Maristela Bretas

Shane Black relembra os tempos de sargento Richard Hawkins, de “O Predador” (1987) e retoma a famosa franquia como roteirista e diretor desta nova versão do ser alienígena mais monstruoso do cinema. Se há 31 anos, ele lutou ao lado de Arnold Schwarzenegger (que fez o papel do major Alan Schaeffer) na caçada aos invasores do espaço, hoje Black coloca seu lado irônico para recontar a história que foi sucesso na época a sua maneira, utilizando inclusive o tema musical original.

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Os fãs da franquia não devem gostar muito das mudanças. Mas uma coisa foi melhorada – o sorriso da morte da fera ficou mais assustador e com mais dreads na cabeça. Em “O Predador” (“The Predator”), que acaba de ser lançado nos cinemas, o ser alienígena tem DNA humano com a força e o corpo do antigo inimigo dos terráqueos.

Os efeitos visuais ficaram muito bons, mas o roteiro não corresponde ao esperado, prejudicando inclusive o elenco, que também não é muito carismático. Até mesmo Jacob Tremblay, o menino prodígio de “O Quarto de Jack” (2013) e “Extraordinário” (2017) foi transformado num clichê da criança que vai resolver tudo. Ele é um garoto com autismo, filho do herói Quinn McKenna, um ex-fuzileiro naval interpretado pelo fraco Boyd Holbrook (“Logan” – 2017).

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Quinn McKenna é o típico mocinho que acha que vai matar com tiros de pistola um ser super forte e inteligente, que tem a capacidade de desaparecer. Se o personagem não conquista o público, acontece o contrário com o grupo de desajustados comandados por ele para combater o predador. Cinco ex-combatentes do exército, cada um com sua loucura, proporcionam as cenas e diálogos mais divertidos do filme. E também os questionamentos mais sérios, principalmente sobre quem é o verdadeiro inimigo e os verdadeiros assassinos.

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Claro que o Predador é a estrela do filme, um personagem bem interessante, mas deixa o expectador menos tendo que seu antecessor da década de 80, que só queria caçar e matar com requintes de crueldade. Esse também separa corpos e tem prazer em ver muito sangue e fazer suas vítimas sofrerem. Mas não é nada comparado ao conterrâneo que vem à Terra caçá-lo, mais forte e brutal.

“O Predador” 2018 também tem em seu elenco a atriz Olivia Munn (“Oito Mulheres e Um Segredo” – 2017) como a cientista chamada para investigar o retorno dos predadores ao planeta. Mal aproveitada, fica parecendo que o diretor escalou uma mulher para um papel de destaque no filme para não ser chamado de machista.

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O novo filme começa com uma perseguição entre naves alienígenas que traz à Terra um novo predador. Ele acaba sendo capturado por humanos, mas um dos militares, Quinn McKenna, que estava em operação na área, rouba o capacete e bracelete do alienígena. A bióloga Casey Brackett (Olivia Munn) é chamada para examinar o ser recém-descoberto, mas ele consegue escapar do laboratório após uma matança geral. Ao tentar recapturá-lo, Casey encontra McKenna, que está em um ônibus com ex-militares com problemas. Juntos, eles buscam um meio de sobreviver e, ao mesmo tempo, proteger o Rory (Jacob Tremblay), filho de McKenna, que está com os artefatos alienígenas pegos pelo pai.

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Mesmo com um ritmo frenético no início, diálogos divertidos e muita ação na metade da exibição e um final bem aquém do esperado, sem o mesmo impacto do primeiro filme, “O Predador” é um bom entretenimento. Vale a pipoca e o ingresso no cinema e praticamente revela uma possível continuação. Fica um alerta: a versão 3D é muito escura e atrapalha a visualização de algumas cenas. O 2D pode ser uma opção melhor.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Shane Black
Produção: 20th Century Fox / Dark Castle Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h45
Gêneros: Ação / Ficção
País: EUA
Classificação: 18 anos
Nota: 3 (0 a 5)