Maristela Bretas
Poderia ser simplesmente mais um filme meloso, sobre uma criança com uma deformidade facial que sofre bullying na escola. Mas “Extraordinário” (“Wonder”) foi muito além e dá uma sacudida nas emoções. Ele faz a gente rir, chorar, ficar com raiva quando o garoto é ameaçado e ao mesmo tempo sentir orgulho, pela forma como ele enfrenta o mundo preconceituoso. O filme estreia nesta quinta-feira nos cinemas e vale muito a pena ser visto por pais e filhos juntos.
O filme é baseado no best-seller mundial homônimo, da escritora R.J. Palacio. O livro narra, com algumas alterações a história verdadeira do menino August Pullman, que nasceu com uma síndrome genética que lhe causou deformidade facial. Mesmo após passar por 27 cirurgias plásticas que lhe permitiram ouvir, enxergar e falar melhor, ele ainda sofre com o preconceito. Para muitos, essa história já faria desistir de ver o filme ou ler o livro.
Grande engano. O resultado dessa jornada de superações é capaz de mexer com a emoção de muita gente. E a escolha do jovem Jacob Tremblay, de “O Quarto de Jack”, foi muito acertada para o papel de Auggie (como August era chamado pelos pais e amigos), que contou com uma maquiagem surpreendente. Ele está excelente e conta ainda com pais de renome ao seu lado – Julia Roberts (sempre ótima, como Isabel, a mãe superprotetora que não quer ver o filho sofrer) e Owen Wilson (no papel de Nate, o pai alegre, boa praça, divertido e que sempre tenta mostrar o lado bom da vida para o filho).
A jovem Izabela Vidovic, que interpreta Via, irmã de Auggie também entrega uma boa interpretação, como a adolescente que ama o irmão, mas sofre por receber menos atenção dos pais por causa da doença dele. Sônia Braga, apesar de constar no cartaz brasileiro como forma de atrair público, faz apenas uma ponta como avó de Auggie e Via. O elenco mirim também cumpre bem o seu papel tanto os que criticam e humilham Auggie quanto os que se tornam seus amigos, especialmente Jack Will, interpretado por Noah Jupe. Até a cachorrinha Dayse merece destaque.
Auggie é um menino especial em todos os sentidos: divertido, sensível, inteligente, amoroso, criativo e fã de “Star Wars”. Os personagens da saga são seus maiores aliados nos momentos difíceis do mundo real, principalmente Chewbacca, o defensor das horas de aperto. O capacete de astronauta é sua armadura para enfrentar o mundo, já que impede que as pessoas vejam seu rosto coberto de cicatrizes . Assim elas não podem criticar nem zombar dele.
“Extraordinário” conta a emocionante história de August Pullman, um menino de 10 anos que sempre estudou em casa por causa de uma deficiência facial. Agora ele terá de deixar a segurança de sua casa, onde é um herói e sonha se tornar um astronauta, para frequentar a 5ª série de uma escola convencional, com todos os desafios e preconceitos desta faixa de idade, extremamente cruel. E para vencer esta jornada ela vai precisar contar ainda mais com sua família, professores e novos amigos.
Claro, não poderiam faltar as frases de efeito, comuns em um drama como este, mas nada que comprometa o enredo, muito bem conduzido pelo diretor Stephen Chbosky (“As Vantagens de Ser Invisível”). É pra chorar? Com certeza e sem vergonha de levar um lencinho para o cinema. A história é linda, emocionante e a atuação de todo o elenco contribui para ser um filme “Extraordinário”. Além de ter uma boa trilha sonora. O filme é uma lição de vida, para adultos e crianças, mostrando a importância de aceitar e respeitar as pessoas como elas são.
Ficha Técnica
Direção e roteiro: Stephen Chbosky
Produção: Lionsgate / Mandeville Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h53
Gêneros: Família / Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)