Maristela Bretas
Simon Spier é um rapaz comum de 17 anos, querido pelos amigos, exemplo de filho mais velho, bom aluno e… gay. Mesmo assumindo para si próprio sua homossexualidade, o jovem ainda não sabe como contar sua opção aos amigos e à família, que veem nele um modelo heterossexual. A situação se agrava quando ele conhece pela internet outro jovem da mesma escola que também é gay mas prefere se manter no anonimato com medo da discriminação. Esta é a história de “Com Amor, Simon” (“Love, Simon”), que estreia nos cinemas nesta quinta-feira.
Com um elenco conhecido de jovens atores, o destaque fica para a ótima interpretação de Nick Robinson (“Tudo e Todas as Coisas” – 2017 e “A 5ª Onda” – 2016), que dá a sensibilidade e o tom certo para o jovem Simon. Também chama a atenção Katherine Langford (da série de TV “13 Reasons Why” – 2017) como Leah Burke, sua melhor amiga.
“Com Amor, Simon” apresenta um tema já abordado em outras produções que não ampliaram a discussão de forma a atingir a família, a escola e a comunidade em geral, especialmente de uma cidade do interior dos EUA arraigada a costumes e preconceitos. Um ponto que o diretor Greg Berlanti soube desenvolver bem o assunto, apresentando o que muda na vida de Simon a partir da revelação, como as pessoas se comportam ao tomarem conhecimento do fato e o que representa para o jovem ter que lidar com o medo de ser exposto para todos antes que esteja preparado para se assumir. A pressão por uma namorada, o pai sempre imaginando que ele esta “pegando” alguma colega de escola, os amigos que ele acredita que não desconfiam de sua opção sexual. E pior: estar apaixonado por Blue, um internauta da escola que ele precisa descobrir quem é.
A presença de Katherine Langford me fez pensar em vários momentos que “Com Amor, Simon” pudesse ter o desfecho de “13 Reasons Why”, já que o jovem, mesmo tendo assumido para si próprio, temia que seu segredo fosse revelado antes da hora. Mas à medida que a comédia romântica vai se desenrolando, ela indica que é possível tratar de um assunto sério como a homossexualidade juvenil de forma leve e esclarecedora.
Destaque para as atuações de Jennifer Garner e Josh Duhamel como os pais de Simon, que formam o modelo de casal perfeito e bons pais. Também a turma de amigos de Simon têm boa interpretação e não deixa que o roteiro caia numa discussão lenta, chata e preconceituosa, como alguns filmes do gênero, que se preocupam mais em mostrar as festinhas e o bullying dos alunos no High Scholl do que tentar quebrar padrões antiquados.
“Com Amor Simon” brilhou na abordagem e entrega uma ótima história, leve mas séria, que foi adaptada do livro “Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens”, da escritora Becky Albertalli. Um filme para pais e filhos. Um filme que deverá agradar jovens e famílias e talvez ajude muitos deles a se assumirem, sem culpa ou medo de ser feliz.
Ficha técnica:
Direção: Greg Berlanti
Produção: 20th Century Fox / Fox 2000 Pictures
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h49
Gêneros: Drama / Comédia / Romance
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)