O estado registra 1,7 milhão de pessoas acima do peso. Em Belo Horizonte, menos de 56% da população pratica atividades físicas regularmente

Minas Gerais ocupa o segundo lugar no ranking de hipertensão no Brasil, com 27,7% dos casos, atrás apenas do Rio de Janeiro (28,1%). O número alarmante no estado mineiro chama atenção por estar ligado ao crescimento da obesidade e ao sedentarismo, fatores de risco evidentes para a doença. Segundo o Mapa da Obesidade, realizado pela Rede para Enfrentamento da Obesidade e Doenças Crônicas em Minas Gerais (Renob–MG), o número total de adultos que apresentam excesso de peso ou obesidade no estado é de 1.719.678 pessoas.

Atingindo cerca de 27,9% da população brasileira, a hipertensão arterial, ou pressão alta, tem maior prevalência entre as mulheres (29,3%) do que entre os homens (26,4%), de acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). A condição também tem uma correlação direta com a faixa etária e o nível de escolaridade, com incidência crescente conforme a idade e mais alta entre as pessoas com menor escolaridade.

O cardiologista da Hapvida, Eduardo Coelho de Souza, alerta que a pressão alta é uma doença silenciosa, ou seja, pode se desenvolver sem apresentar sintomas evidentes, especialmente em sua fase inicial. Isso torna a conscientização e a prevenção ainda mais importantes. “A hipertensão atinge os vasos sanguíneos e o sistema cardiovascular, afetando principalmente coração, cérebro e rins em sua fase mais agressiva”, explica o especialista.

Segundo um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Cardiologia, 28% dos brasileiros sofrem com hipertensão, o maior índice desde 2006. Os dados apresentam a necessidade de agir antes que a doença avance, com a adoção de hábitos saudáveis como dieta equilibrada, prática regular de atividades físicas e acompanhamento médico periódico.

Prevenção está na mudança de hábitos 

A alimentação saudável e a prática de atividade física são essenciais no controle da pressão arterial. No entanto, muitos ainda associam a nutrição exclusivamente ao emagrecimento, sem perceber a importância de uma dieta balanceada para a saúde cardiovascular. “Refeições ricas em nutrientes, com ênfase em frutas, verduras, legumes, peixes e grãos integrais, podem ser determinantes na prevenção da hipertensão”, comenta Eduardo.

Além disso, evitar o consumo excessivo de sal, de bebidas alcoólicas e do tabagismo são medidas cruciais. Segundo o cardiologista, esses são os vilões da saúde cardiovascular, pois prejudicam diretamente os vasos sanguíneos e aumentam o risco de complicações como infartos e AVCs (Acidente Vascular Cerebral).

O último inquérito Vigitel revelou que, das 34,8 milhões de pessoas que vivem nas capitais brasileiras, apenas 54% praticam atividades físicas regularmente. Belo Horizonte, com 55,4%, está entre as 15 capitais mais ativas do país. No entanto, a falta de exercício físico é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão.

Eduardo destaca que, além de auxiliar no controle do peso, a atividade física regular contribui para o fortalecimento do coração e dos vasos sanguíneos. Para quem está começando, ele recomenda exercícios leves, como caminhadas, que podem ser feitas de forma gradual. “Não é necessário treinar todos os dias, mas a prática regular é fundamental”, explica o cardiologista.

Embora a hipertensão possa afetar qualquer faixa etária, ela não é exclusividade de pessoas mais velhas. Mesmo quem se considera saudável deve estar atento a sinais como dor de cabeça constante, visão embaçada, cansaço excessivo e zumbido no ouvido. Caso algum desses sintomas surja, é fundamental procurar orientação médica.

O tratamento da hipertensão é possível e, muitas vezes, envolve mudanças simples no estilo de vida. “Manter uma dieta saudável, praticar atividades físicas regularmente, reduzir o estresse e evitar comportamentos de risco, como o consumo excessivo de álcool e tabaco, são atitudes que contribuem significativamente para a prevenção”, conclui Eduardo Coelho de Souza.