BirdBox promete democratizar e viabilizar a produção de provas audiovisuais imutáveis e não manipuláveis usando tecnologia blockchain
“Eu sou um caso desse. De abuso de autoridade. Uma vítima. Minha história. Minha dor. Quem já sofreu isso? Quem nunca sofreu isso? Pensem nisso!”. Assim começou o discurso de Richard Henrique Domingos, aluno de Direito da Faculdade Milton Campos, apresentando o app BirdBox no Global Legal Hackathon, etapa Brasil, a maior competição de Direito e Tecnologia do mundo. O acadêmico do 10º período da graduação faz parte da equipe BirdBox, responsável por criar um aplicativo de celular para produção de provas audiovisuais idôneas, por meio da tecnologia blockchain.
O intuito é democratizar e viabilizar a produção de provas para combater atos violentos de autoridades e outras formas de abuso como homofobia, assédio, racismo e xenofobia, por exemplo. A grande inspiração para este aplicativo foi o caso George Floyd, homem afro-americano asfixiado por um policial branco em 2020.
Quase a totalidade de brasileiros, cerca de 98,6%, têm o celular como principal ferramenta de acesso à internet, segundo dados do IBGE. Pensando nisso, para diminuir a possibilidade de supressão de provas – como ter o celular tomado e destruído pelo abusador -, o app Birdbox opera de forma discreta, em live, possuindo diversos gatilhos para ativação da gravação audiovisual (toque, voz, gestos), armazenando toda a prova produzida em uma blockchain. Ainda possui o recurso de disparar uma mensagem de SOS para pessoas pré-cadastradas indicadas pelo usuário, compartilhando sua última localização.
Um dos pilares deste projeto criado pelos estudantes é que o app garanta o direito de defesa da pessoa com o resgate desses dados na blockchain, mesmo em caso de falecimento ou alguma fatalidade. Também grande entusiasta por assuntos tecnológico, como afirma o estudante da Faculdade Milton Campos, essa foi a oportunidade perfeita para “para ajudar tantas pessoas em situações de emergência, impactar as relações interpessoais a nível mundial, com uma legal tech como o app BirdBox”, conta Richard.
A próxima fase na disputa do Global Legal Hackathon será realizada virtualmente com os primeiros colocados de cada cidade-sede do mundo. A etapa final ocorrerá em Londres e será disputada pelos melhores projetos selecionados na semifinal internacional.
O evento Global Legal Hackathon foi lançado no início de dezembro de 2017 e, em apenas dois meses e meio, chamou a atenção global com sedes em 40 cidades em 22 países. Mais de 70 organizações compostas por ordens de advogados, empresas de tecnologia e serviços jurídicos, escritórios de advocacia, organizações sem fins lucrativos e universidades se reuniram simultaneamente para receber e patrocinar milhares de participantes. A última edição do evento contou com a participação de mais de 20.000 participantes, atuando em 75 países diferentes.
Próximos passos da BirdBox
Além de estar participando da etapa internacional do Global Legal Hackathon, competindo com mais outras 30 startups inovadoras, a BirdBox foi convidada a ser incubada pela Associação dos Advogados de São Paulo. Atualmente, a equipe vem recebendo mentoria de profissionais de diversas áreas, lapidando todo o seu modelo de negócio e alavancando seu produto.
Em agosto próximo, os membros da BirdBox irão apresentar a ideia em um fórum internacional, sediado na cidade de Nova Iorque. O evento, The Youth Assembly, idealizado pela AFS, é uma plataforma que cultiva uma rede internacional de jovens líderes e agentes de mudança por meio de intercâmbio, educação, ação e impacto. Ele capacita a próxima geração com oportunidades para se conectar com colegas, pioneiros e influenciadores com ideias semelhantes; desenvolver competências globais e habilidades críticas; e transformar sua visão de um futuro melhor em ação.
Sobre a equipe
A Bird Box conta com quatro integrantes da área do Direito e um da área de Negócios. Sendo eles: Richard Henrique Domingos (Faculdade Milton Campos), Vitor Alves (USP), Maurício Pimenta (UFMG), Vitor Grossi (PUC-MG), e Otávio Gomes, sócio da Trilha Gestão Jurídica.
É interessante a inciativa mas eu acho que pra combater esses abusos é só com educação. Pode ter a tecnologia que for precisa de um passo anterior que é a educação o conhecimento que falta sobre a realidade dos outros.