Imunizante protege contra os quatro sorotipos da doença. Médica infectologista responde a 5 principais dúvidas sobre a vacina.
O Brasil passa por um momento histórico na batalha contra a dengue. Começa a ser comercializada, no próximo sábado, em 1º de julho, a vacina Qdenga, produzida pela empresa japonesa Takeda Pharma Ltda. Essa conquista representa um avanço significativo na prevenção da doença que, nos primeiros cinco meses deste ano, causou 503 óbitos no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
A professora de medicina do UniBH e infectologista, Dra. Raquel Bandeira, responde às cinco principais dúvidas sobre a nova vacina:
- A vacina contra a dengue que foi autorizada no Brasil é segura? Existe algum perfil de risco que não deva ser vacinado?
Não podem vacinar: pessoas imunodeprimidas, com alergia grave (anafilaxia) a algum dos componentes da vacina, gestantes, mulheres amamentando e pessoas sem contato prévio com o vírus da dengue (soronegativos).
A vacina está licenciada para crianças a partir de 6 anos de idade, adolescentes e adultos até 45 anos e é recomendada para indivíduos previamente infectados por um dos vírus da dengue (soropositivos com ou sem história da doença).
- Essa vacina tem durabilidade ou deve haver reforço periódico do imunizante?
Três doses com intervalo de seis meses.
- Existe possibilidade de efeito colateral? Se sim, qual seria?
As reações adversas possíveis são:
– Em 10% dos vacinados: cefaleia, mialgia, dor no local da injeção, mal-estar, fraqueza e febre;
– Entre 1% e 10% dos vacinados: vermelhidão na pele, hematoma, inchaço e coceira no local da injeção;
– Em menos de 1% dos vacinados: surgimento de gânglios (linfoadenopatia), tontura, enxaqueca, náuseas, erupção cutânea, urticária, dor articular, endurecimento no local da injeção, sintomas gripais.
A febre foi menos frequente nos indivíduos com mais de 18 anos de idade. Hematoma e coceira no local da injeção foram menos frequentes indivíduos dos 9 aos 17 anos de idade.
- Essa vacina tem possibilidade de ser adotada no calendário vacinal do SUS?
Deveria. A dengue é super prevalente e acho que tem a possibilidade. Seria muito importante, principalmente para os pacientes que tendem a evoluir para a forma grave da doença, pois a vacina tem soro proteção de 90% para a forma hemorrágica.
- Qual a vantagem na nova vacina?
Esta vacina tem uma proteção boa contra os quatro tipos de dengue. Houve uma vacina anterior a esta, que protegia só contra alguns tipos e teve mais casos de dengue hemorrágica. A dengue hemorrágica acontece na segunda contaminação, as pessoas que nunca tiveram dengue se vacinaram e, as que foram picadas pelo mosquito, tiveram dengue hemorrágica, pois a vacina acabou funcionando com o uma soro conversão parcial, que é o mecanismo de infecção da dengue hemorrágica.
Agora, com esta vacina contendo os quatro sorotipos, com uma cobertura boa para a forma grave, é uma vacina mais segura. A vacina anterior a esta foi retirada de circulação, então, a da tecnologia japonesa é a única disponível.