Um coletivo de artistas, formado por pesquisadores que estudam o uso das máscaras teatrais e mascaramentos expandidos, realiza, de 10 a 17 de setembro, o “Mascarada – Encontro de Máscaras em Belo Horizonte”, projeto viabilizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Artistas de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul vão ocupar seis regionais da cidade com uma programação gratuita de cunho artístico e formativo, entre espetáculos, oficinas, palestras, aula-espetáculo, rodas de conversa e intervenções urbanas. A iniciativa visa promover encontros entre artistas e o público para investigar, apresentar e difundir artisticamente
a máscara enquanto elemento cênico.
Entre os dias 10 e 17 de setembro, a capital mineira irá sediar a primeira edição do “Mascarada – Encontro de Máscaras em Belo Horizonte”, evento que visa proporcionar um intercâmbio entre artistas, pesquisadores, estudantes e público, reunidos a partir da prática e da pesquisa em torno do uso da máscara no teatro. A programação acontecerá em oito equipamentos culturais de seis regionais da cidade – Pampulha, Venda Nova, Noroeste, Leste, Centro-Sul e Barreiro – e irá oferecer 20 atividades de cunho artístico e formativo, entre espetáculos, oficinas, palestras, aula-espetáculo, rodas de conversa e intervenções urbanas. Participam do encontro artistas de Belo Horizonte (MG), Araxá (MG), Barão Geraldo (SP) e Porto Alegre (RS), além de dois trabalhos selecionados via edital.
O projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Para participar das ações formativas é necessário realizar inscrição prévia pelo link da bio do Instagram do Mascarada @mascarada_encontro. As atividades são gratuitas, com distribuição de ingressos 1 hora antes do início. A programação completa pode ser acessada no Instagram do evento.
Lucas Prado conta que a ideia do projeto foi concebida inicialmente quando ele e o artista Dê Jota – na época estudantes recém-formados no Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais, participaram, em dezembro de 2018, com um espetáculo de máscaras dentro da programação do II FIMC – Festival Internacional de Máscaras do Cariri/CE, evento de mascaramento referência na América Latina. Imbuídos de suas formações, experiências profissionais e apoio de amigos e artistas, sentiram-se motivados a criar um encontro de máscaras em Belo Horizonte, a fim de acrescentar à vida cultural da cidade e à formação de artistas e interessados na área do mascaramento.
Criado no ano de 2019, o coletivo Através das Máscaras surgiu na cidade de Belo Horizonte, após inscrever a aprovar o “Mascarada – Encontro de Máscaras em Belo Horizonte” na Lei Municipal de Incentivo à Cultura de 2020. Tendo como integrantes atuais os artistas Lucas Prado, Rogério Gomes, Mariana Nolaço, Paloma Mackeldy, Tchelo Souzza e Rafael Protzner, o coletivo nasceu do desejo desses pesquisadores teatrais em investigar, criar, apresentar e difundir artisticamente a máscara enquanto elemento cênico em suas diversas formas de expressão. “As pesquisas, ações formativas e concepções de obras cênicas relacionadas ao uso da máscara sempre se destacaram na trajetória cultural da cidade. São diversos trabalhos produzidos com uso da máscara, realizados por grupos e artistas cujas trajetórias são significativas para o desenvolvimento do setor cultural de BH. Este projeto, portanto, visa legitimar tal histórico, potencializando e difundindo tais saberes e práticas culturais milenares. A máscara é um elemento de grande representatividade no teatro, um objeto estático que prioriza a expressão corporal do ator, mas que também aparece em danças típicas, festejos e rituais, considerado como um signo cultural de extrema importância e significado”, diz Lucas Prado, coordenador desta edição do Mascarada e integrante do coletivo Através das Máscaras.
As máscaras surgiram na Grécia Antiga como simbolismo da tragédia e na comédia. Inicialmente, foram usadas nas festas dionisíacas, para depois evoluírem para adereços teatrais. Mas sua simbologia pode se diversificar conforme cada cultura. Seja como disfarce, como objeto lúdico, artístico ou até mesmo religioso, as máscaras apresentam vários propósitos. Lucas Prado sublinha que suas contribuições nos campos das artes cênicas, das culturas populares, da dramaturgia, da história da arte e da performance são extremamente valiosas. “As máscaras são um elemento cênico para além do teatro grego. Elas atravessaram o tempo e as modificações estéticas, visto que são usadas não só no teatro, mas, também, no carnaval, no circo, nas culturas populares e nos movimentos artísticos de todo o mundo. Nesse sentindo, o olhar das máscaras no teatro contemporâneo ganha potência, visto as múltiplas possibilidades de mascaramentos que podemos ter em manifestações culturais”.
O “Mascarada – Encontro de Máscaras em Belo Horizonte” irá oferecer sete espetáculos programados e dois espetáculos selecionados via edital, além de três oficinas; duas palestras; uma aula-espetáculo; três bate-papos livres e informais dentro do “Prosa, café e máscara”; uma exposição de máscaras; e um evento com discotecagem. A programação dos espetáculos foi pensada a partir de três categorias: a primeira composta pelos artistas idealizadores do evento, a “Mostra da Casa”; a segunda formada por trabalhos escolhidos previamente pela curadoria, a “Mostra dos Convidados”; e a terceira traz espetáculos selecionados em chamamento público, a “Mostra Aberta”, que irá apresentar dois trabalhos produzidos e realizados por artistas mulheres (Cis e Trans), visibilizando o protagonismo feminino.
“Abrimos um chamamento para a seleção de dois espetáculos que usem do dispositivo da máscara e mascaramento (considerando o nariz de palhaço como a menor máscara do mundo). A escolha dos trabalhos foi realizada por uma curadoria feminina, formada pelas atrizes Janaina Morse, Juliene Lellis e Mariana Nolaço, considerando os critérios: produções de protagonismo feminino, que se adequam ao conceito e proposta do Mascarada; criatividade, diversidade, relevância temática, originalidade e representatividade no contexto de produção cultural de Belo Horizonte e Região Metropolitana; viabilidade técnica do espetáculo mediante análise de rider técnico e mapa de palco”, explica Rogério Gomes, também coordenador geral desta edição do projeto. Foram selecionados para a “Mostra Aberta” o espetáculo “Telúricas”, de Liz Schrickte, e a montagem “Valente”, da Companhia Caxangá, idealizado e protagonizado pela atriz e palhaça Lori Moreira.
A abertura do “Mascarada – Encontro de Máscaras em Belo Horizonte” acontecerá no dia 10 de setembro, às 19h, com a apresentação do espetáculo ‘2068’, do Grupo Máscara Encena (Porto Alegre/RS), na ZAP 18 (Regional Pampulha). A partir de pergunta “Ainda é possível sonhar?”, o espetáculo faz alusão a uma temporalidade futura, o espetáculo “2068” retrata a resiliência humana através da manipulação e uso de máscaras expressivas. Diferentes pessoas estão confinadas em um espaço de privação das liberdades individuais, em que, para se manter vivo, é preciso se alimentar constantemente de esperança. Duração: 60 min | Classificação etária: 12 anos. Após a apresentação do espetáculo, acontecerá, às 21h, a discotecagem com a DJ Black Josie (Luciana Gomes), que reúne suas habilidades e experiências profissionais para dar vida à “DJ Black Josie”. Musicista, produtora cultural e relações públicas, a artista dedica-se a divulgação e pesquisa da soul music e sua reverberação no Brasil, através Baile Soul da Josie.
A montagem “Olympia”, do grupo Teatro Andante, (BH/MG), será apresentada no dia 11 de setembro, às 19h, no CEVAE (Regional Venda Nova). O espetáculo se baseia na história da andarilha mais famosa do Brasil, que nas ruas de Ouro Preto, encantava turistas, artistas e moradores da cidade contando à sua maneira, divertida e engraçada, histórias do Brasil, de Minas e de Ouro Preto. Conheceu muita gente importante e tinha amigos famosos tais como Vinícius de Morais, Rita Lee e Juscelino Kubitschek. Se dizia noiva de Dom Pedro II, amante de Chico Rei, amiga de Tiradentes. Duração: 60 min | Classificação etária: 14 anos.
Outra atração teatral é a produção “Trincamatraca – Uma Mascarada de Rua”, do grupo Teatro&Cidade, (BH/MG), no dia 13 de setembro, às 15h, no Ponto de Referência Coberta do Padre Eustáquio (Regional Noroeste). Uma divertida corte de cinco mascarados com espalhafatosos e excêntricos costumes saem pela cidade, numa espécie de procissão burlesca. Por onde passam, celebram a liberdade de ir e vir pelo espaço urbano de maneira louca e descontraída. Sem pressa e sem destino certo, eles serpenteiam ao acaso. Como um coro de matracas, suas vozes agudas e seus cincerros podem ser ouvidos de longe, instaurando nos arredores uma atmosfera de brincadeiras e de curiosidade. Duração: 40 min | Classificação etária: Livre.
A Cóccix Companhia Teatral (BH/MG) apresenta “A Santa do Capital”, no dia 14 de setembro, às 20h, no Centro Cultural da UFMG (Regional Centro-Sul). “A Santa Joana dos Matadouros”,obra de Bertolt Brecht,se transfigura e traz à tona “A Santa do Capital”. As cenas revelam facetas, mascaramentos metamorfoseados, forjados da carne, em aço, fogo, fome e da fé no Capital que sobrepuja a realidade dos brutalizados. “Pobres fiéis da Santa sem alma”. Quantas vozes dialéticas possíveis esta Santa pode ressaltar? Qual Santa nos alimenta o estômago? A serviço de quem ela propaga sua, nossa voz? Duração: 70 min | Classificação etária: 16 anos.
“Naquele Bairro Encantado – Episódio I: Estranhos Visitantes”, do Grupo Teatro Público (BH/MG), se apresenta no dia 15 de setembro, às 16h30, nas proximidades do Teatro Raul Belém Machado (Regional Pampulha). Um grupo de velhos mascarados visita um bairro da cidade povoando o cotidiano com imagens saudosistas do passado. Na intervenção cênica “Estranhos Visitantes”, o público é convidado a fazer um passeio por um bairro da cidade, no qual os personagens realizam ações cotidianas e estabelecem relações com os moradores e transeuntes, despertando memórias e compartilhando lembranças e histórias. Duração: 120 min | Classificação etária: Livre.
O espetáculo “Patuscada”, de Rafael Protzner (BH/MG), é a atração no dia 16 de setembro, às 20h, no Centro Cultural Vila Santa Rita (Regional Barreiro). Festa, bagunça, balbúrdia! “Patuscada” é um espetáculo teatral de máscaras e improvisação criado por Rafael Protzner e Mariana Lima Muniz. Em um encontro festivo e divertido com o público um único ator improvisa cenas vestindo diferentes máscaras – personagens desenvolvidos a partir de máscaras do teatro balinês, o Topeng. As cenas se apoiam na dramaturgia da improvisação, assim como a iluminação e a trilha sonora, fazendo com que cada apresentação seja única, sempre construída em relação com o espectador. Duração: 50 min | Classificação etária: Livre.
O “Cabaré das Divinas Tetas” (BH/MG) também está na programação desta primeira edição, e poderá ser assistido no dia 17 de setembro, às 21h, na Casa Circo Gamarra (Regional Leste). Em formato de espetáculo de variedades, o Cabaré das Divinas Tetas passeia pelos universos do grotesco, da palhaçaria e do burlesco, num jogo intimista com o público. Abordando artisticamente temas caros ao universo feminino, o espetáculo re-humaniza o jogo do encontro para falar sobre a fatalidade de ser quem se é: aberta ao mundo, falível e imperfeita. Duração: 80 min | Classificação etária: 18 anos.
A “Mostra Aberta” traz os espetáculos selecionados pela curadoria do chamamento: “Telúricas”, de Liz Schrickte, com apresentação no dia 15 de setembro, às 19h, no Teatro Raul Belém Machado (Regional Pampulha), e a montagem “Valente”, da Companhia Caxangá, idealizado e protagonizado pela atriz e palhaça Lori Moreira,com exibição no dia 17 de setembro, às 15h, na Praça Duque de Caxias (Regional Leste). Em “Telúricas”, uma cadeira, uma atriz e histórias de mulheres assassinas, suicidas e assassinadas. Rosa Azul, Gina Louca e Lola em Pó são as 3 cenas que compõem um espetáculo de mulheres TELÚRICAS, uma encenação documental, narrativa e experimental. Duração: 45 min | Classificação etária: 16 anos. Na montagem “Valente” a “Madame” Lorota e sua fiel companheira, a cadela Valente – uma cachorra amestrada-, percorrem praças, ruas, vielas, palcos e picadeiros de todo o mundo apresentando o grande salto mortal. Uma depende da outra para sobreviver e por meio do circo e do teatro, transitam por um imaginário único, revelando a poesia e o animalesco presentes em cada um de nós. Duração: 45 min | Classificação etária: Livre.
A programação de formação traz o “Prosa, Café e Máscara”, que irá realizar três encontros livres para discutir as diferentes formas de abordar o universo do mascaramento. As reuniões acontecerão em três regionais: no dia 11 de setembro, às 17h30, no CEVAE Serra Verde, dia 13 de setembro, às 16h20, no Centro Cultural Padre Eustáquio, e no dia 14 de setembro, às 18h00, no Centro Cultural da UFMG (Regional Centro-Sul).A oficina “Palhaçaria Percurso Afetado”, ministrada pela atriz e palhaça Adriana Morales do Grupo Trampulim (BH/MG), acontecerá nos dias 12, 14 e 16 de setembro, das 09h às 12h, na Casa Circo Gamarra, e a “Oficina de Confecção de Máscaras Expressivas”, com a araxaense Luciana Antunes (Araxá/MG), acontecerá entre os dias 12 e 16 de setembro, das 09h às 12h, no Centro Cultural Vila Santa Rita. A “Oficina – Corpo Máscara” conduzida pelo Grupo Máscara EnCena (Porto Alegre/RS), acontecerá nos dias 12 e 13 de setembro, das 09h às 12h, no Teatro Universitário da UFMG (Regional Pampulha).
Ainda dentro das atividades formativas,o primeiro “Mascarada – Encontro de Máscaras em Belo Horizonte” traz Fernando Linares, professor, ator e diretor teatral, que já dirigiu grupos de teatro como: Grupo Galpão, Real Fantasia, Cia Candongas, entre outros, com a aula-espetáculo “Um percurso possível para atuar com Máscaras Expressivas”. Nesta aula-espetáculo um grupo de pesquisadores dedicados à atuação com máscaras teatrais realizará uma rápida síntese de um percurso prático iniciado há oito anos no Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais. O encontro acontecerá no dia 13 de setembro, às 17h, no Centro Cultural Padre Eustáquio.
Duas palestras também integram a programação: “Commedia Dell’Arte – da Tradição à Atualidade”, ministrada por Tiche Vianna (Barão Geraldo/SP), no dia 11 de setembro, às 16h30, no CEVAE Serra Verde. O conteúdo irá abordar a Commedia dell’Arte como princípio de criação para o Teatro Popular Urbano na visão do Barracão Teatro, espaço de investigação e criação cênica, sediado em Barão Geraldo há 22 anos, que tem como uma de suas bases de trabalho este gênero teatral. E a palestra “Máscara e Mascaramento Expandido”, por Bya Braga (BH/MG), no dia 14 de setembro, às 16h, no Centro Cultural da UFMG. Bya Braga irá apresentar um breve panorama de máscaras e mascaramentos diversos, refletindo sobre a noção de mascaramento na relação com a diversidade cultural e sinalizando a importância do teatro de máscaras e do teatro físico, além de falar sobre o Colóquio Mascaramento na Cena Expandida.
Ficha Técnica
Coordenação Geral: Lucas Prado e Rogério Gomes | Coordenação de Produção: Luisa Monteiro | Coordenação de Logística: Cris Diniz | Coordenação Técnica: Eliezer Sampaio | Produção Executiva: Mariana Nolaço e Paloma Mackeldy |Produção: Dê Jota | Assistente de Coordenação Técnica e Técnico: Cris Diniz e Tchelo Souzza | Programador: Rafael Protzner | Curadoria do chamamento: Janaína Morse, Juliene Lellis e Mariana Nolaço | Designer Gráfico: Raphael Araújo | Gerência Executiva: Sinara Teles | Redes Sociais: Letícia Leiva, Matheus Carvalho e Paloma Morais (Rizoma Comunicação & Arte) |Assessoria de Imprensa: Beatriz França e Cristina Sanches (Rizoma Comunicação & Arte) | Fotografia e Filmagem: Naum Produtora – Pedro Carvalho |Intérprete de Libras: Dinalva Andrade.