· Prejuízo acumulado de R$ 14,2 bi e mais crescimento de paralisações e greves nos sistemas de transporte coletivo retratam o declínio contínuo desse serviço após 14 meses de pandemia
· Em Belo Horizonte o sistema de transporte coletivo apresenta prejuízo acumulado de cerca de R$ 500 milhões
O agravamento da situação de crise enfrentada pelos sistemas de transporte público por ônibus no Brasil, nos últimos 14 meses, resultou num prejuízo de R $14,24 bilhões ao setor até o momento, sem que tenha sido adotada qualquer ajuda emergencial do governo federal para o conjunto das empresas. O monitoramento, realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), traz dados sobre o impacto da pandemia no período de 16 março de 2020 a 30 de abril de 2021.
Destacam-se a interrupção da prestação dos serviços de 25 operadoras e 1 consórcio operacional e demissões de 76.757 trabalhadores. Observa-se também a insatisfação da população com a redução ou interrupção da oferta de transporte público.
“Esses dados confirmam o cenário de colapso que a NTU vem alertando há alguns meses ao poder público, em vão”, desabafa Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU. E reforça que esse contexto evidencia ainda mais a necessidade de ação imediata para que os serviços de transporte público por ônibus sejam preservados.
Em Belo Horizonte, como em todas as outras capitais, a situação só piora, o prejuízo acumulado já está na casa dos R$ 500 milhões e sem uma perspectiva de solução ou de ajuda mais incisiva do poder público.
“A situação é muito preocupante, o custo do sistema hoje está em cerca de R$ 80 milhões e estamos arrecadando R$ 50 milhões. A conta não fecha, estamos em nosso limite. As empresas não têm mais onde apertar para continuar ofertando o serviço”, alerta o presidente do SetraBH, Joel Paschoalin.
A suspensão das atividades e da prestação do serviço atingiu, no Brasil, 13 operadoras e 1 consórcio. Duas operadoras, 1 consórcio operacional e 1 sistema BRT (do Rio de Janeiro) sofreram intervenção na operação; cinco operadoras encerraram as atividades; e quatro tiveram seus contratos suspensos.
Para a NTU, esse cenário só tende a piorar, enquanto o Poder Público nas três esferas de governo – federal, estadual e municipal – não agir e entender as necessidades do sistema. Destaca que há uma necessidade emergencial, de ajuda financeira imediata e de longo prazo, e de reestruturação total da forma de contratação e operação dos serviços.
Essas mudanças são consenso entre todas as entidades do setor, especialistas e organizações da sociedade civil ligadas ao transporte público”, complementa o presidente da NTU. Ele enfatiza que, se nada for feito, o transporte público, em especial o ônibus coletivo urbano, não se sustentará por muito tempo e não sobreviverá após a pandemia, especialmente se for mantido o atual modelo de remuneração do serviço.
Estudo
O estudo detalhado com os impactos da pandemia no setor de transporte público destaca também que, nesses 14 meses, 88 sistemas de transporte público por ônibus em todo o país foram atingidos por 238 movimentos grevistas, protestos e/ou manifestações que ocasionaram a interrupção da oferta de serviços em várias cidades. Na maioria dos casos, os protestos foram motivados pela falta de caixa nas empresas para o pagamento de salários e benefícios para os colaboradores, devido ao desequilíbrio econômico-financeiro causado pela forte queda na demanda de passageiros.
Acesse o estudo na íntegra: