Ícones das animações ganham novas configurações e levantam questionamentos acerca da sociedade contemporânea
Personagens que fazem parte do imaginário das pessoas são desconstruídos e reconstruídos pelo artista Avilmar Maia na exposição Pulsa. A mostra conta com 19 obras e será exibida na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura de 5 de fevereiro de 2019 a 31 de março de 2019. Em um processo intuitivo de criação, ícones de ação e de animação, famosos nos quadrinhos, TV e cinema, como Hulk, Super-Homem, Minnie, Buzz Lightyear, de Toy Story, são usados como matéria-prima para a produção das obras que instigam reflexões sobre crenças, mitos e símbolos da sociedade contemporânea.
A proposta do artista é desconstruir miniaturas que traduzem conceitos pré-estabelecidos pela indústria cultural. As novas configurações propostas, associadas algumas vezes ao nome escolhido para a obra, trazem ao público a possibilidade de novas interpretações, sensações e críticas. Na peça “Carochinha”, por exemplo, em uma estranha montagem, a miniatura de um porco ganha uma cabeça de pelúcia do Pluto, o cachorro do Mickey Mouse.
Outra característica presente nas peças é a fusão de personalidade. Em “Gaia”, por exemplo, o corpo do Super-Homem recebe a cabeça da Minnie – um corte e colagem radicais de dois consagrados personagens da cultura ocidental. Para o artista, as pessoas precisam encontrar as próprias referências, para perceber seu trabalho de forma mais crítica ou lúdica. “Isso é uma experiência subjetiva, cada um interpreta a sua maneira”, afirma Avilmar.
Para criar as obras, o artista – que tem formação em medicina – utiliza recursos como cortes, enxertos, transplantes, suturas, entre outros, para desmontar e recombinar os objetos em cenas que também retomam memórias da infância. “Quando eu escolho esses objetos eles já não são mais brinquedos e se transformam em matéria-prima. Eles adquirem outra dimensão”, declara. Ao fragmentar os elementos para construção das obras, o artista propõe a discussão de diversas narrativas e símbolos da sociedade, processo marcante da arte contemporânea.
Uma das vertentes do título Pulsa vem de uma derivação de “pulsão”, termo freudiano que indica o conceito limite entre o somático e o psíquico, uma agitação interna, presente em todos nós. “Minha linha de pesquisa talvez esteja aí, nesse ponto-limite, entre o corpo e a mente. Essa agitação interna pulsional retorna dando vida aos brinquedos”, explica Avilmar.
A mostra abre o ciclo de exposições do 3º Programa de Seleção da Piccola Galleria, da Casa Fiat de Cultura para 2019. “O espaço reforça o compromisso da Casa Fiat de Cultura com o cenário cultural e propõe novas reflexões e experiências por meio da interação do público com a arte contemporânea. Nosso propósito é também abrir espaço para a produção artística brasileira e revelar suas tendências”, afirma o presidente da Casa Fiat de Cultura, João Ciaco.
A exposição Pulsa é uma realização do Ministério da Cidadania, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Casa Fiat de Cultura, com o patrocínio da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), Fiat Chrysler Finanças e Banco Safra. A exposição conta com apoio institucional do Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), Governo de Minas e Governo Federal.
Avilmar Maia
Nascido em Montes Claros, em 1970, região norte de Minas Gerais, Avilmar Maia é graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Desde a infância ele já demonstrava gosto pela arte. Entre 2010 e 2014, quando veio para Belo Horizonte para fazer especialização em psiquiatria pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) e mestrado em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), decidiu tornar-se artista. Fez cursos na Escola Guignard, na Faculdade de Belas Artes da UFMG e no Museu Inimá de Paula. Desde então realiza exposições coletivas no Brasil e no exterior, tendo passado pela capital mineira, Curitiba (PR), França, EUA e Finlândia.
Piccola Galleria
O espaço é destinado a novos artistas e foi criado em 2016 com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas que, nesta edição de 2019, foi integrada pelo curador Marconi Drummond, pela artista plástica Nydia Negromonte e pelo arquiteto Paulo Waisberg. A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros.
Em três programas de seleção, a Piccola Galleria recebeu 207 inscrições e, entre 2016 e 2018, já apresentou o trabalho de 12 artistas, 187 obras de arte e recebeu mais de 120 mil visitantes. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.
Seis artistas foram escolhidos no 3º Programa de Seleção da Piccola Galleria. A exposição PULSA, de Avilmar Maia, iniciará o novo ciclo de mostras. Na programação do ano também estão previstas: “Tudo é Eco no Universo” (Augusto Fonseca), “Pequena rota do insuspeitável” (Cyro Almeida), “Sagoma” (Henrique Detomi), “Mau olhado – bem olhado” (Janaína Barros e Wagner Leite) e “Inventário” (Luiza Nobel).
Casa Fiat de Cultura
A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural mineiro, ao realizar as mais prestigiadas exposições do Brasil. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braile e atendimento em libras. Mais de 40 mostras de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 13 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 2,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 400 mil participaram de suas atividades educativas.
SERVIÇO
Exposição PULSA – Avilmar Maia na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura
5 de fevereiro a 31 de março
Terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Casa Fiat de Cultura
Circuito Liberdade
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 21h – Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Informações
(31) 3289-8900
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