Maristela Bretas
Os atores são bons humoristas, conhecidos de novelas e shows na TV e produções para o cinema, mas o filme desaponta. O enredo tenta mostrar como era (e ainda é) a reação histérica dos fãs adolescentes diante de seus ídolos, e, principalmente, como eles caem no esquecimento depois que o sucesso acaba e as novas gerações nem sabem que eles existiram. Essa é a história de “Chocante”, comédia brasileira com Bruno Mazzeo, Marcus Majella, Lúcio Mauro Filho e Bruno Garcia. O elenco conta ainda com a participação de Tony Ramos, Débora Lamm e Pedro Neschling.
A parte da comédia fica por conta de Marcus Majella, no papel de Clay, que durante o sucesso da banda sempre passar a imagem de garanhão e só depois de mais velho assume que é gay. Para seus amigos ele conta ele diz ser responsável pelo marketing de uma grande rede – não passa de anunciante de produtos de um supermercado. Outro também que proporciona algumas risadas é Bruno Garcia, como Toni, que ainda acredita que Clay é “o pegador” e fala para todos que trabalha com transporte executivo, quando na verdade é um motorista de aplicativo.
Bruno Mazzeo é Téo, na época o líder da banda Chocante, e que faz o lado dramático da comédia. Um cara que nunca aceitou bem a separação da mulher, tem uma filha que o adora mas que ele tem pouco tempo para ela e finge para os amigos que é um diretor de cinema independente, enquanto faz filmagens de casamento e batizados. O papel mais sem graça ficou para Lúcio Mauro Filho, como Tim, irmão de Téo, um cara chato, com uma família chata, que trabalha como oftalmologista do Detran. Ele nunca se conformou com o fim da banda e não perdoa o irmão por ter causado a separação do grupo quando eles estavam no auge do sucesso e poderiam se tornar um fenômeno como os Menudos.
Todos vivem de lembranças e rancores, até que a morte do quinto integrante, Tarcísio, os une no velório e os coloca em contato com Quézia, a líder do fã clube, ainda fanática. Do tipo que tem a casa decorada com pôsters e objetos da Chocante mesmo passados 20 anos de seu fim, ela incentiva os quatro a se juntarem, pelo menos mais uma vez, para um show, em nome dos velhos tempos, apresentando seu hit mais famoso – “Choque de Amor”. A música embala 90% do filme e é do tipo chiclete – fica grudada na sua cabeça horas depois.
O antigo empresário Lessa (interpretado por um espalhafatoso e cafona Tony Ramos) é procurado e este exige que a banda Chocante tenha os cinco integrantes como a original. Para isso, inclui Rod (Pedro Neschling), um jovem geração ultra conectado que acaba de vencer um decadente reality show e só pensa nos “likes” e compartilhamentos que vai ganha ao se unir aos “feras das antigas”, como ele chama os quatro. E entre ensaios e discussões, o filme vai se desenrolando, contando o drama de cada um e a vontade de recuperar o tempo perdido da banda Chocante. Tudo muito esperado, sem nenhum impacto, uma risada aqui, um momento emocionante ali, mas não vale mais que um especial de TV de fim de ano, o que acredito deverá acontecer bem breve.
O projeto de “Chocante”, segundo seus produtores, foi criado em conjunto, a partir da ideia original de Pedro Henrique Neschling, que escreveu o argumento do longa em parceria com Luciana Fregolente, “Chocante” tem roteiro assinado por Bruno Mazzeo, Neschling, Fregolente e Rosana Ferrão. Em entrevista, Neschling explicou que se trata de um filme sobre reencontro de amigos, lembranças de um passado de sucesso, relacionamento familiar e um acerto de contas com a vida. Realmente, a produção aborda tudo isso, mas não é nada excepcional. Como está na própria chamada do filme, “Ninguém pediu, mas eles voltaram!” e com certeza vai atrair o público por causa do elenco.
Ficha técnica:
Direção: Johnny Araújo e Gustavo Bonafé
Produção: Globo Filmes / Orion Pictures / Casé Filmes / Rio Filme / Telecine
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h34
Gêneros: Comédia / Drama
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 2.5 (0 a 5)