Organizado pela Faculdade IPEMED de Ciências Médicas, o encontro irá reunir representantes de instituições e profissionais referências nesse cenário para debates sobre a atuação e integração das equipes multiprofissionais em tragédias como as de Mariana e de Brumadinho.
Evento destinado a médicos, estudantes de medicina e demais profissionais da saúde. As inscrições são feitas pelo sympla.com.br.
Belo Horizonte, maio de 2019 – Como o próprio nome diz, o estresse pós-traumático é decorrente de um determinado evento de grande magnitude, capaz de gerar sofrimento em qualquer pessoa que o vivencie. Em alguns casos, pode desencadear sintomas e até transtornos. Esta é uma das temáticas do I Simpósio Abordagem de Vítimas de Grandes Desastres, destinado a médicos, estudantes de medicina e demais profissionais da saúde, e que acontecerá no dia 25 de maio, próximo sábado, realizado pela Faculdade IPEMED de Ciências Médicas – UNMG. O encontro irá reunir representantes de instituições como: Corpo de Bombeiros de MG, Ministério Público Estadual, Polícia Militar de Minas Gerais, Defesa Civil, Hospitais João XXIII e Risoleta Tolentino Neves, SAMU-BH, Instituto Médico Legal, entre outros profissionais que são referências nesse cenário para debates sobre a atuação e integração das equipes multiprofissionais em tragédias como as de Mariana e de Brumadinho. As inscrições são feitas pelo www.sympla.com.br.
“Temáticas que impactam uma comunidade precisam ser discutidas no ambiente acadêmico. Mesmo passado alguns meses da tragédia, a situação de Brumadinho está no nosso contexto. Para a formação dos médicos, discutir temas como esses, permite a ampliação de um olhar mais humanizado. Abordagens que extrapolam a Biomedicina, fazem com que os alunos percebam as diferentes dimensões que envolvem um indivíduo, sejam biológicas, emocionais, culturais e até mesmo, espirituais. O nosso papel como instituição educacional é estimular este olhar”, diz a dra. Sandra Carvalhais, professora e coordenadora do curso de pós-graduação lato sensu em Psiquiatria da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas.
As situações adversas e trágicas não atingem todas as pessoas da mesma forma, é sempre importante considerar a gravidade, o tempo de exposição ao trauma e as características individuais. O indivíduo que apresenta estresse pós-traumático, geralmente possui particularidades que o torna mais susceptível à doença. Segundo a Dra. Sandra, alguns pacientes relatam que, apesar de o episódio gerador do trauma ter ocorrido há algum tempo, ainda vivem uma grande sensação de ansiedade e de intensa lembrança, por flashback, quando despertos, ou durante o sono. “Na verdade, eles vivem um dilema, pois, querem esquecer, mas as memórias retornam a todo o momento, de uma forma invasiva. Eles revivem, constantemente, o medo e a angústia do momento do trauma e, ficam submetidos a um estado de hipervigilância, sendo impossível relaxar. Frequentemente, somam-se, a este quadro: comorbidades, ou seja, doenças associadas (Distúrbio de ansiedade, Síndrome do pânico, Depressão e abuso de substâncias químicas)”, explica a psiquiatra.
Diante de um cenário trágico,
seja individual ou coletivo, como o ocorrido em Mariana e Brumadinho, ao lidar
com as pessoas impactadas, direta ou indiretamente, o primeiro passo é o de se
oferecer apoio. Aquela pessoa que
já passou por uma experiência em que não teve a menor possibilidade de reação
para evitá-la ou enfrentá-la e, ainda, sentiu que não foi compreendida
em sua dor, vivencia um intenso sentimento
de impotência. Por isso, muitas vezes, é necessário o suporte às famílias, para
que possam compreender melhor o quadro e, saibam lidar, de forma empática, com
o paciente. A não acolhida torna crônico o sentimento de dor e trauma e, a
pessoa pode não conseguir se recuperar. É comum ouvir relatos de pacientes que
afirmam que, nunca mais foram ou serão, os mesmos. “Uma paciente relata que,
mesmo após tanto tempo do desastre em Mariana/MG, ainda, hoje, vive o
sentimento de luto, o que
interfere em sua qualidade de vida. E, deve-se ressaltar que, ela
não foi atingida diretamente pela tragédia, mas, morava na região e tinha
relacionamento com a empresa mineradora”, explica a Dra. Sandra.
Um dos temas que será levantado no Simpósio é o papel de voluntários, profissionais da saúde, assistentes sociais, amigos e familiares, sendo este, fundamental, pois, demonstra empatia e permite a externalização do problema, uma forma de minimizar a dor. Segundo a dra. Sandra, em casos de tragédias que impactam uma comunidade, existem terapias de grupos que auxiliam na discussão do assunto. “Essa consciência é primordial, pois, se um paciente está sendo tratado, mas encontra-se em uma comunidade que convive continuamente com a dor, ele continuará imerso no trauma. Tratar o coletivo possibilita um ciclo virtuoso.”
Confira a programação completa do Simpósio.
SERVIÇO
I Simpósio Abordagem de Vítimas de Grandes Desastres
Data: 25 de maio, sábado
Horário: 8h30 às 18h
Local: Avenida do Contorno, 2073 – Floresta | Belo Horizonte
Inscrições: www.sympla.com.br
Público-alvo: médicos, acadêmicos de medicina (gratuito) e
demais profissionais da saúde (R$ 20,00 + taxa de conveniência)
Informações: www.ipemed.com.br
PROGRAMAÇÃO
9h00 – 10h40 – I MESA – Gerenciamentode respostas em catástrofes
Presidente: Dr. Wagner Pinto de Souza – Polícia Civil – MG
Moderador: Cel. Isaac Martins da Silva – PMMG
9h00 – 9h15 – Realidade estadual – MG – Ten. Cel. Flávio Godinho – Defesa Civil
9h15 – 9h30 – Gerenciamento de crise – 1º Ten. Pedro Aihara – CBMMG
9h30 – 9h45 – Procedimentos de segurança – Maj. Flávio Santiago – PMMG
9h45 – 10h00 – Abordagem, busca e salvamento de vítimas em locais de desastres – Cap. Leonard Farah – CBMMG/BEMAD
10h00 – 10h15 – Barragens de rejeitos e risco ambiental – Srª. Maria Dalce Ricas – AMDA
10h15 – 10h30 – Contaminação da água – Sr. Rodrigo Diniz Franco – Universidade de Coimbra
10h30 – 10h50 – Debate
10h50 – 11h10 – Coffee break
11h10 – 12h30 – II MESA – Abordagem médica de urgências e emergências
Presidente: Dr. Fábio Atsuhiro Kimura – ABRAMEDE/ SOMITI
Moderadora: Cap. QOS PMMG Liliane Garbazza – HPMMG
11h10 – 11h25 – Abordagem pré-hospitalar do paciente politraumatizado – Dr. Roger Lage – SAMU – BH
11h25_11h40 – Gerenciamento de risco no Hospital Risoleta Tolentino Neves – Dr. Lucas Coimbra – HRTN
11h40_11h55 – Gerenciamento de risco no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII – Dr. Tarcísio Versiani – HPS João XXIII
11h55_12h10 – Capacitação médica continuada – Dr. Hugo Urbano – SOMITI
12h10_12h30 – Debate
14h30 – 16h30 – III MESA – Atuação multiprofissional em grandes desastres
Presidente: Dr. Arlen Bahia – Polícia Civil – MG
Moderadora: Profª. Cintia Alcântara de Carvalho – ABRAMEDE/SOMITI
14h30 – 14h50 – Transtorno do estresse pós-traumático – Drª. Sandra Carvalhais – Faculdade IPEMED
14h50 – 15h10 – Acolhimento a profissionais submetidos a estresse extremo – Cel. Cícero Nunes Moreira – PMMG
15h10 – 15h30 – Consequências jurídicas em desastres tecnológicos – Dr. Guilherme de Sá Meneghin – Ministério Público Estadual
15h30_15h50 – A perícia médica para avaliação do dano pessoal psicofísico pós-traumático – Prof. Élcio Nascentes Coelho – IML/PCMG
15h50_16h10 – O papel do médico legista – Prof. Leonardo Santos Bordoni – IML/PCMG
16h10_16h30 – Debate
16h30 – 17h00 – Encerramento