A indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, como é conhecida a interação dos mundos virtual e físico por meio da tecnologia, está alterando de maneira significativa as formas de produzir, consumir e de fazer novos negócios. O tema foi destaque na Superminas durante o Seminário ABIP-PROPAN, que integra a extensa programação técnica da feira, com mais de 70 eventos, entre palestras, workshops, aulas-show e rodadas de negócio.
Segundo o palestrante Ricardo Aloysio, gerente de Educação para a Indústria do SENAI, o conceito foi criado na Alemanha, em 2011, e é baseado na incorporação da digitalização à atividade industrial. Isto é, fábricas automatizadas, com máquinas modernas e silenciosas, controladas por robôs gerando uma enorme quantidade de dados interconectados que se comunicam trazendo mais agilidade ao sistema produtivo.
O especialista apontou que no Brasil grande parte das empresas ainda está em transição entre os sistemas de produção. “Temos no país um quadro de que um número relevante de empresas está entre a 2ª e 3ª fases do desenvolvimento industrial. Isto é, grande parte delas ainda é mecanizada ou automatizada.” Ele ainda comparou a situação brasileira com outros países. “Na Alemanha, por exemplo, o cenário é diferente uma vez que até micro e pequenas empresas já são automatizadas. Lá, isso é viável, devido ao fato de a automatização ser mais acessível e o custo da mão-de-obra muito mais elevado que aqui,” disse.
Para Aloysio, alguns fatores serão essenciais para a consolidação do conceito no Brasil, seja no setor industrial, supermercadista ou da panificação. O primeiro deles é o appification, ou a integração cada vez maior entre homens, máquinas e aplicativos mobile durante o processo produtivo; o cloudification, sistemas de informação com dados disponibilizados em nuvens cibernéticas; servicification, conceito baseado na importância de um serviço prestado ao invés do produto como, por exemplo, o Uber ao invés de um carro, além de descentralização processual e administrativa.
O representante do SENAI enfatizou durante sua fala que o conceito de Indústria 4.0 deve ser encarado pelos empresários como uma “jornada de transformação”, que deve ser realizado em cinco passos – Otimização de processos; sensorização e conexão por meio da internet das coisas; visibilidade e transparência; capacidade preditiva e flexibilidade e adaptabilidade. “A recomendação é que, em primeiro lugar, os empresários organizem seu sistema produtivo para redução de desperdícios, por meio de conceitos como a manufatura enxuta. A técnica foi implantada pelo SENAI em várias empresas no programa Brasil Mais Produtivo com aumento médio de produtividade de mais de 50%”, ressaltou.Logo após, a o ideal é instalar sensores nas principais linhas de produção e capacitar funcionários para analisar as informações geradas. Aliado a isso, é importante que se tenha profissionais qualificados para lidar com as novas tecnologias, é o que aponta Ricardo Aloysio.
O próximo passo recomendado é tornar as informações produzidas pelos sensores e torna-los integrados aos indicadores existentes na empresa. Neste contexto de digitalização, e com o aumento da facilidade de obtenção de informações ordenadas de produção, é possível atingir outro nível da jornada do aumento de produtividade, que é a capacidade preditiva. Já o último nível é a introdução de outras tecnologias durante o processo produtivo como obig data, inteligência artificial, além das realidades mista, aumentada e virtual, que servem como ferramentas de resposta mais rápida às demandas dos clientes.
Ricardo Aloysio ainda alertou os empresários dos setores supermercadista e da panificação que a Indústria 4.0 não é um modismo e veio para ficar. Segundo ele, o conceito pode trazer potencialmente vários ganhos para os negócios como um redução do consumo de energia entre 10 a 20%, sendo que este é um dos principais gastos do setor panificador, além de uma redução de até 40% dos custos de manutenção e um aumento de eficiência de trabalho entre 10 e 25%. “O conceito de Indústria 4.0 não deve ser encarado apenas como novas tecnologias, mas, a partir daqui, como parte do modelo de negócios de cada um, é um modelo que veio para ficar”, finalizou.
Seminário ABIP-Propan
O Seminário ABIP-Propan ainda promove mais dois encontros durante a Superminas 2018, nesta quinta-feira, 18/10. O primeiro deles é a palestra “Estratégias de Competitividade: Panificação dentro do Varejo Alimentar”, com Márcio Rodrigues, do Instituto Tecnológico da Alimentação, Panificação e Confeitaria (ITPC), que acontece no auditório ouro, a partir das 09h. Logo após, às 11 horas, o tema será “Inovar com freezer e balança! Congelamento, pré-pesagem e fermentação longa para qualquer panificador”, com a instrutora em segurança de alimentos e análises químicas, Cláudia Márcia de Oliveira.