De acordo com dados do Boletim Epidemiológico de 2022 divulgados pelo Ministério da Saúde, o número de mortes por dengue foi 4 vezes maior do que no ano passado. Período chuvoso pede mais atenção e cuidados para evitar a proliferação do mosquito causador da doença
A estação mais quente do ano também é a mais chuvosa. A combinação de calor e chuva são propícias à proliferação do mosquito transmissor da dengue: o Aedes Aegypti. O período pede maior atenção e cuidado para evitar acúmulo de água parada em locais ao ar livre e eliminar os focos de reprodução do inseto. O Aedes Aegypti também é responsável pela transmissão de outras doenças como a chickungunya, febre amarela e Zika.
A preocupação da sociedade médica é grande. Após dois anos de redução, o número de mortes pela dengue voltou a subir no Brasil: é o maior registrado nos últimos seis anos, segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Até o dia 10 de dezembro foram 980 mortes pela doença, 400% a mais do que em 2021, e mais de 1,4 milhão de casos foram registrados, alta de 172,4%.
Em Minas Gerais, a Secretaria do Estado de Saúde (SES) divulgou que também houve uma disparada de mortes e casos da doença. Até o dia 20 de dezembro, o estado registrou 90.713 casos prováveis (casos notificados exceto os descartados) de dengue. Desse total, 69.768 casos foram confirmados para a doença, uma alta de 340% em relação ao mesmo período de 2021. Foram 63 mortes confirmadas e 20 estão sob investigação até o momento.
É nessa época que o mosquito transmissor da doença encontra o clima e o ambiente ideais para se reproduzir. Ele precisa de água parada para que possa botar seus ovos. “O vírus da dengue é transmitido para humanos por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti infectado. Depois do período de incubação, esse vírus pode ser transmitido para outras pessoas que forem picadas pelo mesmo inseto. Por isso, é importante eliminar os criadouros do mosquito e, assim, evitar que ele se prolifere”, explica a infectologista da Fundação São Francisco Xavier, Andréa Maria de Assis Cabral.
O vírus não é transmissível de uma pessoa para outra, a não ser em casos de transmissão vertical, ou seja, de uma gestante para o seu bebê ou por transfusão sanguínea.
Sintomas
A infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave. “A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, variando desde casos assintomáticos a quadros graves, inclusive óbitos. Nos casos sintomáticos pode apresentar três fases clínicas: febril, crítica e de recuperação”, explica a infectologista.
Dentre os principais sintomas estão febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas avermelhadas pelo corpo.
O primeiro sintoma da dengue costuma ser a febre alta que dura entre 2 a 7 dias acompanhado de fraqueza e dores pelo corpo. Nessa fase febril é mais difícil diferenciar a doença de outras enfermidades, por isso a importância de procurar um atendimento médico em caso de suspeita.
Gravidade
A doença pode evoluir para formas mais graves. Entre os sinais de alarme estão dores abdominais intensas, vômitos persistentes, sangramento de mucosa, acúmulo de líquidos, aumento progressivo de glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue, tontura e queda de pressão em determinadas posições, perda de sensibilidade e movimentos ou irritabilidade.
Cabral alerta que os casos graves resultam em choque, que acontece quando um grande volume de plasma é perdido. “Os sinais são pulso rápido e fraco, diminuição da pressão, extremidades frias, pele pegajosa e agitação. Convulsões também podem se manifestar em alguns pacientes. O choque tem duração curta e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada”, ressalta.
Prevenção
A principal forma de prevenir a dengue e outras arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos) como a chikungunya, febre amarela e Zika é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Dessa forma é importante tomar cuidados com criadouros e eliminar água armazenada, como em pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, vasos de plantas e, até mesmo, recipientes pequenos. É importante também trocar a água dos animais de estimação.
“Uma forma de proteção às picadas do Aedes Aegypti é a utilização de roupas que reduzam a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos. Vale também utilizar repelentes, inseticidas e mosquiteiros como rotina diurna e noturna das famílias”, finaliza Andréa.