Pesquisa global revela que profissionais se sentem preteridas para oportunidades no retorno ao trabalho depois de terem filhos

Ter filhos e conciliar a rotina familiar com o trabalho é uma preocupação para mulheres em todo o mundo. Dados globais apurados pela PwC na pesquisa “Igualdade de gênero: o que ainda precisa mudar no ambiente de trabalho” revelam que 42% das participantes em mais de 60 países se preocupam com o impacto que começar uma família tem em suas carreiras. O medo tem fundamento: 48% das entrevistadas sentiram-se preteridas para promoções ou projetos especiais no retorno ao trabalho. Lançada globalmente neste 8 de março, a pesquisa da PwC ouviu 3.600 mulheres entre 28 e 40 anos para conhecer suas experiências de desenvolvimento profissional e aspirações de carreira. Foram entrevistadas profissionais em 27 setores industriais em cerca de 60 países.

As políticas das empresas voltadas à flexibilização da jornada de trabalho para profissionais com filhos pequenos também encontram obstáculos: 38% das entrevistadas afirmam que utilizar esses programas tem consequências negativas em suas carreiras. Das mulheres ouvidas, 45% acreditam que fatores, como gênero, etnia, idade e orientação sexual, podem ser barreiras para progressão na carreira em suas organizações, embora 51% concordem que há esforço de seus empregadores na promoção da diversidade de gênero.

Outro obstáculo apontado pelo estudo é o reconhecimento que as mulheres têm dentro das organizações. Das profissionais (41%) que foram promovidas nos últimos dois anos, 63% tiveram que solicitar ativamente a promoção. Para 53% das mulheres que receberam um projeto de alta visibilidade nos últimos dois anos, 91% tiveram a iniciativa de buscar essas oportunidades.

Apesar do cenário, o relatório mostra que 82% das entrevistadas estão confiantes em sua capacidade de atingir seus objetivos profissionais e 73% buscam ativamente oportunidades de desenvolvimento pessoal. Mas as empresas precisam avançar em relação à transparência no desenvolvimento de carreiras. Para 58% das participantes da pesquisa, as organizações precisam fornecer informações sobre o que espera de suas funcionárias e sobre suas políticas de progressão profissional. 

“As organizações podem fazer muito para ajudar as mulheres a progredir e alcançar posições de liderança, por exemplo, encorajando conversas sobre carreira profissional, mitigando o impacto de quaisquer possíveis vieses inconscientes nas decisões relacionadas à progressão na carreira e definindo critérios uniformes e transparentes pelos quais os funcionários são avaliados”, explica Ana Malvestio, sócia da PwC Brasil.

Três elementos que devem mudar
O relatório apresenta três elementos essenciais para as lideranças promoverem o avanço das mulheres nas organizações:

1. Transparência e confiança: as mulheres precisam saber onde estão, para que possam estabelecer seus objetivos e confiar nos comentários recebidos. Mais transparência não só beneficiará as profissionais mulheres, mas também promoverá um ambiente mais inclusivo, proporcionando a todos mais oportunidades para atingir seu potencial.

2. Apoio estratégico: as mulheres precisam de redes proativas de líderes e colegas que as incentivem a perseguir a progressão profissional, tanto em casa como no local de trabalho. Este apoio motivará mulheres a discutirem promoções e oportunidades no trabalho.

3. Vida, cuidados familiares e trabalho: os empregadores precisam repensar suas políticas direcionadas ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional a fim de oferecer soluções organizacionais que realmente funcionem. Expandindo e promovendo programas que tragam flexibilidade, além de ampliar a comunicação dessas práticas.