Especialista alerta sobre os riscos do uso incorreto dos medicamentos para toda a sociedade

Com o tema “Procure recomendação de um profissional de saúde qualificado antes de tomar antibióticos”, será promovida, de 13 a 19/11, a Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos, pela Organização Mundial de Saúde. O objetivo é alertar a população e a comunidade médica sobre o uso incorreto do recurso, que pode acelerar o surgimento de resistência bacteriana aos medicamentos, uma das maiores ameaças à saúde global.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a resistência aos antibióticos está crescendo para níveis perigosamente elevados em todas as partes do mundo e ameaça a nossa capacidade de tratar doenças infecciosas comuns. As infecções que afetam as pessoas – incluindo pneumonia, tuberculose e gonorréia – e os animais estão se tornando mais difíceis, e às vezes impossíveis, de tratarem quando os antibióticos se tornam menos efetivos.

O infectologista da Unimed-BH, Adelino de Melo Freire Jr., alerta ainda para outros efeitos colaterais. “O uso dos antibióticos pode ter efeitos adversos como reações alérgicas e diarreia por Clostridium, outra doença cada vez mais comum. Além disso, o uso dos medicamentos eleva o risco de infecções por bactérias resistentes posteriormente. Em larga escala, isso acarreta consequências diretas e indiretas, como o risco de desenvolvimento da resistência aos antibióticos, o prolongamento da doença, o aumento da taxa de mortalidade, a permanência prolongada em internação e a ineficácia dos tratamentos preventivos”, explica.

Para a Organização Mundial de Saúde, a resistência aos antibióticos é uma crise global que não pode ser ignorada. Segundo a Anvisa, estima-se que, a cada ano, 700.000 pessoas morram em decorrência de cepas resistentes de bactérias causadoras de infeções comuns, HIV, tuberculose e malária. Somente de tuberculose multi-droga resistente e tuberculose extremamente resistente cerca de 200.000 pessoas morrem anualmente. Dados mundiais de consumo de antimicrobianos corroboram as preocupações em saúde pública. Entre 2000 e 2010, o consumo de antimicrobianos em 71 países aumentou 36%, sendo o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul os responsáveis por três quartos deste aumento. Em países que estão em fase mais avançada de implementação dos seus planos de controle, já é possível notar avanços após a implementação de iniciativas nacionais e intersetoriais de enfrentamento à resistência, como é o caso da Holanda, onde o consumo de antimicrobianos reduziu em 58,4% entre 2009 e 2015.

 

Orientações

De acordo com o infectologista da Unimed-BH, Adelino Melo Freire Jr., a conscientização da população é fundamental para minimizar os riscos deste cenário. “Todos podem ajudar a prevenir a resistência aos antibióticos, reduzindo o uso indiscriminado. A vacinação, por exemplo, é uma forma estratégica de reduzir o uso do medicamento ao investir na prevenção. Temos os recursos das vacinas pneumocócicas, que previnem as pneumonias, meningites e otites, por exemplo, além da vacina contra a gripe”. Outras orientações:

– procure sempre orientação médica em caso de problemas de saúde;

– só use antibióticos com prescrição médica e siga corretamente a indicação de duração e dosagem, mesmo que os sintomas tenham melhorado;

– Nunca reaproveite um antibiótico utilizado em outro tratamento, mesmo que os sintomas pareçam similares;

– Antibióticos não são a cura para qualquer problema, são medicamentos utilizados para eliminar as bactérias e tratar doenças provocadas por elas.

– A orientação médica assegura aos pacientes o melhor tratamento e reduz a ameaça de bactérias resistentes à sociedade.