Maristela Bretas

Julianne Moore foi a escolha certa para ser a protagonista de “Gloria Bell”, uma mulher que aos 50 anos se sente realizada, independente, de bem com a vida. A proposta do filme era reforçar esta imagem. Mas pouco depois do início já parte para o estilo “mulher solteira procura”, como se estivesse indo a caça de uma companhia, jogando charme para os homens nos bares de solteiros adultos, se envolvendo com alguns deles e até se deixando levar por aquele que é mais romântico. Passa a ser então uma mulher carente, solitária, que se sente dispensável até pelos filhos, interpretados por Caren Pistorius e Michael Cera.

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Graças a Julianne Moore, o filme não se transforma em mais uma produção que só quer mostrar que as mulheres de meia idade são carentes e precisam de um homem para se sustentar. A atriz é a força da personagem e entrega uma excelente interpretação, saltando de um perfil de mulher para outro e retornando mais forte ao final. E é na busca pela noite que ela conhece Arnold, papel muito bem interpretado por John Turturro. A dupla é a força do o filme – duas pessoas solitárias em busca de um “chinelinho confortável para descansar os pés”.

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Aos poucos, os personagens vão mostrando suas virtudes e fraquezas, dividindo momentos românticos, cômicos e dramáticos. Arnold é um homem também de meia idade e divorciado, mas controlado pela ex-mulher e filhas. O retrato da insegurança, do tipo “pouca conversa” que vê em Glória sua tábua de salvação para tentar ter uma vida independente e ser feliz com a mulher que ama.

Se para Gloria Bell, a vida já tem sentido e os problemas podem ser contornados, para Arnold a situação é totalmente diferente. Carente, submisso e cheio de mistérios, ele prefere as mentiras e segredos, que o público não terá dificuldade em descobrir já no início (só Gloria não percebe, ou não quer). Os momentos felizes e as decepções fazem com ela ganhe mais força pra seguir em frente.

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Além das atuações, destaque também para a excelente trilha sonora dos anos 70/80, com sucessos como “Love Is in The Air” (com John Paul Young) e “Gloria” (na voz de Laura Branigan). Uma pena que a ótima atuação fique um pouco prejudicada pelo final fraco e óbvio, de muita Glória e pouca surpresa.

Ficha técnica:
Direção: Sebastian Lelio
Produção: Fabula Productions / FilmNation Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h41
Gêneros: Romance / Comédia / Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)