O violonista Aliéksey Vianna é o solista convidado, e músicos da Orquestra ocupam o centro do palco: os violinistas Jovana Trifunovic e Tiago Ellwanger, o violista João Carlos Ferreira e o violoncelista Eduardo Swerts

A música dos países hispânicos será apresentada pela Filarmônica de Minas Gerais no dia 18 de agosto, às 18h, na Sala Minas Gerais, em suas “Expedições Musicais”, dentro da série Fora de Série 2018, realizada em nove sábados ao longo do ano. A regência é do maestro Marcos Arakaki. Nesse concerto, o público poderá apreciar as envolventes qualidades de um tango argentino, de danças típicas chilenas e do flamenco espanhol, tão influenciado pela música cigana e mourisca que compõe a base da cultura hispana. O violonista belo-horizontino Aliéksey Vianna apresenta um dos concertos mais populares de todo o repertório, o Concerto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo. Os músicos da Orquestra Jovana Trifunovic (violino), Tiago Ellwanger (violino), João Carlos Ferreira (viola) e Eduardo Swerts (violoncelo) formam um quarteto de cordas para interpretar Tango Ballet de Piazzolla. O concerto terá também obras de Soro – Tres aires chilenos; de Falla – a Suíte nº 1 de O chapéu de três pontas; de Turina – Danças Fantásticas, op. 22; e de Granado – Goyescas: Intermezzo. Os programas da série Fora de Série em 2018 sempre terão uma obra de câmara apresentada por músicos da Filarmônica.
A série Fora de Série tem como tema Expedições Musicais. Os nove concertos exploram diferentes regiões e culturas por meio das variações formais que a música pode ter. As apresentações são iniciadas com obras camerísticas, e o repertório segue com peças de estruturas musicais maiores para grupos mais numerosos. Os temas dos concertos são: Itália, França, Rússia, Leste europeu, Estados Unidos, Países hispânicos, Países nórdicos, Alemanha e Brasil.
Este concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Aliança Energia por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O repertório

“Expedições: Países hispânicos”

Astor Piazzolla (1921-1992): Tango Ballet
Enrique Soro (1884-1954): Tres aires chilenos
Joaquín Rodrigo (1901-1999): Concerto de Aranjuez
Manoel De Falla (1876-1946): O chapéu de três pontas: Suíte nº 1
Joaquín Turina (1882-1949): Danças Fantásticas, op. 22
Enrique Granados (1867-1916): Goyescas: Intermezzo

Influenciado pelas aulas de composição de Nadia Boulanger e pelo jazz do saxofonista Gerry Mulligan, que descobriu quando vivia em Paris, Astor Piazzolla retornou em 1955 à Argentina e criou o Octeto Buenos Aires. À formação clássica do sexteto de tango, que contava com dois bandoneons, dois violinos, um contrabaixo e um piano, Piazzolla acrescentou um violoncelo e uma guitarra elétrica, dando vazão a novas sonoridades e a uma linguagem que mescla elementos do tango tradicional, do jazz e da música de concerto europeia; inaugurava, com isso, o Nuevo Tango. Para seu recém-criado grupo compôs, em 1956, Tango Ballet, uma suíte programática em seis cenas – Introdução, A Rua, Encontro-Esquecimento, Cabaré, Solidão, A Rua. Anedótico e sentimental, esse tango foi posteriormente transcrito para orquestra e quarteto de cordas, e é esta última versão que será interpretada neste concerto.

Composta em 1942, Tres aires chilenos marca, com a Suite en estilo antiguo, de 1943, o fim da vida composicional de Enrique Soro. Estreada no mesmo ano de sua criação, a obra inspira-se na famosa cueca – conjunto de danças e estilos musicais da região dos Andes – Ciento veinticinco pesos, mantendo a métrica característica e importando seus padrões rítmicos e melódicos. A clareza musical deixa transparecer o material folclórico, e cada aire traça um ambiente independente. O primeiro mescla o sentimental com certa alegria cadenciada; o segundo apresenta doces recitativos preparatórios de uma euforia subsequente; e o último retrata a vivacidade da dança chilena. Obra que figura entre as mais aclamadas e bem recebidas de Soro, Tres aires chilenos é uma das poucas em seu repertório que fazem alusão direta à cultura regional. Tornou-se um de seus trabalhos mais populares e duradouros, representando um marco na música orquestral de seu país.

Composto pelo espanhol Joaquín Rodrigo, em 1939, o mais famoso concerto para violão e orquestra foi inspirado nos jardins do Palacio Real de Aranjuez, residência de primavera da família real espanhola no tempo de Filipe II. Para o compositor, o concerto evoca “a fragrância das magnólias, o cantar dos pássaros e o borbotar das fontes” daquele jardim. Seu famoso adagio, como revelado na autobiografia de Victoria Kamhi, sua esposa, foi inspirado tanto nos felizes dias da lua de mel do casal quanto na dor da perda ainda durante a gestação de seu primeiro filho. Composto em Paris, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o concerto foi estreado no dia 9 de novembro de 1940, no Palau de la Música Catalana, em Barcelona.

Após a Primeira Guerra, o diretor dos Ballets Russes, Sergei Diaghilev, propôs a Manuel de Falla criar uma obra tipicamente espanhola, à altura das produções mais famosas de sua companhia — entre elas, A Sagração da Primavera, de Stravinsky. Surge assim O chapéu de três pontas, baseado na farsa popular do escritor Pedro de Alarcón. A estreia foi em Londres, em julho de 1919, com cenários e figurinos de Picasso, coreografia de Massine e direção musical de Ernest Ansermet. Para apresentações em concerto, Falla condensou o balé em duas suítes orquestrais, cada uma com três movimentos que seguem as peripécias do enredo. A Suíte nº 1 traz as partes “A tarde”, “Dança da mulher do moleiro” e “As uvas”, que, como o restante da obra, respiram bom humor, juventude e vitalidade. Com O chapéu de três pontas, Falla conseguiu, simultaneamente, cultivar as tradições literárias e musicais folclóricas de sua terra e projetar-se entre as vanguardas artísticas das primeiras décadas do século XX.

Foi o também espanhol Isaac Albéniz quem convenceu o jovem Joaquín Turina de que ele deveria parar de escrever obras de sabor internacional e começar a resgatar suas origens andaluzas. A partir desse encontro, a verve compositora de Turina passou por uma mudança irreversível, tornando-se a expressão fiel da música folclórica espanhola, principalmente daquela ouvida nas ruas de Sevilha, sua cidade natal. Depois de um tempo morando em Paris, ele voltou a seu país e instalou-se em Madri, onde criou as Danças Fantásticas, a mais conhecida de suas obras. Inspirada na novela Orgía, de José Más, a peça possui três movimentos, que colocam em diálogo diferentes danças e ritmos ibéricos: a jota aragonesa, a seguidilla, o zorcico basco, a farruca andaluza, entre outros. Originalmente composta para piano, foi logo orquestrada pelo próprio Turina e estreou em fevereiro de 1920, em Madri.

Em 1910, Enrique Granados escreveu Goyescas, suíte para piano solo que inspiraria a criação, em 1915, de uma ópera homônima em um ato. Esta, segundo o artista espanhol, seria “um retrato da vida quintessencialmente espanhola”. Como nos trabalhos de Goya, na música coexistem o amoroso e o apaixonado, o dramático e o trágico. Concebido no intuito de preencher uma longa mudança de cena, o Intermezzo foi escrito numa única noite, alguns dias antes de sua estreia, no dia 28 de janeiro de 1916, no Metropolitan Opera House de Nova York. Embora de pequenas dimensões, tornou-se a obra orquestral mais conhecida e executada de Granados.

Maestro Marcos Arakaki

Regente Associado da Filarmônica, Marcos Arakaki colabora com a Orquestra desde 2011. Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o primeiro lugar no Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes (2001) e no Prêmio Camargo Guarnieri (2009). Foi semifinalista no Concurso Internacional Eduardo Mata (2007).

O maestro foi regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), bem como titular da OSB Jovem e da Sinfônica da Paraíba. Dirigiu as sinfônicas do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo, Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica e Orquestra Experimental de Repertório. No exterior, regeu as filarmônicas de Buenos Aires e da Universidade Autônoma do México, Sinfônica de Xalapa, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e BoshlavMartinuPhilharmonic da República Tcheca.

Arakaki tem acompanhado importantes artistas do cenário erudito, como Pinchas Zukerman, Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, SofyaGulyak, Ricardo Castro, Rachel Barton Pine, ChloëHanslip, LuízFilíp, Günter Klauss, Eddie Daniels, David Gerrier, Yamandu Costa.

Natural de São Paulo, é Bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista, na classe de Violino de Ayrton Pinto, e Mestre em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts. Participou do Aspen Music Festival and School, recebendo orientações de David Zinmanna American Academy of Conducting at Aspen. Esteve em masterclasses com Kurt Masur, Charles Dutoit e Neville Marriner.

Seu trabalho contribui para a formação de novas plateias, em apresentações didáticas, bem como para a difusão da música de concerto em turnês a mais de setenta cidades brasileiras. Atua como coordenador pedagógico, professor e palestrante em projetos culturais, instituições musicais e universidades.

Aliéksey Vianna, violão

Mineiro de Belo Horizonte, Aliéksey Vianna iniciou os estudos em violão em sua terra natal, mas logo seguiu carreira no exterior. Obteve seu bacharelado no Conservatório de São Francisco (EUA), na classe de David Tanenbaum, e dois mestrados – um em violão erudito, na classe de Pablo Márquez, e o outro em jazz, na classe de Wolfgang Muthspiel –, ambos na Musik Akademie der Stadt Basel (Suíça). Ao longo dos anos, Aliéksey foi premiado em mais de vinte concursos internacionais de violão e, desde então, tem atuado como solista em mais de trinta países e colaborado com músicos dos mais diversos estilos, como Pierre Boulez, Petri Sakari, Sérgio Assad, Paul McCandless, Dusan Bogdanovic, Peter Erskine e Tracy Silverman. Convidado frequente de diversos festivais, já atuou frente a grupos como a Orquestra Sinfônica da Basileia (Suíça), Aukso Tychy Chamber Orquestra (Polônia) e Orquestra Filarmônica de Turku (Finlândia). Possui cinco discos gravados, o mais recente lançado em 2017, com o baixista venezuelano Roberto Koch.

Jovana Trifunovic, violino

Jovana nasceu em Páracin, na Sérvia. Lecionou violino na Escola de Música Miloje Milojevic, na cidade de Kragujevac, também em seu país natal. Em Belgrado, integrou a Orquestra Sinfônica RTS e as orquestras de câmara Dusan Skovran e St. George Strings. Em 2001, Jovana ganhou o terceiro lugar na Competição Internacional Petar Konjovic e, no ano seguinte, o primeiro lugar da Republic Competition na categoria Música de Câmara (duo) – Violino e laureat. Durante seus estudos, recebeu também prêmios da Fundação Miodrag Macic e da Fundação Meri Dragutinovic. É integrante da Filarmônica desde 2008.

Tiago Ellwanger, violino

Gaúcho de Campo Bom, Tiago é professor da Universidade do Estado de Minas Gerais. Foi integrante das orquestras sinfônicas da UCS (Universidade de Caxias do Sul) e de Porto Alegre, da Green Bay Symphony, da Sheboygan Symphony e da Orquestra Jovem das Américas, atuando com maestros como Carlos Miguel Prieto, Dante Anzolini, Isaac Karabtchevsky, Bridget-Michaele Reischl e Osvaldo Ferreira. Apresentou-se como solista frente às orquestras da UFRGS e de Câmara da Ulbra, e foi premiado no concurso Jovens Solistas da Orquestra do Sesi, no UWM Concerto Competition e no UTK Concerto Competition. Também venceu, em 2003, o Concurso de Música de Câmara de Curitiba com o pianista Francisco Dellandréa, obtendo o prêmio de Melhores Intérpretes de Villa-Lobos. Formado pela UFRGS e mestre pela Universidade de Wisconsin-Milwaukee, é violinista da Filarmônica desde 2010.

João Carlos Ferreira, viola

João Carlos nasceu em Juiz de Fora e iniciou sua atuação como violista na Filarmônica, onde ocupa a posição de Viola Principal, em 2009. Foi também músico da Orquestra Sinfônica Brasileira e membro do Quarteto Radamés Gnattali, com o qual recebeu o Prêmio Rumos Itaú Cultural 2007-2009. Entusiasta da música de câmara, dirige o Trio Villani-Côrtes, composto também por Jovana Trifunovic e Eduardo Swerts. O grupo foi contemplado pelo Natura Musical e lançou recentemente o álbum Três Tons Brasileiros. Como solista, João Carlos apresentou-se junto à Petrobras Sinfônica e as orquestras sinfônicas do Espírito Santo, da UFMG, UFRJ e com a própria Filarmônica. Outras atuações de destaque foram ao lado de Antonio Meneses, Roman Simovic, Márcio Carneiro, Quarteto Bessler e Sigiswald Kuijken.

Eduardo Swerts, violoncelo

Eduardo integrou orquestras no Brasil, na Alemanha, no Festival delle Nazioni na Itália e, durante duas temporadas, foi Violoncelo Principal da Orquestra das Américas. Apresentou-se como solista em Portugal, na Alemanha e na estreia de Dos Pampa Sur, de Rufo Herrera, com a Orquestra de Câmara Ouro Preto. Venceu o Concurso de Música de Câmara de Münster com a pianista Risa Adachi, apresentando-se na Alemanha, na Grécia e em Portugal. Ainda na Alemanha, concluiu o mestrado, o Artist Diploma e fez cursos de Música de Câmara na Musikhochschule Münster e na Robert Schumann Hochschule. Lá, também atuou como professor em escolas de música durante três anos. Nascido em Belo Horizonte, Eduardo graduou-se em Música pela UEMG e é membro da Filarmônica desde 2012.

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Criada pelo Governo do Estado e gerida pela sociedade civil, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fez seu primeiro concerto em 2008, há dez anos. Diante de seu compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal, a Filarmônica chega a 2018 como um dos mais bem-sucedidos programas continuados no campo da música erudita, tanto em Minas Gerais como no Brasil. Reconhecida com prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, a nossa Orquestra, como é carinhosamente chamada pelo público, inicia sua segunda década com a mesma capacidade inaugural de sonhar, de projetar e executar programas valiosos para a comunidade e sua conexão com o mundo.

Números da Filarmônica de Minas Gerais em 10 anos (até último concerto de junho de 2018)
1 milhão espectadores
769 concertos realizados
1.000 obras interpretadas
104 concertos em turnês estaduais
38 concertos em turnês nacionais
5 concertos em turnê internacional
90 músicos
550 notas de programa publicadas no site
179 webfilmes publicados (19 com audiodescrição)
1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral
4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica
3 CDs pelo selo internacional Naxos (Villa-Lobos)
1 CD pelo selo nacional Sesc (Guarnieri e Nepomuceno)
3 CDs independentes (Brahms&List, Villa-lobos e Schubert)
1 trilha para balé com o Grupo Corpo
1 adaptação de Pedro e o Lobo, de Prokofiev, para orquestra e bonecos com o Grupo Giramundo

SERVIÇO:

Fora da Série
18 de agosto – 18h
Expedições: Países hispânicos
Sala Minas Gerais

Marcos Arakaki, regente

PIAZZOLLA Tango Ballet
SORO Três aires chilenos
RODRIGO Concerto de Aranjuez
FALLA O chapéu de três pontas: Suíte nº 1
TURINA Danças Fantásticas, op. 22
GRANADOS Goyescas: Intermezzo

Ingressos: R$ 44 (Coro), R$ 50 (Balcão Palco) R$ 50 (Mezanino), R$ 68 (Balcão Lateral), R$ 92 (Plateia Central) e R$ 116 (Balcão Principal).

Ingressos disponíveis para compra a partir de 19 de junho, terça-feira.

Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.

Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br

Funcionamento da bilheteria:
Sala Minas Gerais – Rua Tenente Brito Melo, 1090 – Bairro Barro Preto
De terça-feira a sexta-feira, das 12h às 20h.
Aos sábados, das 12h às 18h.
Em quintas e sextas de concerto, das 12h às 22h
Em sábados de concerto, das 12h às 21h.
Em domingos de concerto, das 9h às 13h.

São aceitos cartões com as bandeiras Amex, Aura, Redecard, Diners, Elo, Hipercard, Mastercard, Redeshop, Visa e Visa Electron.