Maristela Bretas
A Pixar volta a brilhar em mais uma de suas animações, talvez a melhor dos últimos tempos que o estúdio produziu. “Viva – A Vida é uma Festa” diverte, encanta, emociona e, como sempre, tem uma linda mensagem para toda a família. As crianças vão adorar o colorido e os personagens simpáticos e trapalhões, mas são os adultos que saem surpresos e chorando com uma história que faz sacudir emoções.
“Viva” é pura lembrança, uma animação com cara de casa de vó, com direito a família grande, barulhenta, todo mundo dando palpite na criação dos filhos dos outros. E tendo como pano de fundo um dos feriados mais importantes do México – “El Dia de los Muertos” (“O Dia dos Mortos”), que acontece também em 2 de novembro, como no Brasil. Só que a data lá tem um significado diferente, ela é de celebração àqueles que partiram para o Mundo dos Mortos – amigos, parentes e até mesmo figuras ilustres. Tudo com muita cor, música,
e dança.
Uma verdadeira festa, como cita o título brasileiro – único lugar que a Disney mudou o nome original, que é “Coco” – que não é explicado em momento algum na nossa versão dublada. Fica aqui, então, a explicação para quem não sabe: Coco é o apelido da bisavó do jovem Miguel e ela é a ligação do bisneto com todo o contexto da história. No Brasil, a “bisa” quase centenária recebeu o nome de Mamá Inês (????), ou seja, liga nada com coisa alguma e o expectador sai do cinema sem entender porque a mudança.
Mas voltando à história, o lencinho é essencial, não porque o filme seja triste. Ele provoca boas reações, sentimentos guardados na memória de brincadeiras da infância, saudade do colo da vó, o abraço apertado só pai ou da mãe sabem dar, histórias e experiências contadas pelos mais velhos mesmo quando já não têm mais a consciência do presente. “Viva” faz chorar com certeza, mas também é bem divertido, conta uma grande aventura familiar e deixa o coração da gente mais leve quando sai do cinema.
E estes sentimentos os diretores Lee Unkrich e Adrian Molina sabem provocar e demonstraram muito bem em sucessos como de “Toy Story 3”, “Monstros S.A.” e “Procurando Nemo”. Em “Vida”, duas gerações são unem todo o enredo – Miguel, um menino de 12 anos, que ama a família, especialmente Mamá Inês (Coco). Seu sonho é tocar como seu maior ídolo, o grande Ernesto de la Cruz (voz de Benjamin Bratt e dublagem nacional de Nando Pradho).
Mas sua família, principalmente a avó, guarda uma grande mágoa e a música é proibida em todos os sentidos na casa. Miguel, no entanto, não desiste e o encontro com Héctor (dublado por Gael Garcia Bernal e no Brasil por Leandro Luna) no Dia dos Mortos vai mudar sua vida. Héctor é um dos mais divertidos personagens da animação, sem falar no cão de Miguel e na versão “do outro mundo” da família dele. Personagens famosos da cultura mexicana também foram lembrados na animação, como a pintora Frida Kahlo.
Na versão original, a maioria da vozes foram emprestadas por atores mexicanos, mas a dublagem brasileira ficou ótima (como sempre) e é feita também nas músicas, com traduzidas por Mariana Elizabeth. Destaque para “Lembre de Mim” (“Remember Me”), cantada no filme em três situações, sendo a terceira a mais emocionante a terceira, com Miguel (voz original de Anthony Gonzalez e no Brasil do jovem Arthur Salerno) e a Mamá Inês (voz de Ana Ofelia Murguía e dublagem brasileira da atriz Maria do Carmo Soares).
A animação é linda e merece cada prêmio que ganhou até agora e as indicações para os próximos, ficando como a mais provável de levar o Oscar 2018 em sua categoria. Uma produção imperdível e emocionante. A classificação é livre, mas a idade ideal para as crianças curtirem e os pais ambém é acima de 5 anos.
Ficha técnica:
Direção: Lee Unkrich e Adrian Molina
Produção: Pixar Animation Studios
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 1h45
Gêneros: Animação / Família / Fantasia / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 5 (0 a 5)