Stella Silva
Com imagens envolventes da Floresta Amazônica, a diretora Tizuka Yamasaki entrega a produção “Encantados” que, como em outros de seus longas, retrata uma forte mulher, desta vez a pajé Zeneida Lima, uma das mais importantes personalidades do Pará. Assim como fez em “Gaijin”, “Parayba Mulher Macho” e “Tomie”, Tizuka apresenta mais personagem de raízes fortes.
“Encantados”, Zeneida está num momento de transição de sua vida de menina para adolescente, enfrentando o preconceito e a ignorância, principalmente dos pais, e, ao mesmo tempo descobrindo o amor, contada pela diretora de uma forma mística, como tudo que envolve a Amazônia e suas crenças indígenas.
Tizuka se inspirou no livro escrito por Zeneida – “O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó” para traçar o perfil da jovem que desde cedo mostrou seus dons de cura usando os elementos da natureza e que lhe permitiam sentir quando esta estava sofrendo com uma árvore cortada ou um animal abatido.
O elenco é bem conhecido das novelas, e Carolina Oliveira, que interpreta Zeneida jovem, está muito bem no papel, assim como Dira Paes, como Cotinha, a filha de criação da família e única que entende os poderes da menina. Na história, Zeneida é a mais velha de nove irmãos, que moram com a mãe Zezé (Letícia Sabatella) e Cotinha em Belém (PA).
O pai dela e dos irmãos é o advogado Angelino (José Mayer), amante de Zezé, que só sabe encher a casa de filhos. Ele manda toda a família para a fazenda dele na Ilha de Marajó, para não prejudicar a carreira política. Na ilha, a menina irá descobrir o amor ao conhecer o caruana Antônio (Thiago Martins), uma figura da natureza considerada encantada, e desenvolver duas habilidades como pajé com a ajuda de Mestre Mundico (Ângelo Antônio).
O filme é baseado no livro escrito por Zeneida, “O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó” e que também participa da produção. Além de curas e assistência ás populações ribeirinhas da ilha, a pajé fundou uma entidade a Instituição Caruanas do Marajó Cultura e Ecologia, que oferece um programa educacional para atender crianças da periferia da região. Boa direção, roteiro, diálogos e, principalmente, fotografia e locações de encher os olhos que só a Amazônia poderia proporcionar.
Este é o 12º longa-metragem da carreira de Tizuka Yamasaki e já foi premiado como Melhor Filme brasileiro na categoria Festival da Juventude, em 2014, na 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Também conquistou o prêmio de melhor diretora no 31º Festival de Cinema de Trieste, na Itália, em 2016 pela harmonia da obra, além de abrir o Brazilian Film Festival of Miami, em 2016.
Classificação: 12 anos