Silvana Monteiro
Um filme de muita ação policial, efeitos visuais e uma mensagem sobre o poder da mulher negra e a força da amizade. Este é “Power” (“Project Power”), uma das mais recentes produções originais da Netflix. O título está entre os mais vistos desde sua estreia, em 14 de agosto, e é centrado especialmente em três atores, dois neles negros – Jamie Foxx e Dominique Fishback.
Ela é Robin, uma adolescente pobre, ótima em criar letras de rap, que vive entre o dilema de estudar e encontrar uma forma de ganhar dinheiro para levar comida pra casa e comprar remédios para a mãe. Nessa busca pela sobrevivência, como acontece com muitos jovens de periferia, ela é “adotada” pelo tráfico e passa a vender pelas ruas de Nova Orleans uma pílula misteriosa – a Power.
Robin conta com o apoio do primo Newt, vivido pelo rapper Machine Gun Kelly. Mas o que a menina trafica não é uma droga qualquer. A pílula é capaz de dar superpoderes diferentes a cada pessoa durante 5 minutos. O usuário pode adquirir desde uma superforça a se transformar numa tocha humana, ficar invisível, congelante ou ter uma pele impenetrável por balas de revólver ou que muda como a de um camaleão. Mas esses poderes também podem ser fatais.
O ator branco que completa o trio principal é Joseph Gordon-Levitt (que também está em “7500“). Ele interpreta Frank, um policial amigo da menina que usa a Power para adquirir poderes que vão ajudá-lo na captura dos traficantes da droga e a reduzir a criminalidade e mortes na cidade provocadas por ela.
O roteiro de Mattson Tomlin (também responsável pela nova versão de Batman, com Robert Pattinson, prevista para estrear em 2021), deixa a desejar pela desconexão em pontos cruciais da história. A entrada de Art, vivido pelo ganhador do Oscar Jamie Foxx, minimiza um pouco essa lacuna. Ele é um ex-soldado que passou por experiências em laboratório e teve a filha Tracy, interpretada por Kyanna Simpson, sequestrada pela máfia do Project Power. Este é o mesmo grupo que o usou como cobaia em experimentos para criar supersoldados, assim como fizeram com o Capitão América (2011).
Art encontra em Robin uma forma de descobrir o paradeiro da filha e acabar com os responsáveis pelo projeto. Os pontos altos da produção são a conexão entre os dois, a descoberta do quartel do Project Power e a maravilhosa interpretação de Dominique Fishback. A jovem tem um desenvolvimento espetacular no filme e segura boa parte da trama, com representatividade forte do poder da mulher negra.
O ator brasileiro Rodrigo Santoro entrega um vilão caricato, mas convincente. Ele é Biggie, uma espécie de marqueteiro do Project Power, e protagoniza o grande embate da história contra os “não tão mocinhos” Foxx e Gordon-Levitt. É no encontro dos três que ocorre uma das grandes transformações provocadas pela pílula e onde a computação gráfica faz todo o trabalho.
Os efeitos especiais garantem a agilidade que o filme precisa para quebrar o clima criado pelos dramas do trio principal, que envolvem abandono, perdas e vícios. Mas pode frustrar o telespectador que espera a grandiosidade de uma superprodução, como as encontradas nas franquias da Marvel Studios e DC Comics. Descubra quais são os verdadeiros poderes revelados em “Power” e tire suas próprias conclusões. Mas o final deixa a entender que poderá haver uma continuação.
Ficha técnica:
Direção: Henry Joost e Ariel Schulman
Exibição: Netflix
Duração: 1h53
Classificação: 16 anos
Gêneros: Ficção / Policial / Suspense / Ação
País: EUA