Médico fisiatra alerta sobre alta crescente do número de mortes causadas pela doença, 50.133 somente nos últimos oito meses, e dá dicas de bem-estar
No cenário das emergências médicas, poucas situações são tão críticas quanto um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Acidente Vascular Encefálico (AVE). Conhecido popularmente como derrame, o AVC pode ser devastador, causando danos ao cérebro em questão de minutos. Com o aumento dos casos no Brasil nos últimos anos, torna-se cada vez mais urgente conscientizar a população sobre os cuidados preventivos e a importância da reabilitação após o episódio.
Dessa forma, o Dia Mundial do AVC, celebrado em 29 de outubro, serve como reflexão sobre a prevenção à doença, uma das principais causas de morte e a principal causa de incapacitação no país e no mundo. Somente em 2024, até o mês de agosto, 50.133 brasileiros perderam a vida em função da doença, conforme Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC) do Brasil e atestados de óbitos.
Segundo o médico fisiatra e coordenador nacional de reabilitação e transição de cuidados da Versania Brasil, Ricardo Salvodelli, o aumento do número de mortes causadas pelo AVC, a cada ano, é um desafio para o sistema de saúde e para a sociedade como um todo.
“Isso reflete não apenas a prevalência dos fatores de risco, como hipertensão e diabetes, mas também a necessidade urgente de ações mais efetivas em prevenção, conscientização e tratamento”, afirma. Ele explica que, felizmente, grande parte dos fatores de risco para o AVC pode ser modificada com mudanças no estilo de vida e cuidados médicos adequados. Além disso, para quem já sofreu um AVC, o cuidado e a reabilitação são fundamentais para minimizar sequelas e prevenir novos eventos.
O AVC acontece quando o fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro é interrompido ou quando um vaso sanguíneo se rompe, resultando em um derrame cerebral. Existem dois tipos principais: o AVC isquêmico, causado por um bloqueio nas artérias cerebrais, e o AVC hemorrágico, que ocorre quando há um rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro. Ambos podem ter consequências graves, incluindo paralisia e dificuldades na fala, para andar, engolir e, em muitos casos, a perda de vida.
Savoldelli explica que o tempo é essencial quando se fala de AVC. “O reconhecimento precoce dos sintomas e o rápido atendimento médico podem significar a diferença entre a vida e a morte, ou entre uma recuperação total e uma vida marcada por sequelas”.
Entre os sintomas mais comuns do AVC estão: fraqueza ou dormência repentina em um lado do corpo, dificuldade para falar ou entender a fala, alteração repentina da visão em um ou ambos os olhos, falta de equilíbrio ou coordenação e dor de cabeça intensa e súbita. “Diante desses sinais, cada segundo conta. É imprescindível procurar atendimento médico imediato. O tratamento precoce é fundamental para evitar complicações”, alerta.
Prevenção
A prevenção é uma das “armas” contra o AVC. De acordo com Savoldelli, a adoção de hábitos saudáveis pode reduzir significativamente o risco de se ter a doença. “Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, além de controlar o peso, são fundamentais. A redução do consumo de sal e a interrupção do tabagismo também são medidas essenciais”.
O médico acrescenta que o controle de fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol alto são vitais para evitar que o AVC aconteça, principalmente em pessoas com histórico familiar ou com hábitos de vida menos saudáveis. “Cada vez mais, a prática de atividade física regular vem mostrando ser fundamental nessa prevenção, tanto que é o principal foco da campanha deste ano da Organização Mundial do AVC (WSO em inglês)”, destaca.
Linha de cuidados
Em resposta à realidade preocupante, a Versania Brasil, com sede no bairro Santa Lúcia em Belo Horizonte, em parceria com o Hospital Felício Rocho, referência em atendimento hospitalar, desenvolveu a primeira linha de cuidado integrada multioperadora de Belo Horizonte voltada para pacientes com Acidente Vascular Encefálico (AVE), também conhecido como Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou derrame.
A iniciativa envolve os pacientes nos níveis assistenciais de AVC, no ambiente intra-hospitalar, no Felício Rocho, e pós-agudo, na unidade de transição, na Versania. “A indicação dos pacientes se dá por meio de critérios de elegibilidade reconhecidos internacionalmente”, ressalta Savoldelli.
Dos 63 leitos disponíveis na Versania, 49 são destinados à reabilitação. A unidade possui amplas suítes, consultórios clínicos, espaços especializados, como sala e ambulatório de reabilitação. O atendimento aos pacientes é feito por uma equipe multidisciplinar composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e muito mais.