janeiro para a ocasião, a suíte se divide em três partes, Entrata, Sombras e luzes e, por fim, Toccata.
Sobre o Concerto para piano de Grieg
Edvard Grieg (Bergen, Noruega, 1843 – 1907) e o Concerto para piano em lá menor, op. 16 (1868 | Versão final, 1906)
Numa carta aos pais, escrita em Roma em 1870, Grieg narra o episódio em que ele mostra a Franz Liszt seu Concerto para piano: “estávamos curiosos para ver se ele seria capaz de tocar meu concerto à primeira vista. Por mim, achava isso impossível. Liszt era de outra opinião. E pôs-se a tocar. Ao terminar, pôs-se de pé, afastou-se e, em grandes passadas pela sala, vociferava: ‘Sol, sol e não sol sustenido!’ E então, como entre parênteses, baixinho: ‘Smetana trouxe-me recentemente qualquer coisa nesse gênero’. Por fim, devolvendo-me o trabalho, disse-me com aquele seu modo estranho e profundo: ‘Continue assim, é o que lhe digo; você possui as qualidades necessárias; não se deixe amedrontar’”. O episódio revela pontos cruciais acerca dessa obra fundamental tanto da literatura pianística quanto do universo sinfônico. Em primeiro lugar, a grande bravura técnica que demanda do intérprete. Em segundo, a inserção de Grieg em um braço do Romantismo que se volta para origens nacionais, como uma busca por novos materiais expressivos para embasar expressões artísticas individuais. Por fim, as proféticas palavras de Liszt, que posicionam Grieg em um lugar importante da música ocidental, para além do próprio movimento romântico. O opus 16 foi a obra que mais contribuiu para o reconhecimento de Edvard Grieg. Formalmente, o Concerto em lá menor não traz grandes novidades, mas ele se destaca na riqueza de seu trabalho melódico e harmônico e em uma rítmica viva, como a do terceiro movimento, onde se observa sua relação com o folclore e, nela, seu próprio caminho de expressão pessoal.
Sobre a Sinfonia em ré menor
César Frank (Liège, Bélgica, 1822 – Paris, França, 1890) e Sinfonia em ré menor (1886/1888)
Como organista de igreja, César Frank levava uma vida metódica. Profundamente religioso, exercia seu trabalho como uma missão. Aos cinquenta anos, foi nomeado professor de órgão pelo Conservatório de Paris, onde suas aulas acabaram se transformando em verdadeiras classes de composição para uma geração de alunos que o adoravam. Era o começo de um reconhecimento público tardio e que só se consolidou após sua morte. Por longo tempo condenado à obscuridade, Franck tornou-se extremamente meditativo, meticuloso e exigente como compositor. Em seus últimos anos, dedicava-se de cada vez a um gênero para, nele, lapidar apenas uma e definitiva obra-prima. Assim surgiram várias obras decisivas, inclusive a Sinfonia em ré menor, que marca um ponto culminante na renovação da música orquestral francesa do final do século XIX.
Maestro Marcos Arakaki
Marcos Arakaki teve seu talento reconhecido a partir de 2001, quando venceu o I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica. Desde então, tem dirigido as principais orquestras brasileiras, além da Filarmônica de Buenos Aires, de Karkhiv na Ucrânia, a Boshlav Martinu na República Tcheca, a Sinfônica de Xalapa e da Universidade Autônoma do México. Concluiu bacharelado em Música pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e mestrado em Regência Orquestral pela University of Massachusetts. No Aspen Music Festival and School, Estados Unidos, recebeu orientações de David Zinman, Kurt Masur, Charles Dutoit e Sir Neville Marriner. Atuou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Como regente titular, promoveu uma elogiada reestruturação na Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. Recebeu o Prêmio Camargo Guarnieri, concedido pelo Festival Internacional de Campos do Jordão, e gravou com a OSB a trilha do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.
Arakaki tem acompanhado importantes artistas, tais como Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitiskaya, Sofya Gulyak, Ricardo Castro, Pinchas Zukerman, Rachel Barton Pine, Chloë Hanslip, Luíz Fílip, Victor Julien-Laferrière, Günter Klaus, Eddie Daniels, David Gérrier e Yamandu Costa.
Desenvolve atividades como coordenador pedagógico, professor e palestrante em projetos culturais, universidades e conservatórios. Professor visitante da Universidade Federal da Paraíba por dois anos, contribuiu para a consolidação da recém-criada Orquestra Sinfônica da UFPB.
Marcos Arakaki é regente associado da Filarmônica de Minas Gerais e colabora com a Orquestra desde 2011, com destacada atuação nos concertos para formação de público. É autor do livro A História da Música Clássica Através da Linha do Tempo, lançado em 2019.
Vladimir Feltsman, piano
O pianista e regente Vladimir Feltsman é um dos músicos mais versáteis e engajados de nosso tempo. Seu vasto repertório engloba a música do Barroco ao século XXI. Ele tem se apresentado com todas as grandes orquestras norte-americanas e nos mais prestigiosos palcos e festivais ao redor do mundo. Um educador dedicado de jovens músicos, Feltsman detém a Distinguished Chair de professor de Piano na Universidade do Estado de Nova York (SUNY), em New Paltz, e é membro da Faculdade de Piano do Mannes College of Music, na cidade de Nova York. Seu mais recente projeto, Masterpieces of the Russian Underground (Obras-primas do Underground Russo, em livre tradução), revela um panorama da música russa contemporânea por meio de uma pesquisa sem precedentes de peças para piano e de câmara escrita por 14 compositores diferentes, desde Shostakovich aos dias atuais. Em janeiro de 2003, Masterpieces… foi apresentado com grande êxito pela Sociedade de Música de Câmara do Lincoln Center, prestigiosa organização nova-iorquina.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Criada em 2008, desde então a Filarmônica de Minas Gerais se apresenta regularmente em Belo Horizonte. Em sua sede, a Sala Minas Gerais, realiza 57 concertos de assinatura e 12 projetos especiais. Apresentações em locais abertos acontecem nas turnês estaduais e nas praças da região metropolitana da capital. Em viagens para fora do estado, a Filarmônica leva o nome de Minas ao circuito da música sinfônica. Através do seu site, oferece ao público diversos conteúdos gratuitos sobre o universo orquestral.
O impacto desse projeto artístico, não só no meio cultural, mas também no comércio e na prestação de serviços, gera em torno de 5 mil oportunidades de trabalho direto e indireto a cada ano. Sob a direção artística e regência titular do maestro Fabio Mechetti, a Orquestra conta, atualmente, com 90 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas Central e do Norte e Oceania, selecionados por um rigoroso processo de audição. Reconhecida com diversos prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, ao encerrar seus 10 primeiros anos de história, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais recebeu a principal condecoração pública nacional da área da cultura.
Trata-se da Ordem do Mérito Cultural 2018, concedida pelo Ministério da Cultura, a partir de indicações de diversos setores, a realizadores de trabalhos culturais importantes nas áreas de inclusão social, artes, audiovisual e educação. A Orquestra foi agraciada, ainda, com a Ordem de Rio Branco, insígnia diplomática brasileira cujo objetivo é distinguir aqueles cujas ações contribuam para o engrandecimento do país.
O corpo artístico Orquestra Filarmônica de Minas Gerais é oriundo de política pública formulada pelo Governo do Estado de Minas Gerais. Com a finalidade de criar a nova orquestra para o Estado, o Governo optou pela execução dessa política por meio de parceria com o Instituto Cultural Filarmônica, uma entidade privada sem fins lucrativos qualificada com os títulos de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e de Organização Social (OS), um modelo de gestão flexível e dinâmico, baseado no acompanhamento e avaliação de resultados.