Mirtes Helena Scalioni
Difícil prever se seria mais atraente se o título fosse “As grandes mentes”, tradução literal do original, “Les Grands Esprits”. A verdade é que filmes sobre alunos e mestres sempre despertam curiosidade e interesse e talvez esteja aí o motivo da escolha do nome do longa em cartaz a partir desta quinta-feira nas salas de BH: “O Melhor Professor da Minha Vida”. Primeira direção de Olivier Ayache-Vidal, que assina também o roteiro, o trabalho é classificado como comédia dramática. Sensível e delicado, o filme cumpre o que parece ser sua missão de comover e fazer refletir.
Que ninguém espere a profundidade de “Sociedade dos Poetas Mortos” ou a empatia instantânea de “Ao Mestre com Carinho” – para ficar apenas em dois exemplos de relações e conflitos entre mestres e alunos. Como produção francesa que é, “O Melhor Professor da Minha Vida” tem suas particularidades no jeito de contar a história. Nada parece óbvio, nada é muito previsível. Embora haja momentos de riso – levados principalmente pela atuação correta de Denis Podalydès (de “Monsieur & Madame Adelman” – 2016) -, o assunto é sério.
François Foucault (Denis Podalydès) é um professor quarentão e solteiro que leciona literatura numa escola de alto nível em Paris, o Liceu Henri IV. Como integrante típico de uma elite intelectual, ele é arrogante e impaciente com os alunos. Filho de pai escritor, o assunto da família na mesa de jantar trata, claro, de autores e livros. Desafiado quase que por acaso pelo Ministério da Educação, e incentivado por uma bela funcionária, François aceita dar aulas durante um ano numa escola de periferia, onde falta estrutura e sobra indisciplina.
Grande parte do acerto do filme deve-se a Denis Podalydès, que incorpora com talento as mudanças pelas quais ele vai passando no convívio com seus novos alunos, especialmente um deles, Seydou, vivido pelo adolescente Abdoulaye Diallo, em seu primeiro papel no cinema. E reside aí, na relação professor/estudante e na transformação de ambos, a graça do filme.
Apesar de levemente maniqueísta ao retratar dois tipos de professores – os que acreditam e os que já se desiludiram do poder da educação -, “O Melhor Professor da Minha Vida” dá seu recado com delicadeza e competência. Classificação: 14 anos